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Tem gente que ainda insiste em dizer que no Brasil não tem racismo e que a ascensão social é apenas uma questão de esforço pessoal de cada um. Os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgados este mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a tese do individualismo está errada e que o racismo no Brasil é um problema histórico e estrutural que ainda impõe anomalias sociais.
O levantamento mostra que trabalhadores negros enfrentam mais dificuldades para encontrar um emprego na comparação com os brancos, mesmo quando possuem a mesma qualificação. Pretos e pardos são 63,7% dos brasileiros que se encontram desocupados e quando trabalham, recebem até 31% menos: a renda média domiciliar per capita dos pretos ou pardos foi de R$ 934 em 2018; a dos brancos, de R$ 1846.
Mais desempregados
A taxa de desemprego entre pretos e pardos também é superior àquela entre os brancos, em todos os níveis de instrução. Com nível superior, a taxa de desemprego entre brancos foi de 5,5% no ano passado, enquanto que entre pretos e pardos, o índice saltou para 7,1%. Para quem tem nível completo ou superior incompleto, os índices são, respectivamente, de 11,3% (brancos) e 15,4% (negros). (confira no quadro). E mesmo quando o brasileiro consegue ingressar no mercado de trabalho, a desigualdade persiste. Trabalhadores brancos ocupados têm rendimento por hora superior ao da população preta ou parda em todos os níveis de educação. Entre aqueles com ensino superior completo, por exemplo, os dados apontam que os brancos recebiam R$ 32,80, ou seja, 45% a mais que os pretos e pardos, que ganhavam R$ 22,70. Entre os 10% com maior renda domiciliar per capita, 70,6% eram brancos e somente 27,7% eram negros ou pardos.
“Os números comprovam que, apesar de toda mobilização dos movimentos sociais contra o racismo, o fator raça infelizmente, em pleno século XXI, é ainda preponderante no ingresso ao mercado de trabalho e nas oportunidades de ascensão social”, critica o diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.

O combate ao racismo e ao preconceito precisa ser um compromisso de todos. Vamos tornar a nossa categoria mais colorida e democrática, respeitando a todos e promovendo a diversidade. Entre no link http://portal.febraban.org.br/. É fácil e seguro e você contribui para a campanha contra a discriminação e o preconceito nos locais de trabalho.
O 3º Censo da Diversidade foi prorrogado até o próximo dia 29 de novembro para que todos os bancários e bancárias possam participar da campanha.
“Os números oficiais do IBGE mostram que o preconceito ainda é um obstáculo que a sociedade precisa superar e a nossa categoria tem a oportunidade, nesta campanha, de ser vanguarda na luta pela igualdade de oportunidades e pela valorização da diversidade”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Adriana Nalesso.

São Martinho, transformando vidas. Esse é o lema da instituição sem fins lucrativos, vinculada à Província Carmelitana de Santo Elias, criada em 1984 para promover e defender os direitos das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social na cidade do Rio de Janeiro. A entidade assiste por ano cerca de 2 mil crianças e jovens entre 6 e 24 anos de idade, a maioria em situação de rua ou residentes em comunidades carentes.
O Sindicato disponibilizará vários postos de arrecadação, a começar por sua própria sede, na Avenida Presidente Vargas, 502, 21º andar, no Centro. Sabonete, shampoo, condicionador, desodorante, creme dental, escova de dente, absorvente e prestobarba podem ser doados para a São Martinho.
Nas próximas edições, você vai conhecer a Casa de Apoio à Criança com Câncer São Vicente de Paula e o Lar Maria de Lurdes, que atende crianças, adolescentes e adultos com deficiência física e mental.
Participe da campanha Bancári@ Solidári@ e ajude a quem mais precisa.

O Sindicato convoca os bancários sindicalizados a participarem da assembleia do dia 28 de novembro, a partir das 18 horas, para debater e deliberar sobre a previsão orçamentária da entidade. O local da assembleia será no auditório dos bancários (Avenida Presidente Vargas, 502, 21º andar, Centro).

