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O banco Itaú obteve um Lucro Líquido Recorrente de R$ 3,9 bilhões no 1º trimestre de 2020, queda de 43,1% em relação ao mesmo período de 2019 e de 46,4% no trimestre. A margem financeira com clientes recuou em função da menor receita com cheque especial, devido à mudança regulatória vigente desde o início do ano e à redução da taxa básica de juros. Diante disso, a rentabilidade (Retorno Recorrente sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado – ROE) caiu 10,8 pontos percentuais em doze meses, ficando em 12,8%. Se considerarmos apenas a operação no Brasil a rentabilidade ficou em 13%.

De acordo com o banco, o resultado reflete, dentre outros fatores, o impacto do custo de crédito no primeiro trimestre de 2020, que apresentou um aumento de 175,2% quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado, e do produto bancário, que caiu 3,5%.

“O banco destaca a queda de 43% no lucro, mas nós, não podemos deixar de observar que em três meses o lucro líquido já alcançou quase R$ 4 bi. As instituições financeiras no Brasil ganham como em qualquer outro lugar do mundo e, com os pacotes do governo que liberaram R$ 1,2 bilhões para que elas emprestem, vão continuar ganhando muito. Se existe um setor no país que não pode reclamar este é o setor financeiro”, destacou o coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, Jair Alves.

“Além disso, precisamos analisar os dados do balanço com mais cuidado, mas, numa primeira análise, não conseguimos entender como pode ter havido um crescimento de quase 83% nas despesas com captação de recursos com uma Selic tão baixa”, disse o representante dos empregados.

Segundo análise do balanço do banco feita pelo Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as despesas com captação de recursos saltou de R$ 13,3 bi no primeiro trimestre de 2019 para R$ 24,3 bi no mesmo período deste ano.

Encontramos, ainda outros grandes aumentos de despesas, como as que o banco informa ter tido com Empréstimos e Repasses, que saltou de R$ 2,073 bi para R$ 33,867 bi. Um aumento de 1.533,7%. “As despesas com empréstimos e repasses pode ter sido influenciadas pelo câmbio, mas as alegadas com captação de recursos é uma incógnita. Teremos que desvendar alguns mistérios no balanço apresentado pelo banco no início da noite desta segunda-feira”, afirmou.

Tarifas X salários

O representante dos empregados chama a atenção também sobre a relação entre a arrecadação com prestação de serviços e tarifas bancárias, que cresceu 9,8% em doze meses, e as despesas de pessoal que, por sua vez, caíram 0,9%.

As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias é um valor muito pequeno perto das obtidas pelo banco com as demais operações. Mesmo assim, elas alcançaram R$ 10,4 bilhões nos três primeiros meses de 2020. Apenas com este valor, o banco consegue pagar quase duas vezes (1,79) todas as despesas que o banco tem com seus funcionários, que somaram R$ 5,8 bilhões.

“É bom que fique claro, que o valor que o banco arrecada com serviços e tarifas é ínfimo perto do que ele obtém com outras operações. Mas, mesmo com esse valor ‘ínfimo’, ele paga quase duas vezes todas as despesas que tem com os funcionários. Salários, planos de saúde, auxílio educação, tudo”, destacou o coordenador da COE. “A conclusão óbvia é que o banco não tem do que reclamar”, completou.

Empregos

Em meados de junho de 2019, o banco lançou um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) que contou com a adesão de 3,5 funcionários. Ao final de março de 2020, a holding contava com 82.107 empregados no país. Em 12 meses foram fechados 4.097. A contribuição do banco para o aumento do desemprego no país seria ainda maior. Só caiu devido a criação, agora no primeiro trimestre de 2020, de 416 novos postos de trabalho com contratações para a área de TI e porque o banco atendeu a reivindicação do Comando Nacional dos Bancários  e assumiu o “compromisso de manutenção dos empregos durante a crise” causada pela pandemia de Covid-19.

Fechamento de agências

Em doze meses, houve uma redução de 10,5% no número de agências físicas do Itaú no país. Foram fechadas 371 agências físicas (duas no trimestre).

