8 de março, Dia Internacional da Mulher, mais uma data para comemorarmos nossas lutas e conquistas. Mês passado lembramos os 90 anos de conquista do voto feminino. Esse marco deixa bem claro o caminho que nós mulheres precisamos traçar. Fomos anos e anos impedidas de votar, um direito que deveria ser natural. Mas não, para os homens primeiro, depois para as mulheres. Elas que lutem. E lutamos e conquistamos e vamos seguir combatendo o machismo, a misoginia e a discriminação.
Em pleno século 21 ainda precisamos provar que somos competentes, capazes e múltiplas. Com a mesma responsabilidade damos conta das tarefas domésticas, da família, da criação de filhos e filhas, do trabalho. Tudo junto e ao mesmo tempo. Temos capacidade e bom senso que na maioria das vezes andam de mãos dadas com as mulheres que precisam desempenhar tantos afazeres pelo simples fato de serem mulheres.
Infelizmente continua sendo realidade que em pleno século 21 ainda tenhamos salários mais baixos que os homens exercendo as mesmas funções além de vermos os cargos de comando reservados para eles. No ramo financeiro acumulamos histórias e mais histórias com nuances de preconceito e misoginia, com escolhas sendo feitas não pela capacidade ou eficiência, mas pelo gênero.
E como se essa desigualdade de tratamento não bastasse, ainda sofremos com a violência física, mental e psicológica. Os casos de violência contra as mulheres vêm aumentando assustadoramente apoiados por uma percepção do algoz de impunidade que assistimos aterrorizadas nos últimos tempos. De acordo com pesquisa de opinião realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com Observatório da Violência Contra a Mulher, no final de 2021, 86% das mulheres brasileiras perceberam um aumento da violência contra elas.
O número de casos é 4% maior que em 2020, mostrando que durante a pandemia as mulheres sofreram mais ainda. A pesquisa ainda revelou que cerca de 68% das pessoas entrevistadas conhecem alguma vítima e 27% declararam já ter sofrido este tipo de violência.
É histórico que as mulheres sofrem mais em situações de emergência e crises, sejam elas econômica, política, social ou sanitária. O golpe contra a presidenta Dilma Rousseff explica bem e nos situa nesse contexto. Uma mulher íntegra que se negou a alianças com homens poderosos. Foi praticamente arrancada do cargo de presidenta ouvindo insultos inaceitáveis de homens nada íntegros ou dignos. Esses mesmos que aprovaram uma reforma Trabalhista retirando direitos históricos das mulheres e ajudando a eleger um homem que despreza e ridiculariza as mulheres.
E junto com ele, apoiadores que são igualmente desumanos e machistas, como pudemos constatar com as declarações absurdas do deputado que foi à uma zona de guerra assediar mulheres em busca de refúgio.
Vamos voltar às ruas neste 8 de março. Mais uma vez estaremos mostrando nossa força para quem duvida ou acha que ela estava adormecida. Vamos ocupar os lugares que queremos independentemente de quais sejam.
Não vão nos calar e nem nos deter. Temos força e vontade suficientes para barrar os machistas, misóginos e preconceituosos.
Adriana Nalesso – presidenta da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro - Federa-RJ