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Da Nova Zelândia à Alemanha, Taiwan ou Noruega, alguns países liderados por mulheres estão vendo relativamente menos mortes pela covid-19.

E estas lideranças estão sendo elogiadas na mídia e nas redes sociais por suas atitudes, bem como pelas medidas que introduziram em face da atual crise global de saúde.

Um artigo recente da colunista Avivah Wittenberg-Cox na revista Forbes as considerou "exemplos de verdadeira liderança".

"As mulheres estão se colocando à frente para mostrar ao mundo como gerenciar um caminho confuso para a nossa família humana", escreveu.

As mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo. Já no mundo político, em 2018, elas eram apenas dez dos 153 chefes de Estado eleitos, de acordo com a União Interparlamentar.

Apenas um quarto dos membros dos Parlamentos do mundo são mulheres.

Embora também haja outros fatores sociais e econômicos que favoreçam estes países no enfrentamento à pandemia, analistas acreditam que as trajetórias sociais das mulheres — e não qualquer condicionamento biológico — tornem sua conduta como líderes também diferentes. Entenda o porquê.

Resposta precoce

Rua vazia na IslândiaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA Islândia adotou medidas rigorosas mesmo antes do registro de primeiro caso da covid-19

A primeiro-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, apostou logo cedo em testar massivamente sua população.

Apesar da pequena população, de 360 mil habitantes, a Islândia evitou a complacência: medidas contra a covid-19, como a proibição de reuniões de 20 pessoas ou mais, foram tomadas no final de janeiro, antes mesmo do registro do primeiro caso da doença.

Até 20 de abril, nove pessoas haviam morrido da infecção pelo novo coronavírus na Islândia.

Já em Taiwan, que oficialmente faz parte da China, mas, na prática, funciona (ainda) como um país soberano, a presidente Tsai Ing-wen criou imediatamente um centro de controle de epidemias e tomou medidas para rastrear infecções.

Taiwan também aumentou a produção de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras. Até agora, registrou apenas seis mortes entre seus 24 milhões de habitantes.

Enquanto isso, na Nova Zelândia, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, adotou uma posição difícil diante da covid-19. Em vez de "achatar a curva" dos casos, como muitos países estavam buscando fazer, a abordagem de Ardern foi mais contundente, para eliminar a curva.

país impôs uma série de duras medidas quando as mortes no país por covid-19 eram apenas seis — em 20 de abril, elas totalizavam 12.

Tsai Ing-wen (no centro) aparece entre soldados e funcionários do governo posando para foto, todos de máscaraDireito de imagemSAM YEH/AFP
Image captionÀ frente de Taiwan, Tsai Ing-wen (no centro) aparece na foto entre soldados e funcionários do governo

Mas, além de ter mulheres como líderes, esses países que estão respondendo melhor à crise têm outras coisas em comum. Todos são economias desenvolvidas, com um sistema de assistência social estabelecido e alta pontuação na maioria dos indicadores de desenvolvimento humano.

São países que também tendem a ter sistemas de saúde fortes, mais preparados para lidar com emergências.

Mas qual é a parcela do papel das lideranças mulheres no relativo sucesso destes países no combate ao coronavírus?

Mulher de máscara passa ao lado de cartaz em parede com sinalização para local de testesDireito de imagemODD ANDERSEN/AFP
Image captionLocal de realização de testes em Berlim, Alemanha; a testagem massiva foi parte fundamental da estratégia conduzida por Angela Merkel no país

'Tem tudo a ver com diversidade'

A maneira como essas líderes eleitas praticam política desempenha um papel, dizem analistas.

"Não acho que as mulheres tenham um estilo de liderança diferente do dos homens. Mas quando elas estão representadas em posições de liderança, isso traz diversidade à tomada de decisões", diz Geeta Rao Gupta, diretora executiva do Programa 3D para Meninas e Mulheres e membro sênior da Fundação das Nações Unidas.

"Isso traz melhores decisões, porque você tem a visão tanto de homens quanto de mulheres", disse ela à BBC.

É um contraste com a postura explosiva e a negação a fatos científicos adotadas por alguns de seus colegas do gênero masculino, como os presidentes dos EUA e Brasil, Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Rosie Campbell, diretora do Instituto Global para Liderança Feminina no King's College London, concorda que "os estilos de liderança não são inerentes a homens e mulheres".

