Quinta, 12 Janeiro 2023 16:50

Posse de Anielle e Sônia Guajajara: no governo Lula, povos negro e indígena terão voz

As ministras Anielle Franco e Sonia Guajajara com o presidente Lula As ministras Anielle Franco e Sonia Guajajara com o presidente Lula

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Numa cerimônia cheia de emoção e simbolismo, tomaram posse nesta quarta-feira (11/1), no segundo andar do Palácio do Planalto, a titular do Ministério dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e a do Ministério da Igualdade Racial, Anielle Franco. A solenidade marcou a posição política do governo Lula oposta ao anterior, que discriminou e atacou indígenas e negros. Lula, ao contrário, criou o Ministério dos Povos Indígenas e recriou o Ministério da Igualdade Racial.

Anielle Franco (Igualdade Racial) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) foram as últimas ministras a tomar posse no governo Lula. Durante seu discurso, Guajajara criticou a invasão de bolsonaristas terroristas nos prédios do Palácio do Planalto, do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional. Anielle também criticou os atos golpistas e chorou ao citar sua irmã, a ex-vereadora carioca Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em 2018. Sonia acrescentou: "E aqui, Sonia Guajajara e Anielle convocam todas as mulheres para dizer, juntas, que nunca mais vamos permitir um outro golpe no nosso país".

O evento, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diversos ministros de estado e parlamentares, contou também com muitas lideranças do movimento negro, assim como de povos indígenas. Como sinal claro desta diferença, durante o evento, o presidente Lula assinou a sanção da lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo.

A lei, aprovada em dezembro pelo Congresso Nacional, aumenta a punição nos casos de injúria e adiciona agravantes no caso de ocorrência em locais esportivos ou artísticos. O chefe do Executivo tinha até esta quarta-feira para se manifestar pelo veto ou sanção da lei, aprovada sem ressalvas, apesar de resistências de setores do Ministério da Justiça.

Repúdio à tentativa de golpe

A cerimônia de posse conjunta estava marcada para a última terça-feira, mas teve que ser adiada em função da invasão e destruição do Palácio do Planalto por terroristas bolsonaristas no domingo (8/2).  Também foram depredados o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. O ato foi apontado como uma demonstração da força e coesão do governo.

Repleta de simbolismos, a solenidade foi marcada pela sonoridade da cultura de matriz africana, do samba e da música indígena. O Hino Nacional foi executado na língua indígena Tikuna. após os atos terroristas do último domingo (8/1), que adiaram a cerimônia, inicialmente marcada para acontecer na segunda-feira (9).

Característica ressaltada por Anielle. “A cerimônia de hoje guarda um simbolismo muito especial. Depois dos atentados sofridos por esta casa e pelo povo brasileiro no último domingo, pisamos aqui em sinal de resistência a toda e qualquer tentativa de atacar as instituições e a nossa democracia. O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido em nossa sociedade”, defendeu a ministra sob muitos aplausos.

Com racismo não há democracia

Em seu discurso, Anielle frisou que enquanto houver racismo no Brasil, não haverá democracia. E acrescentou: “Neste dia histórico em que o verdadeiro Brasil toma posse, a partir da caneta de nosso presidente Lula e com o peso de uma luta de gerações pela criminalização do racismo, damos mais um passo no caminho da promoção de reparação e igualdade. Saúdo a todos os juristas, ministros e secretários envolvidos na construção do PL que será assinado agora e que sinaliza um país do futuro sem racismo”, destacou.

Sonia Guajajara ressaltou a importância da história ancestral dos povos indígenas no país. “O quanto esse momento é significativo para mim e para os povos indígenas do Brasil”, destacou. A ministra fez questão de ressaltar que os povos indígenas não são nem a imagem romantizada nem uma imagem muitas vezes demonizada que circula na sociedade, mas são diversos povos plurais. “Se é verdade que muitos de nós resguardam modos de vida que estão nos imaginários da população brasileira, é importante lembrar que temos muitas formas de vidas diferentes.”

Mídia