Quinta, 06 Agosto 2020 14:55

Bolsonarismo: do ódio ao PT à destruição do Brasil

Virginia Berriel  Jornalista Virginia Berriel Jornalista

O caos político e social que o Brasil enfrenta hoje foi alimentado por doses sistemáticas, diárias e perversas, de informações contra a política dos governos petistas, muitas delas deturpadas, descontextualizadas. Isso contribuiu muito para o Golpe de 2016 contra uma presidenta legitimamente eleita e para a prisão de um ex-presidente que saiu do segundo mandato com cerca de 80% de aprovação – além, é claro, de toda a perseguição sofrida pelos petistas e a eleição fraudulenta de um presidente de extrema direita, de braços dados e pactuado com o capital escravocrata, graças às fake news patrocinadas por empresários inescrupulosos, com requintes de crueldade e o silenciamento da Justiça. 

Dentro do contexto desta história de desmonte, desprezo pela política de proteção social e de inclusão, estão aqueles que sempre viveram à custa do sangue e suor dos mais fracos, dos pobres, das minorias, dos pretos, das mulheres, dos LGBTs e dos trabalhadores. Estes sempre foram a inspiração para uma forma de fazer política mesquinha, através da desgraça alheia, “do quanto pior melhor”. O lucro, a pujança e a concentração de riquezas sempre estiveram na mão dos capitalistas desse país – numa das mãos, porque na outra está o chicote e todo o aparato repressor. 

O Golpe de 2016 foi tramado a várias mãos: capital, mídia, justiça, parlamentares inescrupulosos, e gestado nos EUA em razão do nosso ouro negro, o pré-sal. A Lava Jato e o combate à corrupção foram apenas os disfarces usados para criarem as condições adequadas. A corrupção, nunca antes na história desse país foi tão grande e escancarada como está nesse governo, também usada para eleger um fascista. 

Consolidado o Golpe com a retirada da Presidenta Dilma Rousseff, sem crime de responsabilidade, os golpistas tinham que dar continuidade ao plano de destruição da nossa soberania e direitos. O governo golpista e ilegítimo de Michel Temer instituiu o processo de caça aos direitos dos trabalhadores, com desmonte, reformas inconstitucionais e flexibilizações. O próximo passo seria a prisão do ex-presidente Lula. 

Era necessário, mesmo sem provas qualificadas, que o ex-presidente Lula fosse preso porque este ousou dizer que era candidato às eleições presidenciais em 2018.  Se tivesse ficado calado, se não fosse candidato, talvez nada teria acontecido. 

A Lava Jato e o MPF trabalharam de forma exponencial para requentar, aumentar e até fabricar provas, mas, também, para criarem os meios e formas de publicização dos fatos na grande mídia. Era necessário o impacto cada vez maior e mais contundente. As informações tinham que ser veiculadas em todos os telejornais, tinham que causar danos e a destruição ao PT, e, principalmente, levar à cadeia a sua maior liderança política, aliás, maior liderança política do Brasil. 

Os golpistas de plantão, os grandes meios de comunicação, o juiz de exceção de Maringá, o tal marreco, levaram a cabo o projeto de desqualificação do presidente Lula, do PT, baseados não em provas, mas em convicções. Desdenharam do respeito que Lula conquistou mundo afora, da luta e ações de combate à fome. Por conta delas o Brasil passou a ser reconhecido internacionalmente, respeitado, e a nossa política de combate passou a ser um exemplo mundial. O Brasil, nos governos petistas, efetivamente conquistou respeito internacional e nacional. A liderança de Lula é de um estadista. Em 2012 o Brasil chegou a ser a sexta maior economia mundial.

 

Pela anulação do Impeachment e processos contra Lula

 

Contra fatos não há argumentos. O Brasil avançou expressivamente nas políticas sociais e econômicas nos governos petistas. Acertou muito e por conta de todos os acertos o sistema capitalista, as elites do país, se incomodaram e resolveram bancar uma fraude para continuarem lucrando e espoliando livremente a nossa soberania. 

O que sempre esteve em pauta nesse país foi a luta de classes, o debate pautado na esperança e no medo, que sempre teve como arcabouço a pobreza e as desigualdades. As desigualdades no Brasil sempre foram gritantes. A Esperança venceu o medo, mas não conseguiu vencer o ódio, a misoginia, o racismo, a homofobia, a política da barbárie e do autoritarismo. 

Desde o Golpe de 2016 contra a Presidenta Dilma Rousseff, os trabalhadores só perdem. Milhares caíram na informalidade e tantos outros perambulam em busca de sobrevivência. A luta pela vida e por trabalho se tornaram imprescindíveis. Agora, com a pandemia e o pós-pandemia, será ainda mais desafiadora. A situação dos trabalhadores no pós-pandemia será de uma nação inteira com o prato na mão. Teremos, certamente, mais de vinte milhões de desempregados e necessitados num grau de vulnerabilidade jamais visto. A fome vai disputar espaço na mesa. Portanto, não existe outra conclusão: o golpe de 2016 foi contra os trabalhadores, contra o Brasil. 

O governo de Jair Bolsonaro não tem nenhuma política para enfrentamento desse massacre aos trabalhadores. Ele é o massacre, a destruição e morte. Parar o bolsonarismo é mais que necessário. Cassar a fraude que ocupa a presidência do país, fruto da tentativa de destruição do PT, é prioridade. Tentaram destruir o PT, mas o partido foi forjado na luta da classe trabalhadora. Ele é semente, está sempre germinando, cresce novamente com força para enfrentar todo o ódio.   

Precisamos impedir que o governo deixe passar todas as boiadas –  as queimadas na  Amazônia e Norte do país; a invasão aos territórios dos povos indígenas e originários; o processo de privatizações das empresas públicas e estatais que estão sendo esquartejadas, fatiadas e entregues a preço de banana ao capital internacional; a privatização da água, um direito humano inalienável.

Nesta semana atingiremos a marca de um genocídio anunciado – 100 mil mortes pela Covid-19 e cerca de três milhões de infectados, sem nenhuma política de prevenção e enfrentamento, sem Ministro da Saúde, com desdenho ao isolamento e  massacre aos trabalhadores, que agora estão tendo que se expor no retorno aos postos de trabalho pela sobrevivência. Estes não podem pagar a conta imposta pela política extrema e genocida do governo federal. 

Pelos caminhos de luta precisamos nos juntar para exigir a anulação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff e também pela anulação dos processos fraudulentos da Lava Jato contra o presidente Lula. Não teremos saída senão lutarmos pela anulação e dignidade das nossas duas maiores lideranças políticas. Além de resistência teremos o resgate, mesmo que a longo prazo,  de nossos direitos, liberdade e da Democracia.

 

Virginia Berriel

Jornalista 

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