"Mas, devido à forma como somos socializados, é mais aceitável que as mulheres sejam líderes mais empáticas e colaborativas. E infelizmente há mais homens que se enquadram na categoria narcisista e hipercompetitiva", diz Campbell.

Ela acredita que essa característica na liderança masculina "foi exacerbada pela tendência populista na política".

A política 'ultramacho'

Populistas apostam em "mensagens simplistas" para ter apoio, explica Campbell à BBC — e isso muitas vezes determinou a abordagem escolhida para gerenciar a pandemia.

Líderes políticos nos EUA, Brasil, Israel e Hungria, para citar alguns países, tentaram, em algumas ocasiões, colocar a culpa de seus problemas em causas externas — como apontar para estrangeiros "importando" a doença, como indicou Trump.

"Trump e Bolsonaro estão optando por assumir uma personalidade ultramacho. Não é codificado em sua biologia que eles tenham que se comportar assim, mas estão optando por fazê-lo", diz Campbell.

"As mulheres são consideravelmente menos propensas a estar na direita radical populista. Existem algumas exceções notáveis, como Marine Le Pen [na França]."

"Mas, no geral, é algo associado a uma política muito individualista e machista."

Angela MerkelDireito de imagemCLEMENS BILAN - POOL/GETTY IMAGES
Image captionMerkel está sendo apontada na Europa como 'campeã' entre líderes do continente no combate ao coronavírus

As respostas à crise da covid-19 foram obviamente diversas, em parte devido às realidades socioeconômicas de cada país e à disponibilidade de recursos — aspectos nos quais o gênero pode não ter influência.

Portanto, líderes homens que não se encaixam no estereótipo descrito por Campbell também estão vendo relativamente menos mortes em seus países.

Na Coreia do Sul, o tratamento da crise pelo presidente Moon Jae-in sustentou a vitória esmagadora de seu partido nas últimas eleições parlamentares, realizadas em 15 de abril.

O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, também tem recebido elogios por gerenciar com sucesso a crise e manter as taxas de mortalidade relativamente baixas — 114 óbitos até 20 de abril, para uma população de cerca de 11 milhões. Em comparação, a Itália, com uma população de 60 milhões, sofreu 22 mil mortes.

A Grécia está passando pela crise priorizando o aconselhamento científico e tendo adotado medidas precoces de distanciamento social — antes que suas primeiras mortes fossem registradas.

E, por outro lado, há países liderados por mulheres em situação delicada diante do avanço rápido do vírus.

Por exemplo, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, conseguiu liderar a contenção do surto em um dos países mais populosos do mundo. Mas há preocupações com a capacidade limitada de testagem, além de que os profissionais de saúde de Bangladesh denunciam cada vez mais estar em risco devido à falta de equipamentos de proteção individual.

Mulher com véu vendendo floresDireito de imagemEPA
Image captionAs mulheres são mais propensas a serem afetadas pelos impactos sociais e econômicos da covid-19

Decisões difíceis

Para deter a covid-19, os líderes precisam tomar decisões difíceis, como bloquear atividades econômicas.

Mas essas escolhas têm um alto custo político no curto prazo, que é "o oposto do que os líderes populistas querem", diz a professora Campbell.

Por outro lado, algumas líderes conquistaram a opinião pública ao falar de maneira aberta e transparente sobre os desafios que seus países enfrentam.

Angela Merkel, da Alemanha, anunciou rapidamente que a covid-19 era uma ameaça "muito séria". Em números absolutos, seu país criou o maior esquema de testagem, rastreamento e isolamento da Europa. Mais de 4,6 mil pessoas morreram de covid-19 na Alemanha, que tem uma população de 83 milhões.

Na Noruega e na Dinamarca, as abordagens de suas primeiras-ministras as diferenciaram de alguns de seus colegas homens propensos a bravatas.

Colagem de fotos das primeiras-ministras da Noruega, Erna Soldberg, e Dinamarca, Mette Frederiksen
Image captionAs primeiras-ministras da Noruega, Erna Soldberg, e Dinamarca, Mette Frederiksen, conduziram falas especificamente para crianças

Tanto a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, quanto sua colega dinamarquesa, Mette Frederiksen, realizaram pronunciamentos específicos para crianças.

