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Após a morte do bancário Paulo Lancelotte, 54 anos, na última sexta-feira, 10 de abril, com sintomas de coronavírus, a presidente do Sindicato Adriana Nalesso entrou em contato com o Bradesco solicitando imediatamente o fechamento da agência Largo da Penha onde Paulo trabalhava para proteger a saúde e a vida dos demais funcionários, clientes e usuários. Foi pedido também o fechamento da unidade do Shopping Millenium na Barra da Tijuca onde trabalha uma filha de Lancellote. O banco atendeu a reivindicação do Sindicato. Não é de hoje que o movimento sindical vem cobrando da Fenaban o fechamento das unidades bancárias.
“A decisão do banco não poderia ser outra que não fosse o fechamento das agências. É necessário avaliar a saúde de todos os demais funcionários das duas unidades e dar toda a assistência. É inaceitável que a categoria continue perdendo vidas por causa da insistência da Fenaban em continuar mantendo as agências abertas. É preciso proteger as vidas em primeiro lugar”, disse Adriana Nalesso.
O Sindicato defende o atendimento apenas em casos de extrema necessidade e mesmo assim com agendamento para evitar aglomerações, fechando todas as demais agências.

Mais uma vítima

Paulo Lancellote era gerente do Bradesco da agência Penha, na região da Leopoldina do Rio de Janeiro. Ele fazia parte do grupo de risco, pois era diabético e havia voltado de férias no dia 1º de abril. Como não estava se sentindo bem teria entrado em contato com o programa Viva Bem do banco relatando sintomas do Covid-19 e teria sido orientado para fazer os exames a fim de obter o afastamento e receber acompanhamento médico. Mas a violência do vírus não deu tempo sequer para a conclusão dos exames. Paulo foi levado ao hospital às pressas na manhã da última sexta-feira, 10, pois o seu estado de saúde havia piorado e acabou não resistindo. É mais uma vida ceifada na categoria por conta da pior pandemia na história da humanidade.
O banco nega a informação de que o bancário tenha entrado em contato com o programa Viva Bem antes de sua morte.

Agências Tijuca e Abolição

Em função da suspeita de funcionários com coronavírus, mais duas agências do Bradesco foram fechadas a pedido do Sindicato, como medida preventiva para que sejam feitas ações sanitárias necessárias nas unidades Abolição e Tijuca, na Região Norte da cidade.
“É lamentável que a Fenaban não atenda as nossas reivindicações de fazer atendimento somente através de agendamentos para evitar aglomerações e perigos para os funcionários e para a população colocando em risco todo mundo e trazendo muita aflição para os bancários”, disse a diretora do Sindicato Nanci Furtado.

Cerca de 33,7 milhões de pessoas receberam, a primeira parcela do auxílio emergencial de R$ 600 anunciado pelo governo para trabalhadores informais. A ajuda foi aprovada pelo Congresso Nacional que havia rejeitado a proposta inicial do governo Bolsonaro, que era de R$200 mensais.
Os primeiros a receber foram aqueles que estão no Cadastro Único do governo federal, mas não recebem Bolsa Família, e que têm conta no Banco do Brasil ou poupança na Caixa Econômica Federal.
O benefício será creditado na conta poupança de 2.150.497 clientes da Caixa e na conta de 436.078 clientes do Banco do Brasil. O total disponibilizado foi de cerca de R$ 1,5 bilhão.
O auxílio emergencial será pago para trabalhadores informais, desempregados, contribuintes individuais do INSS e MEIs.
O vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio Paulo Matileti destacou a importância da Caixa enquanto banco público e que os empregados precisam ser valorizados pelo trabalho que estão realizando.
“Nos momentos que o povo mais necessita de amparo, são os bancos públicos que realizam o papel de executar os programas sociais e proteger a população mais vulnerável dos impactos da crise do coronavirus. Do setor privado, especialmente no sistema financeiro, não se pode esperar nada, a não ser a especulação e a acumulação de riqueza para uns poucos. Neste período crucial de enfrentamento da pandemia fica ainda mais evidente o papel social do Estado e das instituições públicas e o valor que os empregados da Caixa têm para o país”, disse Matileti.
O sindicalista lembra ainda que esta não é primeira vez que os bancários da Caixa desempenham uma missão valorosa em benefício dos trabalhadores e da nação brasileira.
“Na implantação do programa Bolsa Família, muitos empregados realizaram um trabalho nos rincões deste país para cadastrar os beneficiários, gente que vivia na miséria absoluta. Este programa criado por Lula foi muito criticado por setores reacionários da sociedade, mas graças a este cadastramento feito para o recebimento do benefício social, milhões de pessoas estão podendo receber o auxílio emergencial”, completa o sindicalista.