Em comemoração ao centenário da OIT, que completa seus 100 anos em novembro de 2019, aconteceu na noite desta quarta-feira (13) no IFCS, uma mesa redonda juntando pesquisadores da área do trabalho especializados na organização e um representante dos trabalhadores para contar suas experiências.

Com a mediação da professora Maria Cristina Rodrigues (ESS/UFF) e comentários da professora Elina Pessanha (AMORJ IFCS/UFRJ), a mesa teve a presença do Secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa.

O evento também contou com as exposições da professora Hildete Melo (Economia/PPGPS/UFF) sobre a OIT e as mulheres, a pós-doutoranda Márcia Barroso (PPGSA/UFRJ) sobre a OIT no Brasil e a professora Sayonara Grillo, sobre o futuro do trabalho.

As falas deram conta do inicio da OIT até o que se espera da organização para o futuro. Contendo todas as transformações e mudanças de representatividade que aconteceram durante a história, tivemos duas distintas perspectivas: a de estudiosos do tema e de pessoas que vivem a OIT no seu funcionamento. Tendo em vista a atuação atual da OIT,  Antonio Lisboa é taxativo “Os empregadores vem pra cima dos trabalhadores, os governos ficam refém dos empregadores. Mas nós não vamos construir a saída dentro de uma sala.”. Ele se refere a natureza tripartite da OIT que inclui governos, empregadores e trabalhadores. Enquanto os governos estão espalhados, os empregadores estão centralizados mundialmente em grandes corporações. Os trabalhadores por sua vez tem que dar conta de estar organizados e representados em vários lugares, em especial nos ambientes de trabalho para que possam atuar de forma contundente com a realidade que os desafios do novo mundo do trabalho impõe.

No que tange o trabalho das mulheres, segundo a professora Hildete Melo, a OIT tem uma dívida histórica e um desafio constante “Tudo que é relacionado ao poder, mesmo que no mundo do trabalho está na mão dos homens.”. Com isso, a OIT demorou quase 100 anos para fazer propostas para o trabalho doméstico, por exemplo, ocupação mundialmente dominada pelas mulheres. 

Na fala da pós-doutoranda Márcia Barroso, o foco foi a OIT no Brasil, que só em 1950 teve seu primeiro escritório no país. O foco da organização era trabalhar junto ao Ministério do trabalho e garantir a qualificação da mão-de-obra, um objetivo muito aquém do que se enxerga hoje na sua atuação. Em 1977 inaugura-se a sede própria em Brasília, o que fortalece a centralidade e independência em relação ao governo, atingindo sua real finalidade de ter a participação das três partes relevantes. Outro ponto importante foi a prova científica de que “Nos períodos democráticos o brasil teve um número maior de ratificações.”, isso é, as ratificações de resoluções da OIT tiveram uma queda significativa nos anos 70, quando houve um endurecimento do regime militar no Brasil. Essa é a confirmação do que parece óbvio, de que democracias ajudam a vida dos trabalhadores e quanto mais democrático um regime, mais se avança nas legislações que amparam os trabalhadores.

Quando se trata do futuro, a professora Sayonara Grillo aponta que a maior inovação da OIT é “A ideia de que o trabalho não é uma mercadoria.”. O pensamento na humanização dos processos de trabalho já era pensada, mas agora atingimos um nível nunca antes visto de globalização e com ela a uberização do trabalho e a implementação do trabalho não humano.

A criação de novos mecanismos como as “declarações” da OIT, são uma resposta a perda de legitimidade que aconteceu nos anos 90, na pós queda do muro de Berlim, onde outras entidades como a OMC (Organização Mundial do Comércio) passam a ditar também o que deve ser feito em relação ao trabalhador. Ao invés de trabalhar só com convenções e ratificações, a OIT passa a fazer estas declarações, como meio de reaver o protagonismo que uma organização com a presença de governos, empregadores e trabalhadores têm que ter.