Jacinda Ardern, da Nova Zelândia, também tentou amenizar as preocupações dos pequenos sobre se a Páscoa, celebrada pelos cristãos este mês, seria interrompida por medidas de bloqueio. Ardern disse que o tradicional coelhinho da Páscoa era considerado um "trabalhador essencial" e teria permissão para entregar ovos de chocolate diretamente às casas.

Campbell analisa: "Falar sobre o coelhinho da Páscoa teria sido considerado ridículo para um líder de um país no passado. Mas ter mais mulheres na política está nos fazendo pensar mais sobre como a política afeta as crianças".

Ao abordar diretamente as preocupações dos cidadãos mais novos, os líderes políticos estão reconhecendo que a pandemia global está afetando a saúde mental de todas as faixas etárias, diz Campbell.

Menina coloca desenho de ovo de páscoa na janelaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOs neozelandeses foram incentivados a desenhar e exibir ovos de Páscoa em suas janelas durante a pandemia

'Decisões melhores'

Geeta Rao Gupta, que também é presidente do conselho consultivo do WomenLift Health, um programa da Fundação Bill e Melinda Gates que visa aumentar a liderança feminina no setor de saúde, pede que mais mulheres sejam colocadas em posições de liderança.

Ela defende que isso melhoraria a tomada de decisões.

Uma profissional de saúde com máscara ajuda outra a colocar equipamento de proteçãoDireito de imagemREUTERS
Image captionAs mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo, mas ainda ficam para trás em posições de liderança

"Decisões relevantes seriam tomadas considerando mais segmentos da sociedade, não apenas alguns."

"Porque, como mulheres, elas [líderes] experimentaram a vida em papéis e responsabilidades que são afetadas socialmente pelo gênero. Assim, suas perspectivas e decisões provavelmente serão afetadas por essas experiências".

Gupta adverte sobre os possíveis diferentes impactos sociais e econômicos da covid-19 sobre homens e mulheres. A violência doméstica contra elas já tem aumentando em várias partes do mundo. Elas estão mais vulneráveis ao aumento da pobreza e pode haver uma reversão às tentativas recentes — e tímidas, em muitos casos — para diminuir a diferença salarial entre os gêneros.

"Estamos recuando", diz ela. "A menos que a resposta à pandemia considere isso como fator (questões de gênero), haverá uma exacerbação dos problemas existentes."

Por Virginia Berriel

Ele vem ensaiando há muito, desde o início da pandemia do coronavírus que ameaça e atenta contra a vida do povo brasileiro. A palavra correta é ameaça mesmo. Ele é o chefe da Nação, deveria agir como um estadista.Mas o que fez desde então é, no mínimo, deplorável.

A aposta no quanto pior melhor é a sua meta, isso está traduzido nos seus atos irresponsáveis, muitos deles em rede nacional. Bolsonaro escancara o seu desprezo à vida do povo. O seu agir é muito consciente. Faz, a meu ver, por descaso à população e, por ser o presidente, está agindo com total falta de decoro.

Não podemos engolir mais as atrocidades desse desgoverno. Não dá mais para as entidades e os Poderes se manifestarem contrários apenas por notas públicas e os militantes com memes e posts. Ele extrapolou os limites do poder, o presidente não pode tudo. Passou da hora de uma ação contundente por parte das autoridades. Depois poderá ser tarde demais.

A sensação é de que não temos presidente, nem justiça no país. Temos um sujeito despreparado, um bicho raivoso e desvairado que está destruindo tudo. A Justiça não age, é complacente, ineficaz, irresponsável também.

Diante dos perigos no meio de uma pandemia que pode levar o país ao caos,  é mais que necessária ação por parte da Esquerda, das entidades que defendem a vida e os direitos humanos. As Centrais Sindicais, que defendem os direitos de milhões de trabalhadores, precisam agir com muito rigor porque, a partir do afrouxamento da quarentena, esse caos poderá ser devastador.

 Bolsonaro afronta e comete atentado contra o país, contra as orientações da OMS e contra a Democracia. Como pode participar de uma manifestação de pessoas que pedem o retorno doAI-5, o fechamento do Congresso e do STF e dizer que acredita neles? Ele faz isso no momento de vulnerabilidade, insegurança e dor, em que milhares de brasileiros tombaram vítimas da Covid-19 e outros milhares ainda tombarão. Ele dá um tapa na cara dos brasileiros, empurra-os para o abismo, fere de morte a democracia e qual será a nossa ação?
Já caímos no abismo. Estamos dentro dele e, pra sair, teremos que ser estratégicos. Tirar a população da quarentena com afrouxamento das regras do distanciamento social poderá levá-la ao caos e a morte.