Promoção por mérito será paga em Abril

A Caixa Econômica Federal vai pagar em abril a promoção por mérito ano-base 2019. Os critérios foram definidos pela Comissão Paritária da Promoção por Mérito, composta por representantes dos empregados e da direção da empresa.
“Esta é mais uma importante conquista das lutas da categoria e do movimento sindical e vem num momento importante para os empregados”, destaca Paulo Matileti.
O modelo aprovado prevê pontuação máxima de 70 pontos. Recebe o delta quem atingiu 40 pontos. Os critérios objetivos foram distribuídos da seguinte forma: 20 pela conclusão dos três cursos previstos no Conquiste da unidade, 5 pontos para o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) realizado (não pode estar vencido) e outros 15 pontos para a frequência medida pelo Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon).

 

247 - O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, publicou novo decreto nesta segunda-feira (13) prorrogando as medidas de quarentena de combate ao novo coronavírus até o dia 30 de abril.

Ficam mantidas a suspensão da realização de eventos e de qualquer atividade com a presença de público; atividades coletivas de cinema, teatro e afins; visitação às unidades prisionais, inclusive aquelas de natureza íntima.

As aulas presenciais, sem prejuízo da manutenção do calendário recomendado pelo Ministério da Educação, também foram mantidas suspensas nas unidades da rede pública e privada de ensino, inclusive nas unidades de ensino superior.

 Transporte

A circulação do transporte intermunicipal e interestadual de passageiros com origem nos seguintes Estados: São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Distrito Federal e demais estados em que a circulação do vírus for confirmada ou situação de emergência decretada, também continuam suspensas.

O funcionamento de bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres, está limitado o atendimento ao público a 30% (trinta por cento) da sua capacidade de lotação, com a normalidade de entrega e retirada de alimentos no próprio estabelecimento.

 

 , por Eric Nepomuceno

 

Há cinco anos, em 2015, o 13 de abril também foi uma segunda-feira. E naquela segunda-feira Eduardo Galeano, o irmão mais velho que a vida me deu, cometeu a suprema e imprudente indelicadeza de, veterano e eterno viajante, partir na sua única viagem sem volta.

Naquele dia recordei versos tremendos de T.S.Elliot, dizendo que abril é o mais cruel dos meses.

Versos que nunca mais saíram da minha alma: “as árvores mortas já não te dão abrigo/ e o canto dos grilos já não consola”.

E naquele dia funesto lembrei que em abril do ano anterior outro amigo de décadas, Gabriel García Márquez, havia cometido a mesma indelicadeza, abrindo uma gruta na minha alma e despejando um temporal na minha memória. 

Aliás, quem me apresentou a ele foi Eduardo.

Também disse, naquele 13 de abril de cinco anos atrás, que tinham sido 42 anos de intensa fraternidade, e que Eduardo abriu para mim as portas de um mundo que era meu e ao qual eu pertencia sem saber.

E que nada me consolava naquele abril, nem nos que viriam.

Agora que lembro disso tudo que escrevi há cinco anos, percebo que eu estava preparado para receber a notícia da sua partida sem retorno.

Sabia do avanço do câncer que levou meu irmão, tinha medo de que nosso encontro de fevereiro, dois meses antes, fosse o que foi: o último.

O que eu não sabia é que estava preparado para a notícia da partida, mas não para o que viria depois.