Quinta, 14 Novembro 2019 15:32

Nossa Opinião: Xerifes digitais privados

As cinco marcas mais valiosas do mundo são plataformas do setor de tecnologia, diz a revista Forbes de 22 de maio deste ano: Apple (U$ 206 bilhões), Google (U$ 167,7 bilhões), Microsoft (U$ 123,5 bilhões), Amazon (U$ 97 bilhões) e o Facebook (U$ 88,9 bilhões).

Organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação no Brasil, o Intervozes elaborou, junto com outras entidades, um documento intitulado “Contribuições para uma regulação democrática das grandes plataformas que garantam a liberdade de expressão na internet”.

Nesse documento, a organização faz um alerta sobre as cinco grandes plataformas digitais: “intermediários no conteúdo on-line (…) se tornaram formas de regulação privada de espaços públicos que hoje são vitais para a deliberação democrática e o exercício dos direitos fundamentais. (…) vêm se tornando juízes ou polícias privadas sobre conteúdos de terceiros que podem circular na internet”. Ou seja, decidem o que pode ou o que não pode circular. São entes privados decidindo sobre o interesse público. São verdadeiros xerifes digitais privados.

Para assegurar o direito de todos à comunicação, o Intervozes defende que se elabore uma proposta de regulação democrática “adequada e inteligente, capaz de assegurar ambientes normativos adequados para proteger os direitos humanos das ações dos gigantes tecnológicos, respeitando os padrões internacionais de direitos humanos”.

Entre os vários pontos importantes do documento, com o qual o Instituto Telecom concorda, está o de “respeitar o direito do usuário de conhecer e definir quais de seus dados pessoais são coletados e armazenados, e como são utilizados no endereçamento de conteúdo, respeitando o princípio da autodeterminação informacional”.

Outro aspecto em destaque no documento é a necessidade de “haver um órgão regulador especializado que opere com garantias suficientes de independência, autonomia e imparcialidade e que tenha a capacidade de avaliar os direitos em jogo e oferecer as garantias necessárias ao usuário em relação às políticas e práticas de implementação dos termos de serviços das plataformas, e indicar a adequação das mesmas quando apropriado”.

Da mesma forma que lutamos contra a aprovação do PLC 79 – hoje Lei 13.879/19, que concentra nas mãos de Oi, Vivo e Claro a banda larga brasileira -, lutaremos por essa regulação democrática das grandes plataformas. Como nos lembra o escritor Tim Wu, “se não fizermos isso agora, garantindo nossa soberania nas escolhas que a era da informação nos permite usufruir, não poderemos botar a culpa dessa perda nos que estão livres para enriquecer tirando isso de nós, e de uma forma que a história já antecipou”.

Instituto Telecom, Terça-feira, 12 de novembro de 2019
OBS: O documento do Intervozes pode ser lido na íntegra no site https://intervozes.org.br/.

No mesmo dia em que os empregados da Caixa se mobilizavam em mais um Dia Nacional de Luta em defesa da Caixa, o banco estatal divulgou nesta terça-feira (12) o lucro líquido contábil de R$ 16,158 bilhões, nos primeiros nove meses de 2019. Os números representam um crescimento de 40,9% com relação ao mesmo período de 2018. Considerando-se o lucro, apenas, do 3º trimestre (de R$ 8,0 bilhões), o crescimento foi de 90,6% frente ao resultado do 2º trimestre.

Segundo o Banco, o lucro foi impactado principalmente pela evolução de 20,4% na margem financeira, a redução de 6,4% nas despesas de provisão para créditos liquidação duvidosa (PCLD) e pela estabilidade nas receitas de prestação de serviços. O retorno sobre o patrimônio líquido (rentabilidade) ficou em 14,2%, com queda de 5,0 p.p. em relação a setembro de 2018.

Mesmo com os ótimos resultados, a Caixa fechou 1.341 postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2018. Foram fechadas ainda cinco agências, 41 PA’s, 68 lotéricos e 463 Correspondentes Caixa Aqui. Por sua vez, o número de cliente cresceu em mais de 10 milhões, chegando a 101,8 milhões de clientes.