A Justiça parece fingir-se de morta, ignora os constantes ataques de Bolsonaro aos brasileiros e à democracia. Só que, agora, ele se manifestou em rede nacional, apoiou uma manifestação contra a democracia, cometeu mais um crime de responsabilidade. Será que a justiça continuará muda?

Jornalista

POR MARTHA IMENES

 
A Justiça Federal proibiu bancos de cobrar parcelas de consignados de aposentados do INSS ou do regime próprio (servidores públicos) por 4 meses. Segundo o tribunal, a decisão é importante para que aposentados tenham mais recursos para se tratar em meio à pandemia de covid-19. Na mesma decisão também proibiu que instituições financeiras distribuam lucros e dividendos a acionistas e diretores. Segundo a decisão, com a medida, aposentados terão mais recursos para se tratar, caso contraiam a covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

"A suspensão das parcelas dos empréstimos consignados concedidos a aposentados, pelo período de 4 meses, é medida necessária para garantir que os idosos, atingidos em maior número por consequências fatais do (vírus) SARS-CoV-2, possam arcar com o custeio do tratamento médico necessário", afirmou o juiz Renato Coelho Borelli, da 9ª Vara Federal Cível de Brasília, responsável pela decisão.

"O que, a longo prazo, pode impedir que esses idosos saiam de suas casas para ir a hospitais ou postos de saúde, onde normalmente têm acesso a médicos e medicamentos, pois com mais recursos podem receber tratamento médico em suas residências", reforçou.
Para a presidente da Federação das Associações de Aposentados, Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro (Faaperj), Yedda Gaspar, a medida pode ajudar os aposentados. "Eu acho que isso para os bancos não interfere em nada e para os aposentados vai somente prorrogar o prazo da dívida. Vai ajudar a sobrar 'algum' para ajudar filhos e netos que ficaram na pior por terem perdido o emprego ou por serem autônomos e ficaram sem renda", disse.
Na mesma decisão, tomada em uma ação popular, de autoria do advogado Marcio Mello Casado, a Justiça também proibiu que instituições financeiras distribuam lucros e dividendos a acionistas, diretores e membros de conselho acima do mínimo previsto em legislação, que é de 25%.
 
 
 

Por PALOMA SAVEDRA

A mensagem do governo fluminense que chegou ontem à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) propondo privatizações no estado está mobilizando deputados da Casa, que prometem frear a aprovação da medida. A avaliação nos bastidores da Alerj é de que a discussão sobre o tema poderá ganhar espaço, mas vai dividir parlamentares. 
De acordo com o projeto de lei, diante da crise financeira agravada com a pandemia da covid-19, a retomada do Programa Estadual de Desestatização, criado por lei em 1995, é uma das medidas necessárias para aliviar o caixa e tornar a máquina do estado mais leve. 
Além disso, o Poder Executivo ressalta que as desestatizações estão previstas no Plano de Recuperação Fiscal do Rio desde 2017, mas não avançaram devido a uma lei aprovada na Alerj, em 2018, que impede a extinção de estatais.
Para o presidente da Comissão de Tributação da Alerj, deputado Luiz Paulo (PSDB), o projeto é "inoportuno" e não será aprovado. "A proposta da desestatização é fora de propósito. Quando volta a se discutir um capitalismo com enfoque em Keynes e se passa a reconhecer importantes funções do Estado em saúde, educação, ciência e tecnologia, segurança, cultura, entre outras, pretende o governador voltar ao passado com propostas que em 1995 não foram cogitadas, exceto a da privatização da Cedae. É uma mensagem que não passará", opinou. 
Presidentes da Comissão de Educação e de Ciência e Tecnologia, respectivamente, Flávio Serafini (Psol) e Waldeck Carneiro (PT) disseram que já estão se articulando para derrubar a proposta.
"Recebemos essa mensagem com espanto na Alerj. Até aqui o governo não fez nenhuma proposta de cortar gastos na administração pública, de cortar cargos comissionados, dar maior eficiência a máquina pública, pelo contrário", declarou Serafini, citando os recentes casos de contratações na Saúde que estão sendo investigados.
Serafini afirmou ainda que, neste momento, as universidades mostram ainda mais a sua relevância: "A importância da ciência, da produção de conhecimento para enfrentar a grave de crise de saúde que a gente está passando e construir saídas. Vamos trabalhar em articulação com todas as bancadas parlamentares para derrotar esse projeto".
"Vamos combater o projeto de desestatização encaminhado por Witzel à Alerj. A pandemia do novo coronavírus está mostrando, de forma cristalina, a importância da presença forte do Estado, do serviço público e de seus servidores, e não o contrário", argumentou Waldeck.
Posicionamento favorável
Já Alexandre Freitas, do Partido Novo, promete engrossar o coro dos deputados favoráveis a privatizações: "Em um estado em crise, sob recuperação fiscal e estado de calamidade, que dificilmente vai conseguir pagar seus servidores ativos e inativos e muito menos promover investimentos necessários nas áreas essenciais, todo e qualquer programa de desestatização é bem-vindo, mas deve ser analisado com cautela para que o dinheiro arrecadado seja usado em benefício da população". 