Para Jair, essa é uma questão bastante preocupante, uma vez que é cada vez maior o número de municípios sem agências bancárias. Já são 42% dos municípios nesta situação. “Num momento em que todo o país está assustado com os tamanhos das filas que se formam em frente às agências bancárias, principalmente da Caixa (Econômica Federal), mas também de outros bancos, a gente fica imaginando a situação de quem tem que se deslocar por muitos quilômetros, muitas hora para encontrar uma agência e, quando a encontra precisa enfrentar estas filas”, lamentou o coordenador da COE do Itaú.

Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que em alguns estados a situação é preocupante. Em Roraima, dos 15 municípios do estado, apenas quatro contam com agências bancárias. Em três deles existem apenas agências de bancos públicos. Bancos privados, apenas na capital.

Carteira de crédito

A Carteira de Crédito do banco cresceu 18,9% em doze meses e 8,9% no trimestre, atingindo R$ 769,2 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 10,4% em relação a março de 2019, chegando a R$ 237,0 bilhões, com destaque para crédito pessoal (+20,2%), veículos (+17,3%), crédito imobiliário (+10,0%) e cartão de crédito (+9,7%). As operações com pessoas jurídicas (PJ) no país somaram R$ 221,2 bilhões, com alta de 27,5% em doze meses. Veículos (+95,7%), Financiamento à importação/exportação (58,9%) e Capital de Giro (+25,9%) foram os destaques positivos no segmento. A carteira de crédito para a América Latina apresentou alta de 16,8% no período, totalizando R$ 181,5 bilhões. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias, no país, subiu 0,1 ponto percentual, ficando em 3,1%. Mas, as despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) cresceram 161,5%, totalizando R$ 10,9 bilhões.

“Aqui temos mais algumas questões. Se o índice de inadimplência cresceu apenas 0,1 ponto percentual, o banco está jogando todo o estrondoso aumento da a provisão para devedores duvidosos nas costas da crise gerada pela pandemia que estamos vivendo”, questiona Jair. “São muito pontos a serem analisados com mais cuidado, mas todos eles teriam a capacidade de fazer com que o resultado deste primeiro semestre fosse ainda maior do que já foi”, concluiu o coordenador da COE do Itaú.

Veja abaixo a tabela resumo do balanço, elaborada pelo Dieese, ou, se preferir, leia a análise na íntegra.

As filas formadas diariamente em frente às agências da Caixa Econômica Federal para o pagamento do Auxílio Emergencial têm revelado o drama de milhões de brasileiros, que hoje dependem do benefício para sobreviver, além disso, têm exposto as dificuldades de garantir atendimento digno e seguro. O problema da população ganha visibilidade, mas as enormes dificuldades enfrentadas por bancários e bancárias para enfrentar esse desafio continuam sem a atenção necessária. Ao contrário, apesar do imenso esforço para continuarmos trabalhando e atendendo o público, somos alvos de críticas infundadas por total desconhecimento da realidade atual da categoria.

Os funcionários da Caixa têm consciência do seu papel social e orgulho de fazer parte de um banco público que há mais de 150 anos presta serviços à população mais necessitada. Não há recusa ou falta de empenho no atendimento, apesar da recente redução de pessoal: nos últimos cinco anos, 15 mil funcionários deixaram o banco. Com esse quadro, a Caixa assume a responsabilidade de acolher as 50 milhões de pessoas habilitadas para receber o Auxílio Emergencial. Outros 26 milhões estão na fila, aguardando análise. Calcula-se que o número total de beneficiados possa chegar a 90 milhões de brasileiros. Estes números trazem à tona o quadro de precarização do mercado de trabalho no país, fruto dos ataques aos direitos do trabalhador realizados nos últimos anos através da Reforma Trabalhista e de outras medidas. Quase metade da população brasileira está à margem do mercado formal de trabalho.