Perdi a conta do número de vezes em que me flagrei, durante meses e meses e meses, diante de alguma coisa estranha ou preocupante ou graciosa ou bela, ligando para ele. E levava infinitos segundos até me dar conta de que já não, que nunca mais.

São tantas, mas tantas as coisas que lembro dele, tantas passagens da minha e da nossa vida, que às vezes pensar na sorte que a vida me deu consola a dor dessa ausência. E outras vezes, muitas, essa constatação não faz mais do que aumentar a dor.

Volta e meia me pergunto o que ele diria disso tudo que aconteceu e acontece desde que partiu. Às vezes, me vem dos ares uma resposta. Outras, não, e o que sobra é um rombo de dúvidas na minha alma.

Nós nos conhecemos lá pelo final de abril de 1973, na Buenos Aires onde eu, aos meus 24 anos, tinha me instalado com Martha para sair do sufoco tenebroso daquele Brasil encoberto pela ditadura. 

No terceiro ou quatro encontro ele me adotou como irmão mais novo. E assim foi até o fim.

Nesta segunda-feira 13 de abril de 2020 sou coberto, encharcado, por marés de lembranças desse irmão que a vida me deu.

E, de novo, me pergunto: o que diria ele disso tudo que acontece mundo afora, Nossa América adentro? Que diria ele do que o Brasil, país que conhecia e amava e onde tinha amigos, está vivendo?

Prefiro me deixar levar pela maré da memória. 

Tudo que vivi e vivemos ficou parado no tempo. Tudo é parte do melhor da minha memória.

Eduardo gostava demais de um verso definitivo escrito por Fernando Brant para uma tremenda canção de Milton Nascimento: “descobri que minha vida é/ o que a memória guarda”.

E essa minha memória devo merecer, principalmente em abril, o mais cruel dos meses.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pode conseguir votar esta semana a Medida Provisória (MP) nº 905, do Programa Verde e Amarelo do governo de Jair Bolsonaro, que flexibiliza todos os contratos de trabalho. A votação da MP, que é na verdade uma ampla e terrível reforma Trabalhista, foi pautada para sessão on line desta segunda-feira (13).

A insistência em votar a medida em plena pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que já matou mais de 116 mil pessoas no mundo, sendo mais de 1.240 no Brasil, e em condições adversas como a que o país vive, revela como é difícil para nossa elite assimilar as lições desta crise de saúde pública que afeta fortemente o mundo todo, diz o secretário de Assuntos Juridicos da CUT, Valeir Ertle.

De acordo com ele, as teses defendidas pelos ultraliberais os impedem de enxergar a relevância do Estado e de suas políticas públicas universais para assegura o acesso de toda a população a serviços e direitos. ”Esta cegueira situacional não esconde, entretanto, os compromissos políticos de partidos e parlamentares com uma classe patronal sem qualquer compromisso social”, afirma o dirigente.

A aprovação desta MP em votação on line nesta semana é uma insanidade. Não há qualquer urgência em aprovar esta carteira verde e amarela. A prioridade deve estar em ajustar as medidas emergenciais de forma a assegurar condições para a sobrevivência das empresas, dos empregos, dos salários e, principalmente, da vida de nossa gente, que se vê diante de imensas incertezas quanto à vida.
- Valeir Ertle

Para o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT, o que o Brasil precisa neste momento não é de mais uma carteira verde e amarela com salários e direitos rebaixados, mas de políticas públicas que garantam a vida. “Vivos e comprometidos com a reconstrução teremos condições de negociar e definir conjuntamente a legislação mais adequada para assegurar a retomada do desenvolvimento com inclusão social, trabalho e oportunidade para todos e todas, durante e após a pandemia”.

