Quinta, 28 Julho 2022 18:38

Crescem no Santander protestos contra reestruturação, sobrecarga de trabalho e adoecimento

Nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, o protesto foi em Bonsucesso Nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, o protesto foi em Bonsucesso

Olyntho Contente

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

Os protestos diários que começaram na última terça-feira (26/7) em todo o país, contra a imposição de uma reestruturação desumana pelo Santander se ampliaram. Houve manifestações e paralisações também na quarta e nesta quinta-feira e devem continuar, segundo Marcos Vicente, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e membro da Comissão de Organização dos Empregados (COE).

No Rio de Janeiro os protestos aconteceram, no Centro da Cidade, na terça-feira; na quarta, no Méier; e nesta quinta-feira, em Bonsucesso. Durante a atividade, a diretoria do Sindicato conversou com os bancários, mobilizando para a Campanha Nacional Unificada.

“Não vamos parar até a suspensão desta reestruturação desumana que engloba a ampliação do horário de atendimento sem novas contratações, trazendo sobrecarga de trabalho e, como consequência, o aumento do adoecimento; além das terceirizações através de empresas do próprio Santander, mas com menores salários e menos direitos. A ampliação do horário de atendimento sem a necessária contratação, também aumenta as filas prejudicando os clientes já que não há número suficiente de bancários para dar conta do atendimento”, criticou o dirigente.

O banco extinguiu, ainda, os cargos de gerentes de atendimento. A mudança arbitrária tem gerado aumento ainda maior do acúmulo de trabalho.

Lucro dobrou

Tudo isto vem acontecendo mesmo sendo o Brasil responsável por 27% do lucro mundial do Santander. “Em vez de valorizar os funcionários daqui pelo excelente trabalho, o banco nos trata desta forma”, disse.

Também diretora do Sindicato, Maria de Fátima Guimarães chamou a atenção para o fato de que toda esta situação que beira a insanidade acontece sem a mínima justificativa já que o lucro do banco espanhol no Brasil dobrou neste trimestre em relação ao ano anterior. “O lucro líquido recorrente do segundo trimestre ficou em R$ 4,171 bilhões, muito acima da estimativa dos analistas que era de R$ 3,979 bilhões. Só a ganância pode ser apontada como motivo para tantos ataques à categoria e aos clientes brasileiros”, afirmou.

O Santander fez uma jogada contábil para reduzir seu lucro: reservou R$ 3,325 bilhões em provisões para créditos de liquidação duvidosa, sem levar em conta uma provisão extraordinária de R$ 3,2 bilhões que o banco reservou um ano antes para potenciais empréstimos inadimplentes decorrentes da pandemia.

Contradição

Marcos Vicente classificou como um verdadeiro massacre o fato do banco espanhol ter expandido os canais digitais e ao mesmo tempo ampliado o horário de atendimento nas agências. “Fica explícita a contradição numa gestão da idade da pedra, atrasada, desumana e tacanha, feita para impor um massacre aos bancários, já que a ampliação só poderia ser feita com novas contratações, o que não aconteceu, mas sim, a ampliação das demissões”, disse.

A reestruturação vem sendo imposta, sem qualquer negociação com o movimento sindical bancário desde 2021. “No balanço do ano passado é possível ver que o saldo de postos de trabalho teve um pequeno aumento. O que o balanço esconde é que isto aconteceu devido a demissão de bancários e a contratação de substitutos por empresas terceirizadas pertencentes ao próprio Santander com salários e direitos muito menores do que os recebidos pela categoria bancária”, argumentou.

Mídia