Os bancários têm enfrentado riscos diários, atendendo a filas inesgotáveis, para que os benefícios cheguem às mãos dos mais necessitados. Mesmo sem as condições ideais de segurança, os empregados da Caixa têm se desdobrado para executar a missão que lhes foi confiada. O Sindicato dos Bancários do Rio e as diversas associações de funcionários da Caixa, preocupados com a segurança e a saúde dos empregados, têm realizado incessantes cobranças e negociações para que não faltem nas agências equipamentos de proteção, como barreiras de acrílico, máscaras e álcool gel. E garantimos avanços nesse sentido. Temos, ainda, insistido na necessidade de agendamento do atendimento, no investimento em campanhas informativas, na contratação de empresas para organização e triagem nas agências, além da incorporação das demais instituições financeiras no pagamento do auxílio, sendo que nenhuma dessas reivindicações, que minimizariam os problemas enfrentados, tenham sido atendidas até o momento.

Mesmo diante de todas as dificuldades, seguimos cumprindo nosso papel. Muitos bancários estão adoecendo, três já perderam a vida no município. Manter as agências abertas tem sido um esforço diário para os funcionários e o fechamento se dá apenas em caso de suspeita concreta de contaminação de um funcionário por coronavírus. Portanto, nesses casos a suspensão do atendimento se torna necessária para que haja descontaminação da agência, garantindo a volta ao funcionamento com segurança para bancários e clientes. Diante dessa realidade, nos causa profunda indignação saber que um jornalista é capaz de afirmar que “qualquer espirro leva ao fechamento de agências da Caixa”. Além de mentirosa, essa é uma fala absolutamente desrespeitosa com a nossa categoria. Lamentamos profundamente que órgãos de comunicação prestem um desserviço num momento tão grave quanto o que vivemos. Assim como respeitamos os jornalistas, que têm papel importante e continuam em suas funções durante a pandemia, exigimos respeito ao nosso esforço diário, pois arriscamos nossa saúde e nossa vida para cumprir, com profissionalismo e consciência, o papel que nos cabe.

Sindicato dos Bancários Rio; Associação de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal (APACEF); Associação de Gerentes da Caixa Econômica Federal (AGECEF); Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (APECEF); Associação dos Advogados da Caixa Econômica Federal (ADVOCEF); Associação dos Servidores do Ex-BNH e CEF (ASAS-BNH); Associação dos Técnicos Sociais da Caixa (SOCIAL CAIXA); Associação Nacional dos Avaliadores de Penhor da Caixa Econômica Federal (ANACEF); Associação Nacional dos; Engenheiros e Arquitetos da Caixa (ANEAC); Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (FENAE)

Diante da atual conjuntura da maior pandemia do mundo em cem anos, da crise econômica causada pelo coronavírus e mais os ataques dos direitos dos trabalhadores pelo Governo Bolsonaro, mais do que nunca, os bancários se dão conta da relevância do Sindicato em suas vidas.
Por si só, os dados comprovam que os países que possuem os maiores índices de trabalhadores sindicalizados estão entre os que apresentam o melhor desempenho no ranking do IDH – Í-ndice de Desenvolvimento Humano – no mundo.
Mesmo a Alemanha, Irlanda e países baixos, que também se destacam no IDH, possuem índices de sindicalização bem superior ao do Brasil, embora ainda abaixo dos países nórdicos.
Agora, diante da calamidade do Covid-19 e suas consequências sobre a economia, os trabalhadores compreendem ainda mais a necessidade de valorizar o sistema público de saúde, os investimentos públicos e a mediação das entidades sindicais na defesa do emprego, dos direitos, da saúde e da vida.

Os trabalhadores conseguiram uma importante vitória na Justiça que benéfica também diretamente a categoria bancária. Após mais de um mês da criação da Medida Provisória 927/2020, que dispõe sobre as medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), bem como outras providências, o Supremo TRIBUNAL Federal (STF) decidiu, em liminar julgada no dia 29 de abril, que os casos em que o trabalhador é contaminado por Covid-19 passam a ser considerados como doença ocupacional, equiparando-se a acidente de trabalho. A decisão atende a uma reivindicação dos trabalhadores.
“É uma conquista importante para todos os trabalhadores e que beneficia diretamente a categoria bancária. Já que os bancos estão obrigando os funcionários a trabalhar, portanto nada mais justo do que incluir o Covid19 como doença ocupacional caracterizando o acidente de trabalho, já que os patrões estão colocando os trabalhadores em perigo de cotntágio” comemora o diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato, Gilberto Leal.

