Quinta, 01 Dezembro 2022 10:06

Fome avança e doações despencam. Líderes comunitários culpam Bolsonaro

 

Para líderes comunitários que observam de perto o avanço da fome, a postura de Bolsonaro de minimizar o assunto contribuiu para a diminuição de doações de cestas básicas

 Publicado: 30 Novembro, 2022 - 10h03 | Última modificação: 30 Novembro, 2022 - 10h38

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

 MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL
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Após o período mais grave da pandemia de Covid-19, quando as doações para as pessoas mais vulneráveis registraram aumento, as doações de cestas básicas e marmitas feitas por  pessoas físicas, empresas e órgãos públicos despencaram cerca de 80%, o que contribui para o avanço da fome no Brasil, segundo líderes comunitários ouvidos pelo UOL.

Para os líderes, dois fatores contribuiram para a queda de doações e, consequentemente,  para a gravidade da situação atual: 1) A postura do presidente Jair Bolsonaro (PL), que minimizou a fome durante a campanha eleitoral. Em outubro ele disse, por exemplo que "não se justifica passar fome no Brasil", já que o Auxílio Brasil pagaria, em uma média diária, valor suficiente para comprar até dois quilos de frango; e, 2) a  volta à rotina depois do período mais agudo da pandemia.

"O assunto passou batido, como se não fosse um tema grave. Nos debates não foi presente. Não acabou, o problema continua grave. As doações diminuíram, mas a demanda só aumenta", afirma Preto Zezé,  presidente da Cufa (Central Única das Favelas).

No período de um ano e meio, as doações feitas pela Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas) com a ajuda de pessoas físicas e empresas caíram de 60 mil cestas para cerca de 120 por mês atualmente, segundo a presidente da entidade Antonia Cleide Alves.

Ela ressalta que, para piorar, não há uma periodicidade definida em razão da falta de doações. "Quem ajudava muito era a classe média, que também está sofrendo com o peso da inflação", afirma.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), chamada de PEC da Transição ou PEC do Bolsa Família, que foi protocolada no Senado esta semana, tem como principal objetivo cumprir a promessa do presidente eleito, Lula (PT), de combater a fome no Brasil. A aprovação da PEC garante o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600 e mais R$ 150 para beneficiário com filhos de até seis anos de idade. Com isso, dizem membros da equipe de transição de Lula, a comida estará de volta à mesa de 33 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome, segundo dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. 

O presidente Nacional da CUT, Sérgio Nobre, disse que já começou a mobilizar as bases para aprovação a PEC, “indispensável para que tiremos o Brasil do Mapa da Fome, como fizeram os governos de Lula e Dilma”.  

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