De acordo com Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executivo dos Empregados (CEE) da Caixa, os números só evidenciam a importância de atividades como as realizadas nesta terça-feira. “Nesses momentos, discutindo com a população a importância da Caixa para os brasileiros e para o desenvolvimento do país e com os empregados da Caixa, a importância da mobilização na luta da manutenção de seus direitos.”

A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 683,2 bilhões, com queda de 1,5% em doze meses, mas, permanecendo praticamente estável no trimestre. A Carteira Comercial Pessoa Física (PF) teve queda de 4,2% em doze meses, totalizando R$ 81,5 bilhões. A Carteira Comercial Pessoa Jurídica (PJ), apresentou queda maior (-29,7%), somando R$ 40,2 bilhões. O crédito imobiliário cresceu 3,6%, num total de R$ 456,3 bilhões, e a carteira de infraestrutura teve queda de 1,7%, totalizando R$ 81,7 bilhões. As variações na carteira estão de acordo à estratégia do banco de priorizar concessões nos segmentos ligados a microempresas e fomento ao crédito imobiliário.

A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,38%, com redução de 0,06 p.p. As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias permaneceram praticamente estável em relação a setembro de 2019, totalizando R$ 20,2 bilhões. Já as despesas de pessoal, considerando-se a PLR, apresentaram expansão de 4,6%, atingindo R$ 17,3 bilhões. Com isso a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 116,41%.

A Contraf-CUT participará de um encontro, nesta quarta-feira (13), das 9h às 17h30, para discutir as negociações coletivas dos trabalhadores das empresas estatais federais, ocorridas em 2019. A atividade acontecerá no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

Na pauta, serão discutidos a conjuntura das negociações; as negociações na visão das entidades sindicais; um balanço do conjunto das negociações e da atuação do Estado (Empresas, Governo Federal e Judiciário); e uma discussão sobre possíveis desdobramentos do encontro para o ano de 2020.

 

O Comando Nacional dos Bancários conseguiu suspender os efeitos da Medida Provisória 905/2019, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro até que seja concluída a negociação com a representação da categoria. A próxima reunião está confirmada para o dia 26 de novembro. O acordo foi firmado na quinta-feira, 14, no Rio, com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Os sindicatos e a Contraf-CUT repudiaram a decisão de 40 bancos que haviam anunciado a nova jornada de trabalho para os bancários, que passaria de 40 para 44 horas semanais, com o funcionamento das agências aos sábados, um antigo anseio dos banqueiros. Os bancários não aceitam também alterações que permitem mudanças na PLR sem a negociação das entidades sindicais e que desrespeitem os pisos salariais da categoria, definidos na Convenção Coletiva de Trabalho.  

“Já avisamos aos bancos que se a jornada for ampliada, com trabalho também aos sábados e houver prejuízos na PLR com mudanças unilaterais, nós vamos reativar uma forte campanha nacional e não descartamos uma paralisação nacional, caso a Fenaban desrespeite estes direitos, frutos de muita mobilização e greves. Esperamos que os banqueiros tenham a sensibilidade de preservar esta conquista histórica através de uma saída negociada”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Adriana Nalessa, que faz parte do Comando e esteve na reunião com os bancos, no Rio.

Governo dos banqueiros

A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira disse que a mudança na jornada e na PLR dos bancários foram itens incluídos na MP a pedido dos bancos.  

“Fomos negativamente surpreendidos pela publicação desta MP, que é, na verdade, uma continuidade da reforma trabalhista”, destaca.

 Os bancos cederam à pressão do comando e concordaram com a suspensão da aplicação da MP até nova negociação que ocorrerá dia 26.

A proposta do Comando é construir um aditivo à CCT, válido até dezembro de 2020, que garanta todos os direitos da categoria e neutralize a MP em todos os pontos que atingem os bancários.

A comissão de negociação dos bancos se compromete a defender perante o setor a assinatura deste aditivo. Dia 26, serão debatidos os detalhes do texto do aditivo à CCT.

