Segunda, 06 Julho 2020 22:44
SANTANDER

PLR não é um favor do banco, é direito, e não ameniza prejuízos das demissões

Após propor redução de direitos e salários, banco põe panos quentes para encobrir demissões e surfa em direito conquistado pela categoria

Após o Santander demitir em massa no Brasil – já passam de 433 trabalhadores dispensados em todo o país – o banco tenta “colocar panos quentes” para encobrir a realidade das demissões em massa promovidas no Brasil, postando uma informação do que seriam ‘três boas notícias’, entre elas, o pagamento integral da regra básica da PLR (Participação nos Lucros e Resutados) de 2020, “apesar do entorno muito mais desafiador”, diz o comunicado compartilhado pela direção da empresa.

“O curioso é que o banco chama de ‘entorno muito mais desafiador’, o que deverá ser a maior crise econômica da história do Brasil causada pela incompetência da gestão Bolsonaro no combate à Covid-19 e na política econômica, que só retira direitos, eleva o desemprego, precariza o trabalho com avanço da informalidade e arrocha os salários, este governo que o Santander ajudou a eleger e apoia”, critica o diretor do Sindicato, Marcos Vicente.

A presidenta da entidade Adriana Nalesso lembra que a PLR não é uma concessão dos bancos. “Pode até ser que alguns dos bancários mais jovens não saibam, mas a PLR não é um favor do Santander. Esta boa notícia não é uma concessão da empresa,” critica.

O grupo espanhol sai na frente da eterna obsessão dos bancos e grandes empresas de retirarem direitos dos trabalhadores. Recentemente, o presidente da instituição no Brasil, Sérgio Rial, ao declarar que o trabalho Home Office veio para ficar, disse numa entrevista voltada ao mercado, que o empregado que executa sua atividade em teletrabalho, “tem que devolver a empresa o que ele economiza ao não trabalhar em unidades físicas do banco”, disse citando o corte de direitos, como tíquetes refeição e alimentação e a redução de remuneração.

Síndrome de Alice

Na última negociação com a COE (Comissão de Organização dos Empregados), realizada no dia 1º de julho, representantes da área de RH do banco disseram apenas que foram dispensas pontuais “por falta de produtividade segundo critérios normais de avaliação de desempenho”. Os sindicatos rebatem e lembram que funcionários com ótimos resultados foram mandados embora. E os números divulgados pela imprensa desmentem a versão da empresa quanto às demissões: a Folha de S. Paulo revelou que, só em junho, foram em média 20 trabalhadores demitidos por dia. Os representantes da empresa negam ainda a pressão da cobrança de metas, o que também não condiz com as inúmeras denúncias que não param de chegar às entidades sindicais.

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