Explicação da Ementa

A MP 927/2020 prevê que empregado e empregador poderão celebrar acordo individual escrito, a fim de garantir a permanência do vínculo empregatício, que terá preponderância sobre os demais instrumentos normativos, legais e negociais, respeitados os limites estabelecidos na Constituição Federal. Permite, para enfrentamento dos efeitos econômicos decorrentes do estado de calamidade pública, a adoção pelos empregadores, dentre outras, as seguintes medidas: o teletrabalho; a antecipação de férias individuais; a concessão de férias coletivas; o aproveitamento e a antecipação de feriados; o banco de horas; a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho; o direcionamento do trabalhador para qualificação (com suspensão do contrato de trabalho pelo prazo de até quatro meses); e o deferimento do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS. Dispõe ainda sobre a jornada de trabalho para os estabelecimentos de saúde. Estabelece ainda que os casos de contaminação pelo coronavírus (covid-19) serão considerados doenças ocupacionais mediante comprovação do nexo causal.

O pagamento do auxílio emergencial do Governo Federal visando atender a população mais vulnerável e aos trabalhadores desempregados está um verdadeiro caos. A incompetência do Palácio do Planalto e da direção da empresa tem gerado aglomerações e milhares de pessoas alegam dificuldade para sacar os R$600. Na avaliação do movimento sindical a situação caótica pode ser proposital para manchar a imagem do banco público e ganhar apoio da sociedade para o projeto de privatização da instituição financeira. Na avaliação dos sindicalistas o banco tem condições de realizar um atendimento digno ao público sem colocar os empregados em risco, em função das aglomerações que colocam em risco a saúde e a vida dos bancários e dos trabalhadores beneficiados pelo programa social emergencial.
“Estranhamente o governo Bolsonaro e a Direção da Caixa não providenciaram antecipadamente os sistemas da empresa para atender dignamente esta demanda”, critica o vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti.

Descaso com os trabalhadores

Se por um lado a população sofre com as enormes filas, os empregados da Caixa não medem esforços para oferecer o melhor atendimento possível, sendo pressionados a ultrapassar a carga horária de seis horas diárias e a realizar trabalhos nos finais de semana, sem a garantia de recebimento de horas extras. O Sindicato vem recebendo denúncias de agências fechando após as 22h e os empregados sendo orientados a não baterem o ponto com o horário correto de saída. Os sindicatos, o Comando Nacional dos Bancários e a Contraf-CUT protestam ainda contra o trabalho aos sábados e alertam que trabalhar sem registro do ponto é ilegal. Os empregados da Caixa podem denunciar as irregularidades ao Sindicato.

São insuficientes as medidas previstas na instrução normativa do Banco do Brasil para evitar a contaminação nas agências com casos suspeitos ou confirmados de adoecimento pelo novo coronavírus, entre elas, a interrupção do funcionamento da unidade até a sua higienização, com o afastamento apenas de quem trabalha a dois metros da pessoa atingida pelo Covid-19. A avaliação é de Rita Mota, diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB. A cobrança do afastamento total é sempre feita ao banco, mas negada.
A dirigente defendeu o afastamento de todos os funcionários como medida eficaz e preventiva para evitar a disseminação da doença que pode ser fatal. Lembrou que as pessoas circulam pelo local de trabalho e, se estiverem com o vírus, serão fonte de contaminação. Citou o caso da agência Campo Grande, onde dois terceirizados – um vigilante, afastado na semana passada, por 14 dias, e uma funcionária da limpeza, nesta segunda-feira (4/5) – ambos com sintomas claros da Covid-19, em que a agência foi fechada para a higienização e voltará a funcionar normalmente, apesar destes trabalhadores terem tido contato com os demais funcionários. “A contaminação pode ter acontecido. A instrução normativa prevê o afastamento apenas de quem trabalha, em sua mesa, a dois metros do contaminado. Mas as pessoas interagem. No caso da terceirizada da limpeza, passa por todos os ambientes. Pode ter contaminado outras pessoas. A medida mais acertada é o afastamento e a permanência de todos em observação”, argumentou. Segundo a dirigente, manter todos trabalhando é incorrer num risco evidente para funcionários, terceirizados e clientes.

