Sexta, 24 Novembro 2023 10:02

Santander exalta diversidade em comunicado, mas realidade é de negros discriminados

A discriminação no mercado de trabalho bancário, inclusive no próprio Santander, mostra que o comunicado não condiz com a realidade no banco A discriminação no mercado de trabalho bancário, inclusive no próprio Santander, mostra que o comunicado não condiz com a realidade no banco Foto: Divulgação

 Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

Em função do Dia da Consciência Negra (20 de novembro), o Santander divulgou um comunicado interno, via e-mail, afirmando que os números no banco “fortalecem nossa visão de diversidade para as pessoas pretas e pardas”.

O texto, que trata da diversidade racial na instituição, é assinado por Ede Ilson Vianii, que é branco e vice-presidente executivo, responsável por Tecnologia & Operações e membro do Conselho de Administração do banco espanhol. O comunicado foi publicado no site do Santander,

Um dos poucos dados citados no comunicado afirma que 35,4% dos profissionais do Santander são negros (pretos e pardos), uma evolução de seis pontos percentuais, mas, segundo matéria da Contraf-CUT, o texto não informa em que período foram levantados os números apresentados.

"O Santander, como os demais bancos privados, não tem negros em cargos de comando, que são os que possuem as maiores remunerações. No discurso há diversidade, mas na prática, a história não é bem assim. Pretos e pretas continuam sendo discriminados no mercado de trabalho bancário, tanto na contratação, quanto na ascensão profissional", avaliou a diretora do Sindicato Maria de Fátima, lembrando que as mulheres negras são ainda mais discriminadas.

Brancos no topo

No Santander, pessoas brancas compõem 100% do conselho de administração e 96% da diretoria. Entre os diretores, apenas 2% são pardos. Os outros 2% são amarelos ou indígenas. Não há nenhum preto nem no conselho de administração e nem na diretoria. Os dados são do Formulário de Referência 2023, referente ao exercício do ano de 2022. Ainda de acordo com o mesmo levantamento, os brancos compõem 85,7% dos 1.291 cargos de liderança, os pretos 1,7% e os pardos 7,3%.

Fórum confirma racismo

Os números do VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado neste mês de novembro em Porto Alegre, mostraram que de um total de aproximadamente 450 mil trabalhadores e trabalhadoras bancários, os negros ocupavam apenas 110 mil vagas. Em 2021, pretos e pardos representavam 20,3% da totalidade das ocupações relacionadas aos cargos de liderança na categoria bancária, enquanto os brancos representavam 75,5% destes mesmos cargos.

Entre os mais jovens

Entre os bancários e bancárias mais jovens, de trabalhadores com até 29 anos (17,8% da categoria), a situação da desigualdade persiste. Desse grupo, apenas 31,6% eram negros, e em maior número entre 18 e 24 anos.
"O setor financeiro reproduz a discriminação no mercado de trabalho brasileiro, em relação à contratação, ascensão profissional e renda média e em alguns casos, de forma ainda mais grave do que em outros setores econômicos. Vamos continuar cobrando do Santander a igualdade de oportunidades em relação à raça, ao gênero e à orientação sexual",, explicou Marcos Vicente, diretor do Sindicato do Rio e representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados).

Mídia