O dirigente afirma que é claro que a CUT está de acordo com o incentivo a contratação e a geração de oportunidades de trabalho para jovens de 18 a 29 anos, mas isso desde que tenham os direitos garantidos. O que não é o caso da MP, que concede uma série de benefícios para os patrões em troca de vagas com salário de, no máximo, um salário mínimo e meio (R$ 1.497,00) e menos direitos, como por exemplo, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Além disso, diz Valeir, há amplo consenso de que a paralisação econômica mundial já está gerando milhões de desempregados em todo o mundo, não apenas de jovens, mas de todas as idades. E, como a pandemia mata principalmente idosos, “o bom senso indica que a melhor decisão agora é enfrentar a pandemia, investir na construção de relações democráticas, que gerem confiança e esperança, para que tenhamos melhores condições para enfrentar a paralisia econômica e o desemprego,  gerando desenvolvimento econômico e social e oportunidades de trabalho e renda para todas as idades”.

“Não faremos isso com um Estado destruído, com uma sociedade fragmentada, com uma democracia fragilizada e, principalmente, sem saber qual será o perfil da população em idade economicamente ativa após a pandemia”, pontua Valeir.

Segundo ele, a votação da MP 905 neste momento de emergência sanitária incentiva a substituição do isolamento por uma fragmentação e social dominada por conflitos intensos, o que tornará ainda mais difícil o enfrentamento da dramática situação que nos espera.

“Que empresa terá, durante ou ao final da pandemia, empregado acima da média de trabalhadores registrados na folha de pagamentos entre 1º de janeiro e 31 de outubro de 2019?”, questiona o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT, lembrando que esta é a condição básica estabelecida na MP para contratar pela carteira verde e amarela.

Outros questionamentos feitos pelo dirigente são: quais empresas com até 10 trabalhadores contratarão dois pelo contrato verde e amarelo e o problema hoje é assegurar a sobrevivência destas empresas e dos empregos e salários dos seus trabalhadores? Qual será a relação entre número de mortos e trabalhadores acima de 30 anos empregados e desempregados? Qual empresa superará as condições acima relatadas e assegurará o pagamento dos salários dos empregados e ainda pagará mensalmente, de forma fragmentada o 13º e as férias proporcionais se grande parte das empresas já anteciparam as férias de seus trabalhadores?.

O problema hoje e amanhã é garantir que as empresas paguem seus empregados e consigam retomar as atividades para poder pagar os salários e o décimo terceiro no final do ano, diz.

“A insanidade é tamanha que a Câmara dos Deputados vai votar uma MP que reduz o FGTS de 8 para 2%, quando o anúncio mais consensual da atualidade é que teremos milhões de desempregados após o fim da pandemia”, afirma Valeir, que alerta ainda para o fato do governo Bolsonaro, ao invés de usar recursos do Estado para ajudar as empresas a viabilizar o pagamento dos salários, está liberando recursos do seguro- desemprego e do FGTS para que os trabalhadores possam sobreviver durante a pandemia.

Outra insanidade na opinião do dirigente é o item da MP que isenta as empresas que optarem pelo contrato verde e amarelo do desconto para a previdência social. ‘Uma proposição insana que põe em risco a sobrevivência de todo o sistema de seguridade social, inclusive o pagamento da aposentadoria daqueles que já deram sua contribuição e vivem hoje do benefício previdenciário’.

A MP, prossegue Valeir, reduz ainda o adicional de periculosidade para 5%, que passa a ser devido apenas quando o trabalhador ficar exposto à periculosidade por, no mínimo, 50% de sua jornada normal de trabalho. E mais, pela MP não só as negociações não prevalecem sobre o legislado como até Portarias vão prevalecerão sobre o negociado, pois o governo ficará autorizado a fazer novos ajustes à Carteira Verde e Amarela.

Além de isentar as empresas de contribuírem para a previdência social libera os bancos do depósito compulsório, fazendo mais um favor aos banqueiros sem contrapartida no investimento produtivo gerador de emprego e oportunidades de trabalho, segue o dirigente listando os malefícios da MP 905, entre eles, a liberação do trabalho aos domingos, assegurando o descanso no comércio de apenas um domingo por mês e na indústria de um domingo a cada mês e meio.

