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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Já se passaram 22 longos anos desde a privatização do Sistema Telebrás. Na época, a Telerj, uma das principais empresas do sistema e sucateada de forma proposital, foi apresentada como um dos símbolos da falência do modelo estatal.
Mas o descaso com a Telerj não parou aí. Para concorrer ao leilão da chamada Tele Norte Leste o governo FHC montou um grupo com o objetivo específico de NÃO vencer. O resultado dessa engenharia foi que a Tele Norte Leste, depois chamada de Telemar, foi comprada com um ágio de apenas 1% sobre o valor mínimo, estipulado em R$ 3,4 bilhões, o menor ágio entre todas as 12 teles leiloadas.
Algumas semanas após a privatização a imprensa divulgou conversas telefônicas obtidas em grampos no BNDES. As conversas indicavam que fora articulado um favorecimento para que o grupo liderado pelo Banco Opportunity adquirisse a Tele Norte Leste. E quem ficou com a empresa? O grupo criado para perder e que nada conhecia sobre telecom. Na época foi apelidado de telegangue.
Em 2008, a Oi, que já nasceu errada, errou de novo. Comprou a Brasil Telecom, apesar de não ter um centavo para investimentos mais arrojados. Em 2010, a parceria com a Portugal Telecom fracassou.
Em 2015, por não ter dinheiro, a Oi ficou fora do leilão da frequência de 700 MHZ, comprada por outras grandes operadoras. Tudo isso levou a uma dívida de R$ 65 bilhões em 2016, quando a empresa entrou em recuperação judicial.
Em 2018, houve a mágica – boa parte da dívida converteu-se em participação acionária de grandes grupos especuladores americanos (GoldenTree Asset Management , York Global Finance Fund e Solus Alternative Asset Management) que, agora, querem recuperar suas aplicações rapidamente.
É nesse quadro que surge a americana AT&T. O governo americano cobra do governo brasileiro mudanças na Lei da TV por assinatura, garantindo assim que a dona da Sky possa atuar no mercado de TV paga no Brasil. Cobra também a aprovação do PLC 79/16, que doa R$ 100 bilhões em bens reversíveis para as operadoras, principalmente para a Oi.
Se essas mudanças ocorrerem, acabam as cotas de conteúdo nacional na TV paga e a Oi passa, possivelmente, para as mãos da AT&T. A empresa que já foi pensada como a grande operadora brasileira será apenas mais um pedaço da estratégia americana de controle das telecomunicações em nível mundial. Triste assim.
Instituto Telecom, Terça-feira, 3 de setembro de 2019