O Comando decidiu também uma série de orientações aos sindicatos para organizar a categoria para que esteja mobilizada e atenta, caso haja novos ataques aos direitos.

Trabalhadores prejudicados

Além da não aplicação do aumento da jornada, o não trabalho aos finais de semana, o Comando defende ainda o compromisso de PLR só com negociação com os Sindicatos. A MP de Bolsonaro permite que os patrões paguem a PLR sem necessariamente o acordo assinado com a categoria.

A chamada MP que cria o programa “Emprego Verde Amarelo” com a alegação de “estimular o emprego”, é na verdade um pacote com várias armadilhas contra os direitos dos trabalhadores. Uma das mudanças desonera as empresas, extinguindo a multa de 10%. Mas quem vai pagar a conta é o trabalhador desempregado. O seguro-desemprego terá desconto do INSS, com alíquotas de 7,5% a 11%. O pacote extingue ainda o registro profissional para jornalistas e publicitários, um ataque aos profissionais da comunicação social.

“Não existe nenhuma relação entre gerar empregos e retirar direitos. O que o governo quer é privilegiar o empresariado às custas de mais sofrimento para os trabalhadores brasileiros. Repudiamos esta MP e não aceitamos a elevação da jornada dos bancários e prejuízos na PLR da categoria”, completa Adriana.

Em reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancárixs afirmou o repúdio à MP 905. E após os representantes das instituições financeiras informarem que 40 bancos já haviam manifestado que iriam cumprir, de imediato, a Medida, com jornada de 44 horas para todos, de segunda a sábado, o Comando comunicou que se eles aplicarem vão reabrir a Campanha Nacional.

Cobramos a não aplicação do aumento da jornada; o não trabalho aos finais de semana e o compromisso de PLR só com negociação com os sindicatos.

Os bancos pediram uma pausa e a negociação está suspensa aguardando resposta.

Fonte: Contraf-CUT

Obs; A reunião já reiniciou

Os associados da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) têm um importante compromisso de 18 a 28 de novembro: participar da consulta sobre a proposta de solução das dificuldades financeiras da entidade. Por decisão da maioria de sua direção, o Sindicato dos Bancários do Rio orienta o voto SIM à mudança estatutária e injeção de recursos do BB à Cassi.

Desde o início de julho a Cassi está sob regime de direção fiscal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esta situação se deve à crise financeira em que se encontra e que pode se agravar a partir de 2020. É que em dezembro de 2019 encerram-se as contribuições extraordinárias estabelecidas no Memorando de Entendimentos, em 2016, e que garantiu o pagamento de despesas da ordem de R$ 500 milhões por ano, durante esses três anos.  

Os representantes da ANS estabeleceram um prazo de 30 dias, prorrogáveis por até mais 30 dias, contando a partir de 23 de outubro, para que se encontrasse uma solução para o saneamento. Caso a Cassi não atenda à solicitação, a ANS pode fazer valer as prerrogativas previstas na resolução normativa 316, que rege a direção fiscal, e decretar a venda ou liquidação do plano de saúde. Caso a proposta não seja aprovada, a Cassi corre o risco de acabar, e os associados teriam garantido o valor de 4,5% do salário para buscar um plano de saúde no mercado.

Qualquer alteração do estatuto deve passar por consulta ao Corpo Social, com a necessidade de 2/3 de votos favoráveis para aprovação. Esse direito permanece inalterado. Assim, qualquer questão relacionada ao custeio e aos direitos previstos no estatuto estarão protegidos. 

R$ 1 bilhão

Para resolver a questão financeira, será estabelecida contribuição estatutária de 4,5% do patrocinador por associado e contribuição patronal de 3% por dependente dos funcionários da ativa, com teto de 9%. Também prevê uma taxa de administração paga pelo patrocinador até 2021, correspondendo a 10% da folha de funcionários da ativa. Outra medida será a antecipação das despesas do grupo de dependentes indiretos (GDI), a ser paga pelo patrocinador, no valor de R$ 450 milhões. Todas as novas contribuições serão retroativas a janeiro de 2019, somando R$ 1 bilhão em recursos patronais este ano.