O que, na prática, isto quer dizer?

Quer dizer que o governo pode editar nova medida provisória com o mesmo conteúdo da MP 905 ou até pior. Desse governo, os trabalhadores sempre podem esperar o pior, no que diz respeito à classe trabalhadora e ao movimento sindical. Trata-se, pois, de governo reacionário.

Mas se o governo não puder reeditar o texto em nova MP há (outras) alternativas para resgatar o conteúdo da MP 905. Os relatores das MP 927 e 936, se assim forem orientados e desejarem, podem inserir no todo ou em parte o texto que foi revogado nas respectivas medidas provisórias.

Outra possibilidade é o governo encaminhar o texto revogado, pela MP 955, em forma de projeto de lei, em regime de urgência constitucional. Desse modo, há prazo regimenal para votação em ambas as casas legislativas. Caso não vote, a pauta onde a matéria estiver em discussão é travada.  

Caso a MP 905 tivesse “caducado”, isto é, não tivesse sido votada pela comissão mista ou por uma das 2 casas do Congresso — Câmara e Senado — a proposta teria perdido eficácia e o governo, nesta sessão legislativa, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) não poderia editar nova MP, com o mesmo conteúdo.

Assim, é razoável dizer que a vitória do movimento sindical, sem com isso tirar-lhe os méritos, foi pontual e parcial. A batalha contra a retirada ou mitigação de direitos e conquistas continua contra as MP (medidas provisórias) 927 e 936, no caso dos trabalhadores da iniciativa privada, cujos conteúdos seguem a mesma orientação da MP 905.

Por fim, para mostrar o caráter neoliberal (antipovo e antitrabalhador) do governo e da maioria congressual é relevante lembrar que a MP 905 fora aprovada na comissão especial, sem a presença da oposição, na mesma semana em que a MP 898/19, que concedia 13º salário aos beneficiários do Bolsa Família chegou ao plenário da Câmara. Mas não foi votada e assim “caducou” e perdeu a eficácia.

A MP 898 foi relatada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que no substitutivo apresentado e aprovado pela comissão mista tornava o 13º salário permanente (no texto original o 13º era apenas para o ano de 2019) e ainda o estendia aos beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada).

“É preciso continuar vigilantes e mobilizados contra uma nova tentativa do governo federal de reeditar a Medida Provisória 905 feita somente para beneficiar os bancos e demais empresas, em prejuízo dos trabalhadores que, com ela, perdem inúmeros direitos. A MP, uma nova reforma trabalhista, prejudica diretamente os bancários que passam a não ter mais direito à jornada de trabalho de seis horas e ao descanso aos sábados, domingos e feriados”. O alerta é da presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, ao comentar a recusa do Senado Federal, em aprovar a MP nesta segunda-feira (20/4), e a insistência já expressa pelo governo de reeditar as alterações. Como o prazo venceu nesta segunda, a MP 905 deixou de valer restando ao governo esta opção.


