Quinta, 24 Setembro 2020 19:40

No Santander, bancários protestam contra demissões durante a pandemia

No Rio de Janeiro houve paralisação no prédio administrativo da Presidente Vargas e atos em agências No Rio de Janeiro houve paralisação no prédio administrativo da Presidente Vargas e atos em agências Foto: Nando Neves

Olyntho Contente

SeebRio

Paralisações e manifestações de rua mobilizaram bancários do Santander nas principais cidades do país, nesta quinta-feira (24/9), Dia Nacional de Luta em Defesa do Emprego. O protesto foi contra as demissões em massa que vêm sendo feitas pelo banco espanhol no Brasil, rompendo acordo com o movimento sindical bancário que prevê a não demissão enquanto perdurar a disseminação do novo coronavírus.

No Rio de Janeiro, a paralisação foi no prédio administrativo do Santander na esquina das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, e nas agências Rio Branco e Select. Houve também protesto em frente à agência Work Café, na Rio Branco. A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, avisou que as mobilizações vão continuar e se intensificar até que seja suspenso o processo de demissões que desrespeita o compromisso firmado pelo banco e joga na rua pais e mães de família, num conglomerado extremamente lucrativo.

Convocou os funcionários a participarem da campanha nas redes sociais contra as demissões e em defesa do emprego. Adiantou que os bancários brasileiros estão articulando uma campanha internacional contra as demissões e pela valorização da categoria, a ser coordenada pela Uni Finanças, entidade mundial de representação das bancárias e bancários.

Demissão por telefone

O diretor do Sindicato, Marcos Vicente, lembrou que o banco vem agindo de forma covarde e desrespeitosa comunicando as dispensar por telefone aos que estão em teletrabalho e do grupo de risco. “O protesto nacional desta quinta-feira foi mais uma resposta às demissões que estão sendo feitas pelo grupo apenas no Brasil, que é responsável por 32% do lucro mundial do Santander. Exigimos o mesmo tratamento que na matriz, na Espanha, onde não há demissões”, afirmou.

No Vila Santander Carioca “Call Center” a situação é pior. Na unidade, os gestores são obrigados a mentir.  Se o funcionário é do grupo de risco, portanto em casa, mas não em home office, basta uma ligação para demitir em plena a pandemia. Já para os que estão em home e com o equipamento do banco, os gestores inventam cursos, atualização de sistema e rodízio para atraí-los ao local e efetivar a demissão.

Outra situação grave é a do exame demissional marcado para o mesmo momento da demissão. A prática havia sido extinta via negociação com o movimento sindical. Porém foi retomada visando a retirar do bancário a possibilidade de comprovar, via documentação, a sua real condição de saúde e o direito a um exame mais completo, isento e imparcial. Conforme denúncia, alguns gestores acompanhavam o funcionário desde o ato do desligamento, passando pelo exame médico, até a saída das dependências da empresa. 

Gestantes e cipeiros

O banco espanhol vem ignorando solenemente as leis brasileiras, chegando ao absurdo de demitir gestantes e membros de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). A dispensa de gestantes, protegidas pela estabilidade prevista em lei, tem ocorrido em São Paulo. A coordenadora da Comissão de Empregados (COE) do Santander, Luciamara Malaquias frisou que o sindicato paulista conseguiu a reintegração de uma das bancárias, procurada posteriormente por advogados do banco para fazer acordo de não reintegração, mostrando como o banco se comporta de forma fria e desumana.

Foram demitidos, ainda, três integrantes da Cipa do Call Center “Vila Santander Carioca”, duas, no dia 8, e outra em 17 de setembro. O banco decidiu unilateralmente não realizar a eleição da Cipa em setembro. Pelas leis brasileiras, o empregado integrante da Cipa goza de estabilidade no emprego, desde o registro da candidatura até um ano após o final de seu mandato, conforme artigo 10, II, “a”, do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias): II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:

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