Quarta, 25 Agosto 2021 20:55

Santander ignora pandemia e anuncia festa em estádio para comemorar seu lucro

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Ignorando a pandemia do novo coronavírus e pouco se importando com a vida dos funcionários, o Santander anunciou o retorno ao trabalho presencial. Não satisfeito, o banco espanhol foi além e divulgou que para comemorar seu lucro recorde fará um Encontro Anual 2021 reunindo funcionários de todo o país em 11 de dezembro, no estádio do Corinthians.

“Motivos para celebrar não faltam, obviamente que atentos às especificidades do momento”, diz comunicado do Encontro Anual divulgado pelo Santander que lucrou R$ 13,8 bilhões em 2020, em meio a um cenário que resultou em mais de 570 mil mortes de covid-19 e mantém 14,8 milhões de desempregados.

A decisão, precipitada e desumana, não leva em conta o fato do Brasil ser o segundo país em número de mortos – com 575.742 óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos, com 629,8 mil – e do contágio da doença estar muito longe do controle, o que só aconteceria quando 80% da população fosse vacinada: chegamos a pouco mais de 26%. O presidente do Sindicato, José Ferreira, condenou a decisão. E adiantou: “Estamos aguardando uma reunião com o Santander sobre diversas questões pendentes e vamos cobrar do banco também sobre a exposição ao risco de saúde e a vida dos bancários num evento desse porte durante a pandemia”.

Marcos Vicente, diretor do Sindicato e integrante da Comissão de Organização dos Empregados (COE) questionou as decisões do Santander. Sobre o encontro no estádio indagou: “Comemorar o quê? Para o banco, comemorar um lucro extraordinário parece por demais relevante. Mas a que custo?”, numa referência ao risco óbvio de contaminação, devido à aglomeração. “É preciso ter responsabilidade. Estamos chegando a 600 mil mortos e a variante delta é muito preocupante”, lembrou.

Marcos Vicente frisou que o Santander foi o primeiro banco a desrespeitar o protocolo de prevenção à covid-19 nas agências que passaram a funcionar normalmente, mesmo com o risco de vida. “Vários bancários contraíram a doença, várias agências foram fechadas em função da contaminação. O Santander foi, também, o primeiro a demitir na pandemia, rompendo compromisso firmado com o Comando Nacional dos Bancários, em março de 2020, de não realizar dispensas durante a pandemia”, afirmou.

Acrescentou que muitos bancários estão adoecendo, ainda, devido à pressão por metas e sobrecarga de trabalho ocasionada pelas demissões. Disse também que, apesar do lucro recorde, a terceirização no Santander está a todo vapor e bancários estão sendo substituídos por mão de obra de baixo custo e com poucos diretos.

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