Quinta, 25 Mai 2023 12:53

BNDES vai tomar medidas internas para ampliar a diversidade racial

Nova gestão do banco anuncia também investimentos e criação de museu no Cais do Valongo, no Centro do Rio de Janeiro
O Cais do Valongo, reconhecido como patrimônio histórico pela Unesco e uma história viva da escravidão no Brasil, receberá investimentos de R$17 milhões do BNDES. Projeto inclui a construção de um Museu O Cais do Valongo, reconhecido como patrimônio histórico pela Unesco e uma história viva da escravidão no Brasil, receberá investimentos de R$17 milhões do BNDES. Projeto inclui a construção de um Museu Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou o Grupo de Trabalho (GT) “Empoderamento Negro para a Transformação da Economia”. O objetivo é realizar um planejamento para que sejam tomadas medidas que promovam a equidade racial na empresa. O anúncio foi feito na última terça-feira (23\ e o projeto conta com o apoio da Open Society Foundations, uma rede internacional de filantropia fundada pelo magnata George Soros que  apoia financeiramente grupos da sociedade civil em todo o mundo, com o objetivo declarado de promover a justiça, a educação, a saúde pública e a mídia independente.

O evento de lançamento da ideia iniciou com desagravo ao jogador Vinícius Júnior, vítima de violenta manifestação de racismo em jogo da liga espanhola no último domingo.

Censo na empresa

A proposta da nova direção do banco é que o GT atue na elaboração de um novo censo para identificar a composição étnico-racial dos empregados da estatal, propor medidas para impulsionar a diversidade, a equidade e a inclusão da população negra no banco e desenvolver propostas para adequar sua atuação a legislações como a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e o Estatuto da Igualdade Racial. Serão feitos ainda estudos para a implementação de ações afirmativas para negras e negros não apenas no BNDES, mas também em outros bancos de desenvolvimento, além de de incentivar a interlocução das comunidades negras com órgãos públicos e instituições da sociedade civil.
“Vamos sair daqui com algumas tarefas, e não apenas para o banco. No próximo dia 20 de novembro, data de Zumbi, lançando  um documento para incluir nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) a questão do racismo. Queremos colocar essa agenda em discussão na ONU”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

“Depois de muitos anos, o BNDES volta a abrir suas portas para discutir racismo e empoderamento negro na transformação da economia, tema fundamental, e o banco tem um importante papel para alavancar o empreendedorismo negro”, disse o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Almir Aguiar.

Cais do Valongo

Almir citou iniciativa importante do BNDES para a comunidade negra o investimento de R$17 milhões e a captação de mais R$10 milhões junto à iniciativa privada para a construção do Museu e do Distrito Cultural do Cais do Valongo, com inauguração prevista para 2026 na região carioca conhecida como “Pequena África”.

“Por mais de 40 anos, o Cais do Valongo, que foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Histórico em 2017, recebeu mais de um milhão de escravizados, e por isso nos leva a refletir sobre grandes barbáries cometidas contra a humanidade”, explica Almir. Para o dirigente, “o Museu será muito importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil, como um marco para fortalecer a luta contra os crimes cometidos contra negros e contra o racismo, que precisam acabar. Basta de racismo”, destacou. .

O evento teve também a participação das ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Cultura, Margareth Menezes; de empresários, como a CEO do Magazine Luiza, Helena Trajano, e do grupo Mondelez, Liel Miranda; além do embaixador da África do Sul, Vusumuzi W. Mavimbela, e de outras personalidades.

 

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