Fatiamento da maldade


O Governo Bolsonaro estuda fatiar a medida, que cria a carteira de trabalho verde e amarelo, com menos direitos, reeditando-a em partes. A tática está sendo estudada pela Casa Civil. A abrangência da MP 905, foi um dos motivos do atraso da tramitação da proposta no Congresso. O tempo exíguo para a apreciação pelo Senado também levou à recusa em aprová-la.
Ainda menos direitos
A MP criou um novo tipo de contratação válido para jovens de 18 a 29 anos e para desempregados durante 12 meses a partir de 55 anos que recebam até dois salários mínimos, retirando direitos trabalhistas e previdenciários pagos pelos bancos e empresas. Facilita a vida dos patrões e prejudica os trabalhadores, ao reduzir direitos e renda, principalmente num momento de maior dificuldade por conta da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, desestimulando a atividade econômica. Mas a alegação do governo é de que ao retirar direitos a MP estimularia a criação de empregos.
A MP reduzia a multa em caso de dispensa sem justa causa, de 50% (40% pagos ao trabalhador e 10% ao Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT) para 20%. A redução facilita as demissões e estimula a troca de trabalhadores contratados pela legislação prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por empregos mais baratos. A medida (que foi aprovada pela Câmara) prevê que empregadores estão isentos da contribuição previdenciária de 20%, enfraquecendo a Previdência Social pública e beneficiando os patrões. Passam a não pagar, também, as alíquotas do Sistema S (0,2% a 2%). Somando-se tudo, as reduções implicam economia para o empresariado de cerca de 70% dos encargos (de 39,5% para 12,1% sobre a folha).


Prejuízos para bancários


A MP impacta em cheio os bancários que mereceram artigos à parte. Os que operam no caixa teriam jornada de até 6 horas diárias, com um total de 30 horas por semana, mas poderiam ser prorrogadas até 8 horas diárias. A atividade bancária seria liberada aos sábados, domingos e feriados nas atividades de automação bancária; teleatendimento; telemarketing; serviço de atendimento ao consumidor; ouvidoria; áreas de tecnologia, segurança e administração patrimonial; atividades bancárias de caráter excepcional ou eventual e em feiras, exposições ou shopping centers e terminais de ônibus, trem e metrô. A medida permite o não pagamento da hora extra dobrada, desde que haja a compensação, ou seja, folga, em outro dia, banco de horas, ou pagamento da hora-extra a 50%.
A MP 905 introduz alterações significativas em relação à PLR da categoria, permitindo a utilização exclusiva de metas individuais e negociação direta com o trabalhador bancário hipersuficiente, excluindo a participação dos sindicatos. A MP eleva as convenções e acordos coletivos de trabalho sobre todas as leis ordinárias trabalhistas e à própria jurisprudência consolidada nos tribunais trabalhistas.

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro está preocupado com a situação de risco a que estão expostos os empregados da Caixa Econômica Federal em função das aglomerações e enormes filas em agências da Zona Oeste na cidade. O vice-presidente da entidade sindical, Paulo Matileti visitou várias unidades no bairro de Campo Grande e a situação é preocupante, colocando em perigo bancários e a população. Nas unidades Rio Oeste, Rio do A, Freire Alemão e Amaral Costa é grande o número de pessoas que procuram as agências para receber o auxílio-emergencial e muitos sequer possuem CPF.
“Empregados estão sendo obrigados a ter que organizar as filas no lado de fora das agências. Estes bancários estão expostos ao risco de contaminação, mesmo usando máscaras e luvas. A direção da Caixa precisa tomar medidas para garantir a segurança dos funcionários e também da população que precisa dos serviços do banco”, alerta Matileti.
É elevado o número de pessoas que precisa da ajuda de R$600, mas não possui sequer o CPF para poder receber o dinheiro. Há relatos de bancários que estão sofrendo ameaças de agressão por não poderem providenciar o pagamento sem a documentação necessária, que deve ser feita na Receita Federal.
“Neste momento, em que a curva do coronavírus avança no país, é preciso garantir a saúde e a vida dos bancários. É inaceitável que o empregado da Caixa seja obrigado a ficar do lado de fora da agência organizando as filas, exposto a todo tipo de risco”, completa Matileti.

Os diretores do Sindicato dos Bancários do Rio, Sergio Menezes e Geraldo Ferraz foram nesta segunda-feira, 20 de abril, à agência do Bradesco da Rua Sete de Setembro, no Centro, para cobrar medidas urgentes de segurança após um caso confirmado por exames de Covid-19, o da funcionária Laís Oliveira.
“Estamos cobrando do gerente geral, os procedimentos e normativos nestes casos, que é a imediata desinfecção da agência e o afastamento dos demais funcionários”, explica Menezes.
Geraldo Ferraz disse que o Sindicato entrou em contato com a Regional para cobrar o fechamento imediato da unidade.
“Com a confirmação de uma funcionária infectada não há outra alternativa que não seja o fechamento imediato da agência e o afastamento dos funcionários, que devem receber toda a assistência médica necessária e serem afastados do trabalho até que haja a certeza de que não há mais riscos de novos contágios”, alerta o sindicalista.

