EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
O Dia Nacional da Consciência Negra este ano tem uma importância singular diante da atual conjuntura.Nunca foi fácil para a comunidade negra lutar por seus direitos, emancipação e por uma sociedade justa e sem qualquer forma de discriminação. Desde Zumbi dos Palmares, um dos pioneiros da resistência contra a escravidão, passando por João Cândido, que liderou a revolta contra o uso da chibata como forma de castigo na Marinha.
O movimento negro ainda hoje enfrenta uma sociedade profundamente racista e desigual. Ao longo dessa jornada conquistamos avanços importantes como as políticas afirmativas instituídas pelo presidente Lula, reparando uma dívida social histórica do processo civilizatório brasileiro através das cotas e de programas sociais que estimulam a ascensão social e ampliam as oportunidades. Mas há um projeto que quer colocar tudo a perder.
*O atraso não vai triunfar *
Este ano, o mês da Consciência Negra nos coloca diante de um grande desafio: enfrentar o maior retrocesso desde o início do século XX. Um discurso e o projeto que teve a maioria dos votos válidos dos brasileiros desmitifica de vez a ideia de “democracia racial” e explicita o que há muito tempo, nós já sabíamos: a sociedade brasileira é extremante conservadora e preconceituosa. Agora, saiu do armário.
E é inaceitável discursos como a do vice-presidente da República eleito, o general Hamilton Mourão, de que nós brasileiros, herdamos “a indolência (preguiça) do índio” e a “malandragem“ do negro e a patética declaração do presidente eleito, Jair Bolsonaro, se referindo a comunidade quilombola com a insinuação de que a medida de peso para os negros é a “arrouba”.
Não são frases soltas, mas é um discurso político e ideológico que precede práticas de um governo que representa as oligarquias mais atrasadas, mesquinhas e preconceituosas. O ataque às cotas raciais são parte deste projeto que tenta impor um retrocesso sem precedentes no Brasil moderno. Não vamos permitir. O atraso não vai triunfar.
Números da desigualdade
Os negros representam 64% da população carcerária e apenas 12,8% dos estudantes de nível superior. Nos últimos dez anos, os assassinatos de mulheres brancas caíram 8%, enquanto entre as negras aumentaram 15,4%. Com a política de recrudescimento da ação policial, proposta pelos vencedores das eleições deste ano, o banho de sangue certamente atingirá ainda mais e em cheio, os pobres, em sua maioria negros. Se hoje, em cada dez pessoas assassinadas no Brasil, sete são negras, que dirá com a concretização da política de extermínio.
Desafios
Nosso desafio é reorganizar e fortalecer a resistência ao aprofundamento da opressão e da espoliação no Brasil. Enfrentar o ranço de uma elite mesquinha, egoísta, ranzinza e racista. Não basta derrotar o retrocesso vigente é preciso retomar o sonho de uma nação justa, com oportunidades para todos, sem qualquer forma de preconceito e discriminação. E já provamos que isto é perfeitamente possível.
Só depende de nós!