“É evidente que, ao invés de pagar em dobro, as empresas vão usar a compensação em dia de semana, que equivale para este efeito ao descanso semanal remunerado”, diz o secretário que segue listando as barbaridades da MP 905, como:

. A MP acaba com a natureza salarial dos auxílios alimentação. A gorjeta certamente passará a contar na remuneração do empregado. A empresa pagará o piso e ao empregado caberá conquistar a complementação via gorjetas. Quem viver verá. Tanto é que o § 5º estabelece que, "desde que cobrada por mais de doze meses, esta (a gorjeta) se incorporará ao salário do empregado, tendo como base a média dos últimos doze meses, exceto se estabelecido de forma diversa em convenção ou acordo coletivo de trabalho. Ou seja, está aí a dica.

. A MP exclui os sindicatos da negociação do PLR, estipula a incidência do desconto previdenciário isentando os patrões, mas descontando do valor do seguro-desemprego.

. Reduz o auxílio acidente para 50% do benefício da aposentadoria por invalidez;

. Revoga uma imensa lista de artigos e parágrafos da CLT;

. Exclui da lei o descanso semanal preferencialmente aos domingos;

. Alivia as multas aos empregadores que não cumprirem decisão judicial de reintegração do empregado;

. Assegura ampla defesa e direito ao contraditório aos empresários, dentre tantas outras barbaridades.

Enfim, diz Valeir, a MP 905 pode ser resumida como “mais um vírus para atormentar a vida daqueles que vivem de seu próprio trabalho. Como se não bastasse o sofrimento humano imenso derivado do coronavirus, os trabalhadores ainda têm que enfrentar este vírus verde e amarelo, criado por MP e votado em momento inoportuno no Congresso Nacional”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) presta solidariedade aos familiares dos bancários vítimas da pandemia coronavírus (Covid-19).

Claudiniei Pereira da Silva trabalhava no Itaú há 36 anos e faleceu nesta quarta-feira (8). Atualmente estava locado na agência de Assis, no interior de São Paulo.

Elisamar Paula trabalhava no Vila Santander Paulista, nome do call center do banco, e se enquadrava no grupo de risco por ter diabetes, hipertensão e asma. Ela faleceu na quinta-feira passada (2).

Marcos Antônio Viera dos Santos, de 35 anos, era gerente da agência da Caixa Econômica Federal de São Mateus (ES). Ele faleceu na última sexta-feira (3).

Já Luiz Batista Felipe Filho, morreu aos 55 anos, no último sábado (4), na Bahia. Ele também era gerente da Caixa.

No dia 28 de março, o bancário Edgard dos Santos Pereira, de 66 anos, que trabalhava no Banco do Brasil no bairro do Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, faleceu após contrair o vírus.

Os Estados Unidos se tornaram o novo centro da epidemia do novo coronavírus no mundo. Com cerca de 400 mil casos, o país conta com 12.912 mortes. No mundo, a doença afetou 1.450.343 pessoas e matou 83.568, segundo a Johns Hopkins University, que faz o levantamento em tempo real dos números da pandemia.

Segundo levantamento feito pelo jornal americano The New York Times, realizado com base em dados divulgados pelos estados, as taxas de contaminações e morte pela Covid-19 são muito maiores na população negra dos Estados Unidos. As diferenças de incidência são desproporcionalmente maiores do que em brancos.

De acordo com a pesquisa, os números de afrodescendentes infectados e mortos podem ser ainda maiores, pois as estatísticas são preliminares porque várias cidades e estados não reportam a etnia dos novos casos e mortes de Covid-19. Mas, onde é feita esta distinção racial, a disparidade entre negros e brancos é alarmante.

No estado de Illinois, 43% das pessoas que morreram pela doença e 28% das que testaram positivos eram afro-americanas, um grupo que compõe apenas 15% da população estadual. No Michigan, um terço dos pacientes é negro e 40% das mortes são dessa população, que representa 15% dos habitantes  do estado. Em Lousiana, onde os afro-descendentes também representam um terço da população, 70% dos mortos pela Covid-19 eram negros e negras.