Vacinação e férias

Com a decisão do Bradesco de antecipar as férias de parte de seus funcionários em função da pandemia do coronavírus, os sindicatos, através do Comando Nacional dos Bancários e da Comissão de Organização dos Empregados (COE) se reuniram na ultima sexta-feira, 17, com representantes do banco para debater o assunto.
Na reunião, o Bradesco informou que os funcionários do banco, no Rio, começarão a ser vacinados a partir desta quarta-feira, 22 de abril.
O principal ponto da pauta reivindicada pelo movimento sindical foi sobre a situação dos trabalhadores que estão em casa e não estão em teletrabalho (home Office), como os do grupo de risco, cujas atividades profissionais não podem ser feitas de casa.
Foi definido que eles entrarão de férias junto com áreas do banco que estão inativas ou que as atividades caíram muito, como financiamento de carros.
. Os sindicalistas reivindicaram que as férias sejam iniciadas em maio e que os trabalhadores sejam avisados com alguns dias de antecedência. Até a semana que vem, as diretorias regionais vão divulgar o mapeamento do quantitativo elegível às férias.
“A COE reivindicou que não seja utilizado todo o saldo de férias para que o trabalhador tenha um período de descanso após a pandemia. O banco aceitou a solicitação e se comprometeu a usar, no máximo, 20 dias de férias”, explica o diretor do Sindicato e membro da COE, Leuver Ludolff.

Bancários de agências do Santander no Rio de Janeiro estão sem condições mínimas de proteção ao coronavírus. Falta tudo: ácool gel, luvas e máscaras para uso dos funcionários, inclusive os que estão na linha de frente do atendimento ao público. A grave situação foi constatada por dirigentes do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro que percorreram várias unidades na cidade.
“Os bancários estão expostos aos riscos de contágio, sem condições mínimas de proteção. No autoatendimento os problemas se repetem, inclusive na organização das filas para a entrada nas agências ou para auxiliar os clientes”, afirma o diretor do Sindicato, Marcos Vicente que esteve nas unidades.
A Regional do banco não assume suas responsabilidades e diz que tem orientado os bancários a utilizarem máscaras alegando “que falta conscientização aos empregados”.
“Acho sinceramente que o Santander está se eximindo de suas responsabilidades e quer culpar os funcionários pelo problema que é do banco”, disse Marcos Vicente, que criticou ainda a cobrança de metas em plena crise do coronavírus. “Não dá para aceitar a cobrança de metas e o nível de pressão impostos aos bancários diariamente, ainda mais num momento tão delicado como este da pandemia”, disse.
O Sindicato voltou a cobrar providências ao banco através de um ofício enviado na quinta-feira (16) pela presidenta da entidade Adriana Nalesso.
Os bancários denunciam ainda que agências do subúrbio da cidade, nas regiões da Zona Norte e Zona Oeste, além de Ramos e Andaraí passam por uma situação grave de superlotação de clientes, com filas imensas que se formam do lado externo, nas calçadas.

Terça, 21 Abril 2020 09:20

Funcionalismo faz a diferença

Há quase três décadas o funcionalismo da Caixa Econômica Federal vem sendo “testado e desafiado” pelas mais diversas situações políticas e sociais que ocorrem no Brasil. Como em 2002, quando foram pagos os expurgos do FGTS e hoje em função da epidemia Covid-19 com o pagamento da ajuda emergencial para quem mais necessita.
“Apesar das dificuldades encontradas pelo governo na identificação dos trabalhadores junto à Receita Federal, os funcionários da área-meio buscaram em seus arquivos de outros programas, tais como Bolsa Família, FIES, Minha Casa Minha Vida,identificar diversos trabalhadores que se enquadram nos requisitos exigidos para receber o auxílio emergêncial, viabilizando e agilizando assim o pagamento dos valores disponibilizados àqueles que têm direito”, explica o vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti, que destaca a importância da valorização destes bancários, não somente da “área-meio” mas também da “ponta” e de “cargo ou função” garantindo o atendimento prestado a quem mais precisa dos serviços da Caixa.Funcionalismo faz a diferença