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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Em matéria em seu site a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) noticiou as denúncias feitas pelo movimento sindical bancário, durante assembleia de acionistas do Santander, na Espanha, sobre a prática por parte da filial brasileira de abusos e desrespeitos contra os trabalhadores e a população do Brasil, que respondem por 17% do lucro global do conglomerado espanhol. A manifestação ocorreu nesta sexta-feira (22/3) na presença da presidenta do banco, Ana Patrícia Botín.
“Fraudes de contratação, demissões arbitrárias, ataques ao plano de pensão e aos convênios de saúde, assédio moral e sobrecarga de trabalho têm sido parte do nosso cotidiano, gerando altos índices de adoecimento entre nossos colegas e uma total ausência de solução dos conflitos através da negociação coletiva. Esta situação obriga os trabalhadores a buscar na justiça o que deveria ser resolvido de forma negocial aumentando, assim, o passivo trabalhista e comprometendo a estabilidade futura”, denunciou aos acionistas Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionária do Santander.
A assembleia foi realizada em Boadilla Del Monte, a cerca de 30 quilômetros de Madrid. No mesmo dia (22/3), os bancários e sindicatos espanhóis deflagraram greve-geral no país para reivindicar reajuste salarial e a renovação do acordo coletivo de trabalho.
Clientes também desrespeitados
Marcos Vicente, diretor do Sindicato e membro da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, acrescentou que outro dado preocupante e grave é o que toda a situação denunciada por Lucimara gera sobre a saúde dos bancários e bancárias. “Justamente por causa do assédio das metas e as condições precárias de trabalho, com o aumento absurdo e desumano da sobrecarga em função das demissões, o número de adoecidos tem crescido assustadoramente”, frisou.
“E esta realidade pode se agravar ainda mais como efeito desta reestruturação do Santander no Brasil que retirou os gerentes pessoa jurídica das agências, os Van Gogh, em prejuízo, também da população. Os clientes na maioria das vezes chegam às agências e as encontram com número reduzidíssimo de pessoal. Sem contar com o fechamento de agências que tem ocorrido em prejuízo dos clientes”, afirmou.
Botin diz querer diálogo
Ana Botín citou o Brasil diversas vezes, em seu discurso, ressaltando a importância do país para o grupo, e respondeu diretamente à Lucimara que em breve interlocutores do banco no Brasil buscarão o movimento sindical para dialogar sobre os problemas denunciados.
“Queremos solução, respeito e que o banco assine o acordo macro global, e demonstre seu compromisso com uma atuação socialmente responsável. Seguiremos denunciando em todos os espaços os desmandos do Santander, nossa luta é por justiça! O mundo está de olhos atentos para empresas q só se preocupam com seus lucros” afirma Lucimara.
Lucro, lucro, lucro
A presidenta mundial do Santander, Ana Botín, e demais membros do Conselho, apresentaram os lucros e resultados aos acionistas, ignorando completamente a greve realizada no lado de fora, organizada justamente pelos trabalhadores, os maiores responsáveis pelos resultados.
Nos últimos 10 anos, o resultado para o acionista do Santander subiu 7 vezes. Em 2023, foram distribuídos 5,5 bilhões de euros na forma de dividendos.
O movimento sindical espanhol também participou da assembleia e denunciou o completo silêncio do banco com o que se passa no cotidiano dos trabalhadores.
Práticas imorais, ilegais e antiéticas
Em um palco montado para celebrar os resultados, diversas intervenções denunciaram práticas imorais, ilegais e antiéticas. “O que demonstra que a sociedade civil está mais atenta a práticas que ferem princípios éticos, a sustentabilidade, a vida e os direitos humanos”, enfatiza Lucimara.
Amazônia e genocídio em Gaza
Chamou a atenção a denúncia de representantes do Greenpeace, que cobraram ações concretas contra o desmatamento da Amazônia. Outro ponto da assembleia que mereceu destaque foi a participação de um acionista que cobrou medidas de combate contra a guerra e o genocídio na Palestina. Em sua fala, o acionista acusou o Santander de manter negócios com empresas que produzem armas nucleares e aviões de guerra. “O Santander tem mãos sujas de sangue”, afirmou.