A Carolina do Norte e a Carolina do Sul divulgaram que a taxa de infecção na população negra excede a taxa da população em geral. Para especialistas consultados pelo Times, a disparidade entre os números é causada pela desigualdade social e racial de longa data no país.

Situação no Brasil

Em seu artigo “Negros e negras podem ser as maiores vítimas da pandemia no Brasil”, escrito em março deste ano, o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT e diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, Almir Aguiar, já alertava para os riscos da população afrodescendente se tornar a maior vítima do Covid-19 no Brasil.

“A desigualdade no país é mais um agravante na luta contra esta catástrofe pandêmica. Milhões de pessoas vivem em palafitas e favelas, muitas vezes com famílias grandes em pequenos cômodos, vivendo sem tratamento de esgoto, água potável de qualidade, com crianças brincando no meio de lixões. E, como comprovam os números oficiais, a desigualdade no Brasil tem cor. Em meio a esta massa de gente sem condições mínimas de saúde, sanitárias e de vida, estão, em sua grande maioria, negros e negras”, argumenta o sindicalista em seu artigo.

Almir lembrou ainda que a atual política econômica do ministro da Economia Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro de corte em investimentos sociais e dilapidação do estado agravam ainda mais o drama da pandemia no Brasil.

‘Está em jogo a proteção de milhões de vidas e são necessárias ações urgentes, principalmente nas favelas, periferias e nos grotões de miséria do Brasil. Isto inclui medidas para resguardar a economia, mas com justiça social através do resgate do estado de bem-estar social e dos investimentos públicos, e todo o extremo oposto ao que tem feito o governo Bolsonaro”, critica.

“Como nos EUA, em nosso país os negros e as negras serão os mais atingidos porque estão na base da pirâmide social, inteiramente excluídos. Esta pandemia expõe ainda mais a desigualdade secular em nossa sociedade e que se aprofunda ainda mais com a atual política econômica ultraliberal do ministro banqueiro Paulo Guedes”, completa Almir.

O Banco do Brasil anunciou na terça-feira (7) que “conforme previsto no Art. 6º da MP 927”, “está autorizado a comunicar ao funcionário o acionamento de férias, com antecedência de” apenas “quarenta e oito horas”. Informou ainda “que poderá incluir o saldo atual de férias e a quantidade de dias que será adquirida referente ao período aquisitivo em curso”. Tais medidas foram autorizadas pelas MP 927/2020, editada pelo governo federal. Mas, o banco as férias serão pagas sem os descontos e a prorrogação, também previstos na medida. O movimento também conseguiu manter o que está previsto CCT da categoria sobre a definição de abono, licença prêmio e banco de horas.

“Lamentavelmente, o banco também fez uso do mecanismo da MP que dispensa a negociação prévia com as representações sindicais dos trabalhadores. Por conta da pandemia, estamos em contato diário por meio de videoconferência. Mas, o banco, em nenhum momento, negociou estas questões. Apenas nos comunicou que utilizaria estes mecanismos previstos na MP 927”, disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.

“Também ficou acordado que não haverá prorrogação do pagamento das férias, nem do 1/3 a que os trabalhadores têm direito”, informou o coordenador da CEBB. Os valores serão creditados com dois dias de antecedência do início das férias. A MP 927 autorizava o pagamento das férias até o quinto dia útil do mês subsequente à data de seu início e o 1/3 constitucional poderia ser pago juntamente com o 13º salário.

Banco de horas

O banco informou que durante o período de contingência, poderá ser autorizado o uso de banco de horas, abonos, folgas e encaminhamento de solicitações de gozo de licenças prêmio, conforme normativos vigentes. Mas, se comprometeu a cumprir o que diz a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria no que diz respeito à definição de sua utilização. Somente serão adotados estes mecanismos em comum acordo com os funcionários.

O compromisso do uso do banco de horas, abonos ou licenças prêmio defino em comum acordo entre funcionários e administrador ficou clara na última orientação emitida pela Diretoria de Pessoal (Dipes) e também nas videoconferências realizadas nesta quinta-feira (9), com gestores da Gestão de Pessoas (Gepes) e alguns superintendentes. “Estamos atentos às imposições e arbitrariedades. Apontaremos esses problemas e, se necessário, tomaremos atitudes”, disse Fukunaga.

