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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O sistema financeiro nacional pratica no Brasil as mais altas taxas de juros do planeta. O resultado é o endividamento cada vez maior de trabalhadores e empresas. Após quatro anos de governo Bolsonaro e com a promessa do então ministro da Economia Paulo Guedes de que a chamada “autonomia” do Banco Central (o governo não mais escolhe o presidente da instituição e nem tem mais gerência sobre a política de câmbio e juros), o povo brasileiro começa a perceber que a mudança não controlou a inflação e muito menos baixou os juros. A situação chegou a tal ponto que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que trabalhou 18 anos para o Santander, começa a ser questionado a frente da instituição.
É hora de protestar
Nesta terça-feira (14), o movimento sindical organiza um tuitaço às 11h e um ato público em frente à sede do Banco Central (Presidente Av. Presidente Vargas, 730), no Centro do Rio.
O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira, defendeu a mobilização dos trabalhadores.
"A sociedade e o país não podem continuar pagando tão caro para continuar bancando lucros exorbitantes para que banqueiros e especuladores ganhem mais dinheiro sem gerar emprego. Esta política de juros elevados inviabiliza a retomada do crescimento econômico e hoje está, na prática, nas mãos dos bancos privados. A direção do BC precisa ter responsabilidade social”, criticou.
Só os bancos ganham
O Brasil tem hoje 62 milhões de pessoas humilhadas no SPC/Serasa, sem acesso ao crédito e 30% das empresas brasileiras estão penduradas, com uma dívida de mais de R$105 bilhões.
A crítica à atual gestão da política monetária vem até de economistas ligados ao mercado. É o caso de André Lara Resende, um dos criadores do Plano Real e que presidiu o BC durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que criticou a taxa Selic (taxa básica de juros de 13,75%, mantida pela gestão Campos Neto. “A taxa alta, combinada com os balanços negativos dos bancos, pode colocar o Brasil em uma recessão”, alertou, em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. Lara Resende ressaltou ainda que a atual política de juros agrava o processo de desaquecimento da economia.
Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamar dos juros altos e cobrar providências do presidente do BC, o embate teve grande repercussão. De um lado, o governo criticando a chamada "autonomia" do BC e do outro, setores ligados aos bancos privados, o que começa a provocar uma reação na sociedade.
Márcio Pochmann, economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que o Brasil é o país com maior taxa de juros real do mundo (juros descontados o percentual da inflação), chegando a taxa de 7,38% em 2022, a frente do México (5,53%), Chile (4,71%) e Colômbia (3,04%).
“Lula está correto nas afirmações que tem feito em relação à posição adotada pela direção do Banco Central, que insiste em manter o patamar da taxa de juros básicas muito elevado, sem paralelo mundial”, destacou.
Os sindicatos concordam com a posição em relação à necessidade de redução dos juros.
“O papel do sistema financeiro é fomentar o crescimento com crédito barato, com juros baixos, como é praticado no mundo inteiro, não apenas para banqueiros acumularem mais riqueza como acontece em nosso país, sem precedentes no mundo”, destaca a vice-presidenta do Sindicato do Rio, Kátia Branco.