Segunda, 18 Novembro 2019 18:54

Negros ganham 31% menos que brancos e demoram mais a arrumar emprego

Segundo números do IBGE, pretos e pardos são 63,7% dos brasileiros que se encontram desocupados

Tem gente que ainda insiste em dizer que no Brasil não tem racismo e que a ascensão social é apenas uma questão de esforço pessoal de cada um. Os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgados este mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a tese do individualismo está errada e que o racismo no Brasil é um problema histórico e estrutural que ainda impõe anomalias sociais.
O levantamento mostra que trabalhadores negros enfrentam mais dificuldades para encontrar um emprego na comparação com os brancos, mesmo quando possuem a mesma qualificação. Pretos e pardos são 63,7% dos brasileiros que se encontram desocupados e quando trabalham, recebem até 31% menos: a renda média domiciliar per capita dos pretos ou pardos foi de R$ 934 em 2018; a dos brancos, de R$ 1846.
Mais desempregados
A taxa de desemprego entre pretos e pardos também é superior àquela entre os brancos, em todos os níveis de instrução. Com nível superior, a taxa de desemprego entre brancos foi de 5,5% no ano passado, enquanto que entre pretos e pardos, o índice saltou para 7,1%. Para quem tem nível completo ou superior incompleto, os índices são, respectivamente, de 11,3% (brancos) e 15,4% (negros). (confira no quadro). E mesmo quando o brasileiro consegue ingressar no mercado de trabalho, a desigualdade persiste. Trabalhadores brancos ocupados têm rendimento por hora superior ao da população preta ou parda em todos os níveis de educação. Entre aqueles com ensino superior completo, por exemplo, os dados apontam que os brancos recebiam R$ 32,80, ou seja, 45% a mais que os pretos e pardos, que ganhavam R$ 22,70. Entre os 10% com maior renda domiciliar per capita, 70,6% eram brancos e somente 27,7% eram negros ou pardos.
“Os números comprovam que, apesar de toda mobilização dos movimentos sociais contra o racismo, o fator raça infelizmente, em pleno século XXI, é ainda preponderante no ingresso ao mercado de trabalho e nas oportunidades de ascensão social”, critica o diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.

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