“Continuamos cobrando a direção do BB sobre duas questões: O primeiro é que não foi estipulado um teto para o banco de horas. O segundo diz respeito aos dias da corrente semana. Nossa reivindicação é para que, quem estava em casa, cumprindo isolamento social, mas apenas à disposição do banco (situação 478), precisa ser mantido nesta mesma situação até o fim desta semana. Uma vez que entendemos existir um limbo entre a publicação da decisão do banco e a utilização do período de férias, que tem de ter 48 horas de comunicação prévia”, observou o coordenador da CEBB.

No comunicado enviado aos gestores, o banco havia dito que, já a partir de terça-feira (7), data em que o comunicado foi emitido, os funcionários em isolamento residencial que estão à disposição (situação 478), deveriam optar entre a utilização de férias, o uso de banco de horas (inclusive negativo – comando 425 com termo de adesão vigente) nos termos do ACT 2018-2020, abonos, folgas e solicitação de licença prêmio. Mas, após a videoconferência realizada nesta quinta-feira (9), o banco ficou de levantar a quantidade de funcionários que estão na situação 478 que podem ser colocadas a situação 425 (banco de horas).

O assunto voltará a ser debatido na terça-feira (14).

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) emitiu uma nota nesta quinta-feira (9) afirmando que o Senado precisa promover alterações no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 10/2020 que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, para que instituições financeiras não se aproveitem da autorização de compras de títulos de crédito privados e direitos creditórios em mercados secundários pelo Banco Central apenas para se livrar de ativos desvalorizados. A Câmara dos Deputados aprovou no dia 3 de abril o texto que tramita no Senado.

O programa de compra e venda de títulos pelo BC em mercados secundários está previsto nos parágrafos 9º e 10 do artigo 115 que a PEC pretende inserir na Constituição Federal.

“Apontamos alterações necessárias que podem aumentar a probabilidade de que a injeção de liquidez por parte do BCB garanta efetivamente a necessária estabilidade e o bom funcionamento do sistema financeiro e dos mercados de crédito neste grave momento de crise econômica que já estávamos vivendo, mas que serão agravados devido à pandemia de Covid-19”, disse socióloga e economista Bárbara Vallejos, uma das responsáveis pela elaboração da nota técnica do Dieese.

A PEC permite a separação do orçamento e dos gastos realizados para o combate à pandemia de coronavírus do orçamento geral da União. Com isso, os gastos extraordinários realizados em função da pandemia não estarão sujeitos aos limites das regulamentações e leis fiscais a que o orçamento público é submetido.

Quanto ao Banco Central, a PEC o autoriza absorver títulos do Tesouro Nacional ou títulos de empresas privadas que hoje encontram-se na carteira de ativos dos bancos e fundos de investimento.

O Dieese observa que a paralisia da economia gera uma abrupta perda de receitas das empresas, principalmente das micro, pequenas e médias empresas dos setores de comércio e serviços, que não contam com sobras de caixa ou lucros acumulados para atravessar este período.

Muitas destas empresas emitem títulos de dívida privada para se financiar e os vendem, principalmente para os bancos, que carregam estes títulos em seus ativos. A conjuntura de crise pela qual estamos passando causa uma grande desvalorização destes ativos, o que aumenta o risco dos próprios bancos que possuem estes papéis em suas carteiras, principalmente daqueles de pequeno e médio porte, que não conseguiriam mais captar recursos no mercado e não teriam condições de seguir concedendo crédito.

Estes bancos concedem crédito a nichos específicos de mercado e uma crise neste segmento pode agravar a situação econômica geral das empresas, gerando dificuldades ainda maiores em relação à geração de emprego e renda, o que pode se tornar “bola de neve”.

