EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
De forma unilateral, sem negociar com sindicatos, o banco Santander decidiu ampliar o horário de abertura de suas agências. Chamada de "semana desendivida", o período de 14 a 18 de março terá o horário de atendimento estendido pelo banco Santander em suas agências até às 18h.
"Mais uma vez o banco espanhol mostra a sua falta de diálogo com o movimento sindical e o completo desprezo que tem para com os seus funcionários. Em momento algum fomos consultados ou comunicados sobre o evento", critica o diretor do Sindicato do Rio e membro da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Marcos Vicente.
Basta não demitir
A alegação da diretoria do Santander é de que tem havido uma grande procura de clientes para negociação de dívida, e que por isso, há uma necessidade de ampliação do horário de atendimento.
"Essa ampliação do horário de atendimento seria desnecessária se ao invés de demitir em massa e fechar agências físicas, o banco espanhol contratasse mais funcionários para melhor atender aos clientes e usuários", avalia o presidente do Sindicato José Ferreira.
Para o movimento sindical o atendimento precário nas agências causado pelas dispensas em massa e fechamento de unidades físicas não se justificam, já que a relação entre receita de tarifas cobradas aos clientes equivale a 210% da folha de pagamento. O Santander registrou um lucro líquido gerencial em 2021 de R$ 16,347 bilhões, alta de 7% em relação ao ano anterior.
"Só com receita de tarifas o Banco Santander poderia ter o dobro de funcionários para atender a clientela e sem a menor necessidade de extensão do horário de trabalho dos bancários”, afirma Vicente. O sindicalista disse ainda que o banco sequer atendeu a reivindicação da COE de pagamento de horas extras para aqueles que tiverem a sua jornada extrapolada, insistindo em utilizar a compensação via banco de horas.
Situação crítica
A situação nas agências do Santander chegou a uma situação crítica em todo o país. O número reduzido de funcionários, as metas desumanas e cada vez mais difíceis de serem batidas e a sobrecarga de trabalho têm levado os bancários ao esgotamento físico e psicológico e ao adoecimento.
Atualmente há 1163 clientes para cada bancário. Isso considerando todo o conglomerado Santander, pois sem esse fator, a relação clientes / Bancários dispara ainda mais.
"Os clientes também são penalizados pelo número insuficiente de bancários. Expostos ao sol de 40 graus em filas intermináveis do lado de fora das agências, a população leva horas para ser atendida. No interior da unidade encontramos poucos gerentes e geralmente apenas uma pessoa atendendo no caixa, muitas vezes um Gerente de Negócios (GNS ) de jornada de seis horas que sequer recebe gratificação para atuar no caixa", acrescenta Vicente.
A luta vai continuar
A direção do Santander alega que essa ampliação de horário teria sido a única alternativa encontrada "para dar prosseguimento ao programa desendivida sem ter que abrir as agências aos finais de semana". A justificativa não é aceita pelo movimento sindical.
Num sábado do dia 22 de janeiro deste ano, também sem negociar com o movimento sindical, sem aviso prévio e num total desrespeito aos funcionários, o Santander tentou impor o trabalho no final de semana, mas teve a sua tentativa frustrada por conta das ações judiciais vitoriosas promovidas pelo Departamento Jurídico do Sindicato e outras em nível nacional, além da mobilização nacional dos bancários.
"É fato que se o movimento sindical não tivesse barrado mais essa tentativa de abertura das agências aos finais de semana, seria muito provável o risco de que esse evento estivesse se repetindo toda a semana no banco", acrescenta. O dirigente sindical disse ainda não ser contra o programa promovido pelo banco em busca de atender melhor os clientes endividados.
"Nós vamos continuar a preservar os direitos e a saúde dos bancários. E o melhor caminho para os impasses é sempre o do diálogo e da negociação, o que o Santander tem se negado a fazer", conclui Marcos.