Quarta, 29 Julho 2020 11:42
CAMPANHA NACIONAL

Negociações com Santander continuam nesta sexta-feira (31)

Banco espanhol usa estratégia de elevar Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) mesmo com queda de inadimplência, reduzindo lucros oficiais
Bancários do Rio espalharam outdoors protestando contra as demissões no Santander e cobram respeito nas negociações com os funcionários Bancários do Rio espalharam outdoors protestando contra as demissões no Santander e cobram respeito nas negociações com os funcionários

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander volta a se reunir com se reunir com representantes do banco nesta sexta-feira, dia 31 de julho. Na primeira negociação realizada na terça (28) as duas partes trataram de demandas sobre banco de horas negativas e aditivo sobre compartilhamento de dados pessoais dos funcionários. Os bancários cobraram ainda mudanças nos procedimentos de testagem para Covid-19.

Banco de horas negativas

O Santander apresentou uma proposta sobre banco de horas. A representação dos trabalhadores solicitou alterações para avançar neste item e o banco ficou de analisar as reivindicações e responder na reunião desta sexta (31).

Dados dos funcionários

Os sindicalistas questionaram também sobre uma proposta de aditivo ao contrato de trabalho que o banco está fazendo diretamente com os trabalhadores. Assinado o aditivo, os funcionários autorizam o Santander a compartilhar dados pessoais e permitir o uso de imagem dos funcionários, decisão que o movimento sindical repudia.

“A nossa orientação é a de que os bancários não assinem o tal aditivo até que as negociações sobre o assunto estejam concluídas”, afirma o diretor do Sindicato do Rio, Marcos Vicente, membro da COE e que participou do encontro realizado através de videoconferência. O sindicalista lembra que o banco não informou qual a finalidade do compartilhamento das informações pessoais dos empregados e que isto contraria a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.

Protocolos da Covid-19

Outro questionamento feito pela COE foi em relação à alteração feita pelo Santander nos protocolos para testagem e retorno ao trabalho de funcionários com suspeita de Covid-19 ou que tiveram contato com quem foi ou está infectado. Para estes casos, o banco confirmou que uma realizou parceria com algumas redes de farmácias e fará o teste rápido (eco teste) nestes funcionários. Caso seja confirmada a contaminação pelo novo coronavírus, o funcionário será afastado e todos serão monitorados por 14 dias para verificar se há o surgimento de sintomas de Covid-19. O funcionário que testar positivo fará uma testagem pelo método de biologia molecular (teste RT-PCR) para confirmar ou não o resultado.  

Os sindicalistas estão preocupados com a possibilidade de os trabalhadores que tiverem resultado negativo pela testagem rápida retornarem ao trabalho o que pode colocar em risco seus colegas, uma vez que este tipo de teste tem cerca de 30% de dar resultado errado.  

O banco se comprometeu que, independente do teste, fará o acompanhamento das pessoas por 14 dias para verificar se há o surgimento de sintomas da doença. E pediu o prazo de um mês para analisar os resultados deste novo protocolo de procedimentos. O banco disse que manterá o canal de diálogo com o movimento sindical para tratar deste tema e que poderá rever os procedimentos caso, em conversações com os trabalhadores, se verifique falhas nestas mudanças.

“O problema é que estamos tratando de proteger a vida dos bancários. Esperar trinta dias para avaliar se as alterações deram ou não certo é muito tempo”, avalia Marcos Vicente.

Além dos itens que debatidos na primeira reunião, o banco quer tratar nas próximas negociações sobre o teletrabalho e a Participação dos Lucros e Resultados (PLR), que também já deverão ser tratados no encontrodesta sexta-feira (31).

Fonte: Contraf-CUT

 

Santander faz provisão de R$3,2 bi e lucros caem 41% no 2º trimestre

 

Seguindo a estratégia dos demais bancos que formam o cartel do sistema financeiro nacional (Itaú e Bradesco), o Santander Brasil disponibilizou R$3,2 bilhões para Previsão de Devedores Duvidosos (PDD), garantindo recursos para possíveis calotes em função da crise econômica causada pelo novo coronavírus. A decisão tem influência no resultado oficial do lucro da empresa, que teve uma queda no segundo trimestre. O lucro líquido recorrente somou R$2,136 bilhões de reais no período, queda de 41,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O total de provisões para perdas com operações de crédito mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior, saltando para R$6,534 reais.

Apesar das previsões negativas do mercado, a inadimplência no Santander  em 90 dias caiu de 3% para 2,4%, no primeiro trimestre. Como o Santander concedeu a seus clientes um período de carência de 90 dias para ajudá-los a enfrentar a crise do coronavírus, a inadimplência de empréstimos não reflete totalmente potenciais perdas relacionadas à crise do coronavírus.

Ainda assim, a carteira de empréstimos do banco cresceu 1,2% no trimestre, impulsionada por empresas de todos os portes. O estoque de crédito para pessoas físicas encolheu.

A unidade brasileira do grupo espanhol registrou um aumento de 13,4% na margem financeira (R$13,620 bilhões).

“Mesmo com a recessão econômica, o setor financeiro continua sendo o mais lucrativo do país. Os bancos têm todas as condições de atender as reivindicações da categoria”, conclui Vicente.

 

 

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