Este 1º de maio é, certamente, o mais diferente que já vivemos. Todos nós, trabalhadoras e trabalhadoras, estamos mergulhados num cenário de incerteza e medo. Como em nenhum momento da história temos que lidar, diariamente, com o temor pela nossa vida e das pessoas que amamos, pelos nossos empregos e direitos, pela nossa liberdade.
A pandemia impôs uma forma de vida que foge ao nosso controle, afeta a rotina, dita novos hábitos que não escolhemos e não gostaríamos de adotar. Cidadãos e cidadãs de todo o mundo vivem desafios diários para manter a saúde física e mental. No Brasil, lidamos ainda com a insegurança de termos um governo que minimiza mortes e estimula a população e os empresários a desrespeitarem medidas de proteção vitais. Não tem sido fácil.

Para algumas categorias profissionais, o coronavírus além de ameaça é um desafio. São trabalhadoras e trabalhadores de serviços essenciais que não têm outra opção a não ser seguir trabalhando, cumprindo papeis fundamentais para que toda a população possa enfrentar essa crise. Nós, bancárias e bancários, fazemos parte desse grupo. Sim, cada um de nós sabe que não é possível suspender nossas atividades e esperar a pandemia passar. A população precisa ter acesso ao dinheiro, realizar pagamentos, comprar alimentos e, para milhões de brasileiros, a esperança de sobreviver vem dos benefícios que são pagos especialmente pelos bancos públicos. Nosso trabalho é essencial e isso precisa ser ressaltado no Dia do Trabalhador.

Desde que os casos de Covid-19 chegaram ao Brasil, temos enfrentado uma luta sem trégua para garantir a saúde dos bancários e bancárias. Nós, do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, temos também enfrentado nossos temores pessoais para seguir, mantendo o sindicato aberto, visitando agências para verificar denúncias, participando de reuniões intermináveis de negociação que à distância se tornam ainda mais desgastante, nos dedicando a canais virtuais de contato com a categoria. Nossa lista de preocupações parece interminável: o tamanho das filas, a cobrança de materiais de proteção, o banco de horas, as férias compulsórias em alguns bancos, a cobrança de metas em outros, a ameaça da suspensão de contratos de trabalho, a luta pelo agendamento. Há também a tristeza profunda pelas vidas perdidas, três bancários no Rio de Janeiro, aos quais prestamos hoje nossa homenagem.

Mas chegamos ao 1º de maio de 2020 também com motivos para nos orgulhar do caminho que percorremos até aqui. Conseguimos o compromisso de manutenção de empregos dos três maiores bancos do país, negociações possibilitaram que mais de 200 mil bancários estejam hoje trabalhando em sistema de home office no país, a implantação de rodízios nas agências, a proteção para os mais vulneráveis, a adoção de medidas de proteção.

Hoje, publicamos fotos de bancários e bancárias que nos mostram, com imagens e palavras, a força que cada um deles tem. Ao olhar nossa categoria, sinto um orgulho imenso. Como sinto dos companheiros e companheiras do sindicato que continuam firmes, seguindo apesar de todas as dificuldades. Para essas mulheres e homens de fibra, quero mandar, ainda que à distância, um abraço e os parabéns por esse 1º de maio. Quero dizer que tenho sim, muito orgulho de ser bancária, como tenho orgulho de ser sindicalista e, num momento tão difícil como esse, poder apostar na solidariedade, no respeito e no apoio mútuo para seguir com esperança. Muito obrigada por caminharmos juntos/as. Parabéns pelo dia de hoje e pela história construída.


Adriana Nalesso,

Presidenta dos Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

Sexta, 01 Mai 2020 12:10

Os que andam contra o vento

PAULO PAIM, Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Vivemos num mundo louco. Em minutos, a vida das pessoas se torna números e se perde na liquidez da modernidade. Um mundo onde tudo é questionado, mas nada é afiançado. O bem-viver não mais irradia do sol, mas declina como um astro no horizonte, ao ocaso.