“Muitos destes títulos podem ser problemáticos e ter alto risco de inadimplência. É grave a situação financeira a que muitas empresas estão submetidas em função da paralisia econômica gerada pela pandemia do Covid-19. E isso pode impossibilitá-las de honrar compromissos com seus credores. A liberação para que o BC absorva esses títulos é importante para evitar que a crise sanitária e econômica decorrente da pandemia se transforme também em uma crise do sistema financeiro”, ponderou o economista Gustavo Cavarzan, também do Dieese.

Segundo a nota, a proposta aprovada na Câmara dos Deputados não cumpre os objetivos de assegurar a estabilidade do sistema financeiro e destravar os mercados de crédito e, por isso, é fundamental que sejam feitas emendas no texto que estabeleçam contrapartidas a serem cumpridas pelos bancos que irão se beneficiar da medida.

O documento do Dieese ressaltou que os objetivos anunciados quanto ao papel do Banco Central somente serão possíveis se o Senado promover alterações no texto que foi aprovado pela Câmara, como:

●             Estabelecimento pelo Conselho Monetário Nacional e pelo BCB, por meio de resoluções e circulares, de critérios e indicadores objetivos de insolvência ou problemas de liquidez, que habilitem determinadas instituições financeira a ter sua carteira de títulos absorvida pelo BCB;
●             Redução do prazo de 45 dias para 15 dias para que o BC preste contas ao Congresso acerca das operações realizadas;
●             Suspensão da distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio a acionistas, da distribuição de bônus aos executivos e de programas de recompra de ações por parte da instituição financeira beneficiada com a compra de sua carteira, até que o BCB seja plenamente ressarcido dos recursos injetados;
●             Estabelecimento, por parte do CMN e do BCB, através de resoluções e circulares, de limites de recursos a serem injetados em uma mesma instituição financeira. Caso o volume de recursos ultrapasse determinado limite, além das outras obrigações estabelecidas acima, a instituição financeira terá que repassar parte de suas ações para o setor público, que passará a ser acionista da referida instituição financeira.

Carlos Vasconcellos/Imprensa SeebRio

Após a morte do bancário Paulo Lancelotte, 54 anos, na última sexta-feira, 10 de abril, com sintomas de coronavírus, a presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro Adriana Nalesso entrou em contato com o Bradesco solicitando imediatamente o fechamento da agência Largo da Penha onde trabalha Paulo para proteger a saúde e a vida dos demais funcionários, clientes e usuários. Foi pedido também o fechamento da unidade do Shopping Millenium, da Barra da Tijuca onde trabalha uma filha de Lancellote.  

O banco atendeu a reivindicação do Sindicato. Não é de hoje que o movimento sindical vem cobrando da Fenaban o fechamento das unidades bancárias. 

“A decisão do banco não poderia ser outra que não fosse o fechamento das agências. É necessário avaliar a saúde de todos os demais funcionários das duas unidades e dar toda a assistência necessária. É inaceitável que a categoria continue perdendo vidas por causa da insistência da Fenaban em continuar mantendo as agências abertas. É preciso proteger as vidas em primeiro lugar”, disse Adriana Nalesso.

O Sindicato defende o atendimento nas agências apenas em casos de extrema necessidade e mesmo assim com agendamento para evitar aglomerações, fechando todas as demais agências. 

Mais uma vítima

Paulo Lancellote era gerente do Bradesco da agência Penha, na região da Leopoldina do Rio de Janeiro. Ele fazia parte do grupo de risco, pois era diabético e havia voltado de férias no dia 1º de abril. Como não estava se sentindo bem teria entrado em contato com o programa Viva Bem do banco relatando sintomas do Covid-19 e havia sido orientado para fazer os exames a fim de obter o afastamento e receber acompanhamento médico. Mas a violência do vírus não deu tempo sequer para a conclusão dos exames. Paulo foi levado ao hospital às pressas na manhã da última sexta-feira, 10, pois havia piorado o seu estado de saúde, mas acabou não resistindo. É mais uma vida ceifada na categoria por conta da pior pandemia na história da humanidade.  

O banco nega a informação de que o bancário tenha entrado em contato com o programa Viva Bem antes de sua morte.