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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
No final do governo Bolsonaro, os bancos e parlamentares comprometidos com o sistema financeiro tentaram, mais uma vez, aprovar o Projeto de Lei 1043/19, que se aprovado, obrigaria os bancários a trabalhar nos finais de semana. A proposta entrou na pauta da Comissão de Direitos do Consumidor (CDC) da Câmara dos Deputados na quarta-feira, 30 de novembro, em Brasília, mas bancários e bancárias de todo o país pressionaram os deputados federais nas redes sociais e conseguiram barrar a proposta. Pela manhã o tuitaço com a hashtag #OSábadoÉMeu chegou ao topo dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Em julho deste ano, outra mobilização do movimento sindical e da categoria havia adiado a votação do mesmo projeto. A proposta é de autoria do deputado David Soares (União/SP) e recebeu parecer favorável do deputado Eli Corrêa Filho (União/SP).
mobilização
O secretário de Relações do Trabalho da Contraf-CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Jefferson Meira, o Jefão, que articulou o apoio de parlamentares para derrotar a proposta na CDC da Câmara, comemorou a vitória.
“Acabamos de sair aqui do Congresso Nacional e, mais uma vez, com muito trabalho, luta e articulação, conseguimos barrar o PL 1043/19 que tenta impor o trabalho dos bancários aos sábados e domingos. Mas a categoria precisa estar atenta e mobilizada para que a proposta não entre em pauta este ano e a gente possa derrotar este projeto de vez”, destacou.
Direito inegociável
Na avaliação do presidente do Sindicato do Rio, José Ferreira, o governo Bolsonaro e os parlamentares que tentam impor este projeto não têm a menor noção da realidade do trabalho da categoria bancária.
“É cada vez maior o número de bancários e bancárias que adoecem em função de metas desumanas, pressão e assédio moral. O final de semana remunerado é para o trabalhador descansar, viajar, curtir a família, ir à igreja. Este é um direito consagrado do qual não abrimos mão”, disse José Ferreira. O sindicalista disse ainda que os bancos precisam é melhorar o atendimento aos clientes e usuários, contratando mais funcionários e não fechando agências físicas e demitindo em massa.
Os números da Consulta Nacional revelam que 77% dos bancários afirmaram que sentem muita fadiga e preocupação com o emprego e 35% usam medicamento controlado.
Proposta
A insistência com o PL 1043/19 traz ainda outra contradição: com as novas tecnologias de plataformas digitais, a maior parte dos clientes é atendida remotamente, inclusive nos sábados e domingos.
“Defendemos o trabalho em dois turnos durante a semana, respeitando a jornada de seis horas. Se aceito pelos bancos, o atendimento ganharia qualidade e o setor geraria mais empregos”, completou Ferreira.