Ora, vamos nos indignar contra a desesperança e os domínios do desamor e das injustiças, deixando os fantasmas do passado nas sombras. Vamos em frente, abrindo caminhos de resistência com a têmpera da solidariedade e da fraternidade. Adiante, seguindo com a finesa da alma, criando para mudar e, assim, construindo um futuro digno.

Neste 1º de maio - Dia do Trabalhador e do Trabalho –, nos ajuntemos todos com a única certeza de que, tão somente as nossas vozes, em um único canto coletivo, é que farão a diferença. Os problemas do Brasil só serão resolvidos a partir da unidade das forças progressistas, populares e humanitárias.

Os movimentos sindical e social, do campo e da cidade, têm a sua contribuição a dar no exemplo, na razão, na ação coletiva, como sempre fizeram, durante décadas, quando a história exigiu no mais alto grau de responsabilidade e discernimento. É daí que surgem as primaveras e os trigais.

Emile Zola, no século 19, descreveu a luta do povo trabalhador, dos carvoeiros, em Germinal. “Homens brotavam lentamente nos sulcos da terra, crescendo para as colheitas do futuro, cuja germinação não tardaria em fazer rebentar a própria terra.“

O sofrimento daquela época continua nos dias atuais no mundo. Ainda sentimos as dores de uma reforma trabalhista e de uma reforma previdenciária. Elas fragilizaram a situação de milhões de trabalhadores, aposentados e jovens, desconstruindo avanços sociais, que foram alcançados a duras penas. E o pior é que não geraram um emprego sequer, conforme argumentavam. Os pobres ficaram mais pobres e a concentração de renda aumentou.

Recentemente, a MP 905, do Contrato de Trabalho Verde e Amarelo, caducou e foi arquivada graças à unidade e a força dos movimentos sindical e social e da sociedade. Se ela fosse à sanção da Presidência da República, com certeza, o país estaria legalizando o trabalho escravo e sepultando direitos legais, como férias e 13º, entre outros.

Mas é preciso muita atenção. Eles pretendem mandar outra medida provisória com o mesmo teor ou até mais radical. E isso nós não vamos aceitar de jeito nenhum. E ainda estamos de olho nas MPs 927 e 936. Necessitamos, neste momento, é de medidas de inclusão social e de equilíbrio nas relações do mundo do trabalho.

Com a pandemia do coronavírus, o país se viu embretado em uma precária estrutura de saúde e de manutenção e geração de empregos e renda. Com a participação dos movimentos sindical e social, apresentamos várias propostas e emendas para resolver esses problemas, como a suspensão dos empréstimos consignados, a ampliação do seguro-desemprego até o final do ano e a obrigatoriedade de EPIs.

Apresentamos também medidas para garantir a sobrevivência das micro e pequenas empresas, que geram 60% dos empregos e representam 25% do PIB nacional. Por isso que a solidariedade e os esforços de todos, neste momento, é importantíssimo. É isso que faz a diferença. E aqui eu falo dos mais de 4 mil empresários do Movimento Não Demita, que se comprometeram a preservar mais de 2 milhões de empregos.

Não é exagero algum dizer que as perspectivas para o país são aterrorizantes. Especialistas já falam em mais de 20 milhões de desempregados, que iram se somar aos 40 milhões de trabalhadores informais e aos 50 milhões de pobres. A comunidade negra e os povos indígenas, por serem os mais vulneráveis, serão os mais atingidos. Conforme a Central Única das Favelas (Cufa), existem 13,6 milhões de pessoas nessas comunidades. É obvio que a miséria e a fome irão aumentar. Temos que pensar na taxação das grandes fortunas, na flexibilização da EC 95, para investir principalmente no SUS, no SUAS, nos CRAS e na geração de empregos e renda.

O que importa é a saúde e a felicidade das pessoas. E, para buscá-las, não precisamos perder a nossa essência e nem o nosso jeito de andejar. Neste 1º maio, não temos nada a comemorar, mas temos sim a certeza - e ela faz povoado em nossos corações -, de que é preciso buscar os nossos sonhos, que não estão perdidos, mas apenas esperando o nosso grito de indignação.

