Quarta, 04 Janeiro 2023 16:12

Lula defende o Brasil e impede entrega de estatais

Lula assina despacho retirando empresas públicas do plano de desestatização Lula assina despacho retirando empresas públicas do plano de desestatização

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Em 1º de janeiro último, dia de sua posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revogou a privatização de oito estatais. Com isto evitou que fossem entregues a grupos privados nacionais e estrangeiros empresas estratégicas e com papel fundamental para a retomada do projeto de desenvolvimento econômico e social do Brasil. Nas mãos de grupos particulares passariam apenas a visar o lucro e não o país e a sua população.

O despacho com a determinação foi assinado no domingo (1º), logo após a posse de Lula, e publicado segunda-feira (2) no Diário Oficial da União. O presidente determinou a retirada das privatizações da Petrobras, Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. - Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA), Correios, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), e a Armazéns e os imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Caixa e BB

Com a decisão, Lula pôs fim a entrega das empresas públicas ao capital privado. No governo Bolsonaro foram privatizados 36% de todas as estatais, entre elas, a poderosa Eletrobras. Apesar de não constarem da lista oficial, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, estavam na mira do governo anterior. Assim como a Petrobras, a Caixa já vinha sendo privatizada por dentro, em fatias, e, como o BB, passava por um processo de desmonte.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira, a suspensão do processo de privatizações tem como origem o reconhecimento da importância do Estado para o desenvolvimento com a geração de emprego e renda.

“O fortalecimento dos bancos públicos descartando o desmonte e privatizações, demonstra uma visão de que devem voltar a financiar as obras de infraestrutura e de habitação, em particular das médias e baixas rendas, o financiamento a agricultura familiar, exemplos de nossas expectativas na construção de uma sociedade com mais justiça social, garantia de direitos e distribuição da renda nacional”, afirmou.

Vendilhão

Porta-voz dos bancos e grandes grupos nacionais e estrangeiros, o ex-ministro da Economia e banqueiro Paulo Guedes, logo no início do mandado Bolsonaro, foi aos Estados Unidos dizer a empresários que ‘tudo no Brasil’ ia ser colocado à venda. Para um segundo mandato era compromisso do governo privatizar, segundo as palavras do ministro vendilhão, como era chamado, ‘tudo o que for possível’.

A decisão de Lula tomou como base os estudos e levantamentos feitos pelo governo de transição que recomentou a não desestatização frente à necessidade "de assegurar uma análise rigorosa dos impactos da privatização sobre o serviço público ou sobre o mercado". Em maio, o então ministro de Minas e Energia de Bolsonaro, Adolfo Sachsida, entregou pedido para que fossem realizados os estudos para a privatização da Petrobras e da PPSA, a estatal do pré-sal.

O Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) recomendou a Bolsonaro a inclusão da Petrobras na lista de estudos para privatização.

No governo anterior, a Petrobras vendeu a sua poderosa distribuidora de combustíveis, a BR, e a TAG (Transportadora Associada de Gás), que passou a alugar seus dutos à estatal. Ainda privatizou a Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo) e outras companhias. Muitas ainda estavam em processo de privatização, como os Correios.

O economista Sergio Mendonça, ex-diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), disse que as privatizações representam uma perda de patrimônio público. E não vê benefício nas vendas.

“O resultado é a redução da taxa de investimento das estatais nos últimos anos”, explicou. “Novos acionistas estão mais interessados nos lucros de curto prazo. Com a redução dos investimentos, reduziu-se a capacidade da economia brasileira crescer.”

Eletrobras

Além de posicionar a Petrobras como uma ferramenta de indução do desenvolvimento econômico, o relatório final da transição critica o Abastece Brasil e as políticas de desregulamentação do setor de combustíveis.

No caso da Eletrobras, o subgrupo de Minas e Energia, do gabinete da transição, sugeriu que o novo governo analise a “viabilidade econômica, jurídica e política” de medidas que permitam à União ter direito a voto proporcional ao número de ações ordinárias na ex-estatal. 

O objetivo é retirar a limitação do poder de voto da União que, pelas regras atuais, tem no máximo 10% dos votos em assembleias de acionistas — embora cerca de 40% das ações da empresa pertençam à União, incluindo a participação indireta do BNDES e BNDESPar.

 

 

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