Situação real e suas consequências

Relatório da diretora fiscal mostra que o Patrimônio Líquido da Cassi está negativo em R$ 137 milhões, a insuficiência na margem de solvência é de R$ 905 milhões e os ativos garantidores estão negativos em R$ 116 milhões. A soma desses números chega a R$ 1,2 bilhão. A proposta traz aumento no custeio de associados e patrocinador, reequilibrando as contas da entidade e evitando os cenários mais drásticos previstos pela resolução normativa que rege a direção fiscal.

Manutenção do modelo solidário                                                       

O custeio dos associados ficará em 4%, e será instituída cobrança por dependente na seguinte proporção: o associado da ativa pagará 1% no primeiro dependente; 0,5 % no segundo; e 0,25% a partir do terceiro dependente. Já o associado aposentado pagará 2% no primeiro dependente; 0,5% no segundo e 0,25% a partir do terceiro. O teto de contribuição de todos os associados será de 7,5%. 

Com isto fica mantido o modelo solidário de custeio baseado em valores percentuais de salário e não em valores fixos, como é praticado no mercado. Caso a proposta seja aprovada, não será aplicado o aumento da coparticipação, aprovado em julho de 2019. A direção da Cassi anunciou que, caso a proposta seja aprovada e as provisões restabelecidas, o valor da coparticipação atual será mantido e poderá, inclusive, ser reduzido.   

Cassi garantida para aposentados

Fica mantida a contribuição patronal pós-laboral para os atuais associados da ativa e aposentados. Com a aprovação, todos os associados atuais terão direito de preservá-la na aposentadoria. A proposta abre, ainda, a possibilidade dos funcionários novos entrarem no Plano de Associados oxigenando-o. Os bancários que entraram no último concurso, estão impedidos de se associar à Cassi. Recebem o reembolso de 4,5% do salário para complementar o custeio de um plano de mercado. Na aposentadoria os novos associados terão direito à assistência em regime de autopatrocínio.

Assegurada responsabilidade do BB com a Cassi

A aprovação dessa proposta assegura a continuidade da responsabilidade do BB com o plano, hoje resguardada pelo estatuto da Cassi, que será mantido. Caso não seja aprovada e a Cassi liquidada ou vendida, cessa a responsabilidade da empresa com o plano, tendo a obrigação de custear qualquer outro plano de saúde do mercado, repassando valor equivalente a 4,5% do salário do trabalhador. 

Gestão paritária e voto de qualidade

A governança da Cassi continuará paritária: metade dos diretores, conselheiros deliberativos e conselheiros fiscais eleita pelos associados. A outra metade será indicada pelo patrocinador. O Conselho Deliberativo continuará sendo presidido por um eleito. 

Na diretoria executiva a proposta prevê a instituição do voto de qualidade para o presidente, somente para os seguintes assuntos administrativos:

  • VI. Orientar e controlar a execução das atividades administrativas e baixar os atos necessários à organização e funcionamento da Cassi.
    • XI. Conceder auxílios e benefícios, na forma dos regulamentos, podendo delegar essa competência.
    • XV. Estimular a instalação, valorizar e apoiar os Conselhos de Usuários em suas atividades junto às dependências regionais.
    • XVI. Apreciar recursos dos associados, podendo delegar esta competência. 
    • XVIII. Decidir sobre locação de imóveis, na forma do Regimento Interno e do Manual de Alçadas, nos limites estabelecidos pelo Orçamento. 
    • XXII. Decidir sobre a suspensão de associados nas situações descritas no Art. 11 do Estatuto da Cassi e dos regulamentos. 
    • XXIII. Assegurar a utilização dos meios hábeis para recuperação de quantias devidas à Cassi.

Na proposta de 2018, havia o voto de minerva do banco no Conselho Deliberativo, instância superior à Diretoria Executiva, com maior alçada de poder.