Quinta, 26 Outubro 2023 16:31

Santander lucra R$ 7,2 bi em nove meses, demite trabalhadores e terceiriza mão de obra

Banco espanhol usa velha estratégia de elevar PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) em 23,8%, o que oculta ganhos ainda maiores

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

O Santander obteve, no Brasil, lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões nos nove primeiros meses de 2023. Apesar do resultado representar uma queda de 36% em relação ao mesmo período de 2022, houve crescimento de 18,2% no trimestre. No entanto o grupo espanhol utilizou uma velha estratégia do setor financeiro privado, elevando a PDD (Provisão para Devedores Duvidosos), que cresceu 23,8%, o que representa uma contradição, já que a inadimplência foi de apenas 3% e deverá ter uma redução ainda maior no setor, em função dos programas do governo federal “Desenrola Brasil” e “Renegocia!”, para renegociação de dívidas dos brasileiros.

Terceirização e contratação irregular

Apesar dos lucros, o banco continua demitindo em massa e ampliando a terceirização, inclusive tendo sido condenado pela Justiça Trabalhista por contratações fraudulentas, através de empresas terceirizadas do próprio grupo, sem que o trabalhador tenha a média salarial e os direitos da categoria previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). No entanto, na hora de computar o número de trabalhadores contratados, o Santander manipula os dados. A holding anunciou que encerrou o terceiro trimestre com 55.739 empregados, 4.525 postos de trabalho a mais do que tinha no final de setembro de 2022 e 568 a mais do que tinha em julho deste ano.

“Na hora de pagar o salário abaixo da média da categoria e retirar os direitos da CTT o Santander diz que estes trabalhadores de suas empresas terceirizadas ‘não são bancários’, porém para computar o número de contratações inclui estes terceirizados como pertencentes à categoria bancária”, criticou o diretor do Sindicato do Rio Marcos Vicente, representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados).

“O Santander, como os demais bancos privados, assedia moralmente os funcionários e adoece os trabalhadores com uma política de metas desumana. É inaceitável este modelo de gestão, ainda mais com o bancário brasileiro garantindo, historicamente, os maiores ganhos globais do grupo espanhol. O banco precisa valorizar o seu maior patrimônio, os bancários e bancárias”, acrescentou Vicente.

 

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