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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após o presidente da República ter criticado e dito ser “uma vergonha a política de juros altos no Brasil, dividiu economistas e tem, de um lado, o povo trabalhador que sofre com as mais altas taxas de juros do mundo, elevando o endividamento das famílias e de micro, pequenas e médias empresas. Mas há quem defenda os interesses dos mercados, daqueles que faturam bilhões de reais com especulação no sistema financeiro, como a grande mídia, que saiu em defesa do atual presidente do BC e da chamada “autonomia” da instituição, criada durante o governo Bolsonaro pelo então ministro da Economia Paulo Guedes e que tira do governo a gerência sobre a política monetária e de juros.
O povo contra os juros
Uma pesquisa feita pelo instituto Genial Quaest que o povo brasileiro, apesar de a maioria ainda desconhecer o assunto, começa lentamente a perceber a importância do tema e apoia a posição de Lula contra a gestão de Campos Neto, que eleva os juros e não ajuda em nada para controlar a inflação. Segundo a pesquisa, 76% dos entrevistados disse que o presidente da República acerta em combater os juros altos no Brasil.
As críticas de Lula e a reação da sociedade fizeram Campos Neto baixar a guarda, dizendo que “é justo” e “importante” o presidente brasileiro cobrar juros mais baixos.
Na última terça-feira (14), movimentos sindicais e sociais realizaram protestos em várias regiões do país contra a “autonomia” do BC e a gestão de Campos Neto. No Rio, o protesto ocorreu em frente ao prédio da instituição, na Avenida Presidente Vargas, no Centro da Cidade. Pela manhã teve ainda um tuitaço com a hashtag #JurosBaixosJá.
Márcio Pochmann, economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que o Brasil é o país com maior taxa de juros real do mundo (juros descontados o percentual da inflação), chegando a taxa de 7,38% em 2022, a frente do México (5,53%), Chile (4,71%) e Colômbia (3,04%).
“Lula está correto nas afirmações que tem feito em relação à posição adotada pela direção do Banco Central, que insiste em manter o patamar da taxa de juros básicas muito elevado, sem paralelo mundial”, destacou.
Economistas também criticam
A atual gestão do BC recebeu críticas também de economistas. É o caso de André Lara Resende, um dos criadores do Plano Real e que presidiu o BC durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Lara Resende criticou a taxa Selic (taxa básica de juros de 13,75%, mantida pela gestão Campos Neto. “A taxa alta, combinada com os balanços negativos dos bancos, pode colocar o Brasil em uma recessão”, alertou, em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. Lara Resende ressaltou ainda que a atual política de juros agrava o processo de desaquecimento da economia.
Márcio Pochmann, economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que o Brasil é o país com maior taxa de juros real do mundo (juros descontados o percentual da inflação), chegando a taxa de 7,38% em 2022, a frente do México (5,53%), Chile (4,71%) e Colômbia (3,04%).
“Lula está correto nas afirmações que tem feito em relação à posição adotada pela direção do Banco Central, que insiste em manter o patamar da taxa de juros básicas muito elevado, sem paralelo mundial”, destacou.
A falácia da autonomia
Os números reforçam a luta do governo eleito para por fim a “autonomia” do BC, que coloca a política monetária nas mãos do cartel de bancos privados, representado por Campos Neto, que trabalhou 18 anos no Santander e está a frente da instituição desde o governo Bolsonaro. É o baronato do sistema financeiro que determina as taxas básicas de juros (Selic), que repercutem nos índices utilizados nos cartões de crédito e cheque especial de bancos e financeiras.
Dívidas crescem
O resultado não poderia ser pior para a população e para a economia do país: 62 milhões de pessoas negativadas no SPC/Serasa e 30% das empresas penduradas. E não pos acaso. O sistema financeiro nacional cobra até 400% de juros no rotativo do cartão de crédito. Há casos de financeiras, que debitam empréstimos na conta de luz, que chegam ao absurdo de cobrar até 1.500% ao ano. Na Europa, os juros variam de 4% a 12% ao ano.
O crédito mais caro do planeta impede que pequenos empreendedores invistam na ampliação de seus negócios e gerem mais empregos.
Maiores juros do mundo
O Brasil tem os maiores ‘juros reais’ do mundo (descontado a inflação), com 7,38%, índice mantido com a decisão do BC de manter a Selic em 13,75%, superando vizinhos da América Latina, como México (5,53%), Chile (4,71%) e Colômbia (3,04%), que estão no topo do ranking mundial.