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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Arte: Ascom da Contraf-CUT
Imprensa SeebRio
Debater com a sociedade a necessidade de medidas de prevenção à doença e de formas de pôr fim ao preconceito contra quem é portador do vírus. Estes são os dois principais objetivos das atividades que estão sendo realizadas neste 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids que, no Brasil, acontece nesta data desde 1988, um ano após sua criação pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Estudo recente da Agência de Notícias da Aids, com dados de 2021, mostra que, naquele ano, pelo menos cinco pessoas foram infectadas por hora no Brasil, o que fez o país chegar a 960 mil pessoas vivendo com HIV. No ano passado, 650 mil pessoas morreram em decorrência da aids no mundo, 13 mil delas no Brasil. Conforme a publicação, a doença afeta as pessoas de forma desigual, atingindo mais as parcelas mais vulneráveis e discriminadas da população.
Prevenção
Desde que começou a ser um pouco mais conhecida pelas pesquisas médicas, nos anos 1980, a melhor forma de prevenção tem sido o uso de preservativo, a popular camisinha, que impede a transferência de secreções entre as pessoas durante a relação sexual. Esse é o conhecido “sexo seguro” ou “sexo com proteção”, expressões que passaram a resumir a principal recomendação contra a disseminação do HIV nas últimas décadas.
Hoje, há ainda outros recursos para se defender do HIV e da Aids. Para a doença, já existem tratamentos eficazes, que, ainda que não promovam a cura, fazem com que ela não evolua e se transforme em uma enfermidade controlada.
O uso de antirretrovirais permite a pessoas que vivem com HIV alcançar a chamada supressão viral, que é a redução da carga viral tão significativa a ponto de sequer ser detectada nos exames. Esse é o chamado tratamento como prevenção (TcP), com o qual evidências científicas mostram que até a transmissão pode não ocorrer em uma relação sexual desprotegida, ou sem preservativo.
Eliminar o preconceito
Adilson Barros, da Executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), adverte que, “apesar de a medicina ter conseguido melhorar a qualidade de vida de quem vive com HIV, ajudá-lo a superar a doença e lhe garantir uma rotina ativa e saudável, devemos ter em mente que a Aids ainda é um assunto delicado, um problema sem cura e com possíveis consequências para o organismo, por isso a prevenção é importante a cada um de nós e à sociedade como um todo”.
Adilson, que também é militante dos diretos da comunidade LGBTQIAP+, critica que “a aids não é e nunca foi uma ‘doença de homossexuais’, e os LGBTs carregaram este estigma por alguns anos, com consequências desastrosas”. Ele também lembra que “a ciência investe qualitativamente no tratamento, na cura e principalmente na qualidade de vida, por isso é importante lutarmos por um SUS de qualidade e exigir que as empresas combatam a discriminação e invistam em seus trabalhadores que vivem com HIV”.
Entenda melhor
Aids é a sigla em inglês para síndrome de imunodeficiência adquirida (sida, em português, termo também usado) é a doença causada pelo HIV (abreviação também em inglês para vírus da imunodeficiência humana), contraída em geral pelo contato sexual desprotegido com uma pessoa contaminada. No entanto, o contágio pode igualmente ocorrer por transfusão de sangue ou compartilhamento de objetos perfurocortantes, como agulhas de seringas.
Se contrair o vírus, a pessoa será HIV positiva, mas isso não quer dizer que vá desenvolver obrigatoriamente a aids, considerada o estágio mais avançado da doença. Embora ainda não haja forma de se eliminar por completo a contaminação do organismo, há tratamentos para todas as fases da doença, que serão mais eficazes o quanto antes forem iniciados.
A aids não causa a morte por si, mas ataca o sistema imunológico e torna a pessoa vulnerável a doenças chamadas oportunistas, como pneumonia, que atacam o organismo quando a pessoa está com seu sistema de defesa fragilizado e se tornam fatais nesse quadro.
História do preconceito
Os primeiros casos de aids conhecidos foram identificados no final da década de 1970, nos Estados Unidos, no Haiti e em países da África Central. Suas características, porém, só começaram a ser compreendidas pela medicina anos depois. Como no princípio as formas de transmissão do HIV eram ainda um mistério, o preconceito dominou sua abordagem social. Ao redor do mundo, a aids ficou conhecida como a “doença dos 5H”, por ter então registro de maior incidência entre homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (usuários de heroína) e hookers (prostitutas, em inglês). No Brasil, chegou a ser chamada de “peste gay” pela imprensa sensacionalista.
Hoje, quatro décadas depois, ainda que o conhecimento e as formas de combate à aids tenham avançado de modo formidável, a ONU lançou há poucos dias o relatório, em inglês, Dangerous inequalities, ou Desigualdades perigosas, para alertar que as injustiças sociais e os preconceitos estruturais ainda são as grandes barreiras para o fim da pandemia.
O organismo afirma que a meta de acabar com o HIV e a aids até 2030 dificilmente será cumprida, e indica como principais causas as desigualdades de gênero, o racismo estrutural, a prática da discriminação (em especial a travestis e pessoas trans, gays e homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo, pessoas em privação de liberdade e pessoas que fazem uso de drogas injetáveis) e a masculinidade tóxica (que desencoraja homens a procurar cuidados de saúde), além da desatenção à juventude (que deve ser mais bem informada sobre os riscos de contaminação por HIV).
*Com informações da Assessoria de Comunicação da Contraf-CUT.