Os Omahas são um povo indígena das planícies norte-americanas, ligados aos Sioux. Assim como eles, somos persistentes e lutamos por dignidade, mesmo que queiram calar as nossas vozes. Pensamos e desafiamos o presente e o futuro. “Ceux qui marchent contra le vent”. Somos como eles, “Os que andam contra o vento”.

Paulo Paim é senador da República (PT/RS). Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado.

Este 1º de maio é, certamente, o mais diferente que já vivemos. Todos nós, trabalhadoras e trabalhadoras, estamos mergulhados num cenário de incerteza e medo. Como em nenhum momento da história temos que lidar, diariamente, com o temor pela nossa vida e das pessoas que amamos, pelos nossos empregos e direitos, pela nossa liberdade.
A pandemia impôs uma forma de vida que foge ao nosso controle, afeta a rotina, dita novos hábitos que não escolhemos e não gostaríamos de adotar. Cidadãos e cidadãs de todo o mundo vivem desafios diários para manter a saúde física e mental. No Brasil, lidamos ainda com a insegurança de termos um governo que minimiza mortes e estimula a população e os empresários a desrespeitarem medidas de proteção vitais. Não tem sido fácil.

Para algumas categorias profissionais, o coronavírus além de ameaça é um desafio. São trabalhadoras e trabalhadores de serviços essenciais que não têm outra opção a não ser seguir trabalhando, cumprindo papeis fundamentais para que toda a população possa enfrentar essa crise. Nós, bancárias e bancários, fazemos parte desse grupo. Sim, cada um de nós sabe que não é possível suspender nossas atividades e esperar a pandemia passar. A população precisa ter acesso ao dinheiro, realizar pagamentos, comprar alimentos e, para milhões de brasileiros, a esperança de sobreviver vem dos benefícios que são pagos especialmente pelos bancos públicos. Nosso trabalho é essencial e isso precisa ser ressaltado no Dia do Trabalhador.

Desde que os casos de Covid-19 chegaram ao Brasil, temos enfrentado uma luta sem trégua para garantir a saúde dos bancários e bancárias. Nós, do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, temos também enfrentado nossos temores pessoais para seguir, mantendo o sindicato aberto, visitando agências para verificar denúncias, participando de reuniões intermináveis de negociação que à distância se tornam ainda mais desgastante, nos dedicando a canais virtuais de contato com a categoria. Nossa lista de preocupações parece interminável: o tamanho das filas, a cobrança de materiais de proteção, o banco de horas, as férias compulsórias em alguns bancos, a cobrança de metas em outros, a ameaça da suspensão de contratos de trabalho, a luta pelo agendamento. Há também a tristeza profunda pelas vidas perdidas, três bancários no Rio de Janeiro, aos quais prestamos hoje nossa homenagem.

Mas chegamos ao 1º de maio de 2020 também com motivos para nos orgulhar do caminho que percorremos até aqui. Conseguimos o compromisso de manutenção de empregos dos três maiores bancos do país, negociações possibilitaram que mais de 200 mil bancários estejam hoje trabalhando em sistema de home office no país, a implantação de rodízios nas agências, a proteção para os mais vulneráveis, a adoção de medidas de proteção.

Hoje, publicamos fotos de bancários e bancárias que nos mostram, com imagens e palavras, a força que cada um deles tem. Ao olhar nossa categoria, sinto um orgulho imenso. Como sinto dos companheiros e companheiras do sindicato que continuam firmes, seguindo apesar de todas as dificuldades. Para essas mulheres e homens de fibra, quero mandar, ainda que à distância, um abraço e os parabéns por esse 1º de maio. Quero dizer que tenho sim, muito orgulho de ser bancária, como tenho orgulho de ser sindicalista e, num momento tão difícil como esse, poder apostar na solidariedade, no respeito e no apoio mútuo para seguir com esperança. Muito obrigada por caminharmos juntos/as. Parabéns pelo dia de hoje e pela história construída.


Adriana Nalesso,

Presidenta dos Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

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