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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Santander divulgou um lucro de R$13,849 bilhões em 2020. O resultado já é extraordinário ante um contexto de crise sanitária que agravou a recessão e quebrou indústrias e estabelecimentos comerciais. No entanto, como as demais instituições financeiras privadas, o grupo espanhol, na verdade, faturou mais, pois utilizou da estratégia comum de transferir a maior parte de seus ganhos para a chamada Provisão de Devedores Duvidosos (PDDs), uma garantia temendo futuros calotes em função da recessão econômica. Desconsiderando o efeito da provisão extraordinária (PDD), o lucro seria ainda maior, alcançando os R$ 15,609 bilhões, alta de 7,3% em doze meses.
Demissões em massa
“Acho que neste contexto de crise e falências agravadas pela pandemia, os bancos ficaram com vergonha de divulgar que seus ganhos foram ainda maiores do que em 2019 e transferiram a maior parte do que faturaram para os PDDs, dando a impressão de que tiveram lucros menores em 2020. Além de viver, nem perto, a crise econômica que derrubou o setor produtivo e gerou milhões de desempregados, o Santander fechou agências físicas e demitiu em massa. E mesmo faturando bilhões todo o ano, o sistema financeiro ainda recebeu R$1,2 trilhão do Governo Bolsonaro. Em troca demitem milhares de bancários”, critica o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio e membro da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Marcos Vicente.
A holding encerrou o ano com 44.599 empregados, 3.220 postos de trabalho a menos em doze meses, sendo 2.593 entre março e dezembro de 2020, mesmo após o Santander ter assumido o compromisso de não demtir durante a pandemia.
“É com o suor dos bancários brasileiros que o Santander consegue a maior parte dos seus lucros mas em troca, em vez de valorizar os funcionários, o banco demite em massa, assedia e despreza”, acrescenta Vicente.
Mas não são somente os bancários que pagam com a redução de mão-de-obra e redução de agências físicas nos bancos. Clientes e usuários sofrem com mais filas e demora no atendimento, sobrecarregando ainda mais quem continua a trabalhar nas agências. Em um ano, o Santander fechou 175 agências, 106 delas entre abril e dezembro de 2020.
Os sindicatos denunciam ainda o adoecimento dos bancários em função do aumento da cobrança por metas, inclusive com prática de assédio moral.