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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados insistem em contestar as urnas eletrônicas em função da derrota nas eleições 2022. O partido do candidato derrotado apresentou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um relatório contestando as urnas eletrônicas sem apresentar provas, mas baseado em “indícios” e o próprio presidente do PL, o deputado federal Valdemar da Costa Neto, admitiu que “a intenção do partido não foi apontar provas de fraude e sim indícios que fazem questionar o processo eleitoral”, confirmando as especulações de que o objetivo do relatório é gerar confusão e alimentar os bolsonaristas radicais que realizam atos antidemocráticos reivindicando uma intervenção militar, fechando vias públicas e na porta de quartéis.
O texto cita ainda um relatório de auditoria que apontava fragilidade de tecnologia da informação no TSE para colocar em dúvida a segurança da votação.
Sem fundamentação científica
No entanto, trinta engenheiros do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) divulgaram uma carta aberta criticando os dados usados pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, para embasar o pedido de anulação de mais da metade dos votos do segundo turno das eleições de 2022. Na avaliação dos pesquisadores que assinaram a carta, o relatório é "superficial, limitado e não segue boas práticas de análises técnicas e científicas".
"O relatório se baseia em duas análises de dados incorretas, que repudiamos em metodologia, profundidade e qualidade técnica", explicam os engenheiros. Eles argumentam não haver nenhuma "evidência de causalidade entre a versão das urnas e características de seus resultados", derrubando os argumentos do documento partidário.
Os engenheiros lembram que a carta não expressa a posição do ITA, mas de especialistas da instituição.
Sem provas
O PL contesta o resultado gerado pela urna com os dados dos votos contabilizados, conhecido como log. No entanto, para os signatários da carta, os logs, dados que podem ser auditados, foram disponibilizados corretamente. "Não há indícios suficientes para apontar irregularidades nos registros ou não há impedimentos de análises", destaca o documento dos especialistas do ITA.
O PL pediu a anulação de 279.336 urnas, mas apenas do segundo turno.
O ministro do TSE, Alexandre de Morais, após o anúncio do relatório contestando o resultado do pleito, deu 24 horas para o PL incluir na petição dados da suposta auditoria também no primeiro turno, sob pena de indeferir o pedido, prazo que terminou na última terça-feira (23).
Quem é Valdemar
O presidente do PL que endossa os discursos golpistas do ainda presidente Jair Bolsonaro e os atos antidemocráticos, foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em 2012, a sete anos e dez meses de prisão e multa de mais de R41 milhão por corrupção passiva por envolvimento em corrupção no processo do mensalão.
“É curioso ver eleitores de Bolsonaro falarem em combate à corrupção e dar trela ao dirigente do PL, partido do atual presidente, que apresentou um relatório sem nenhuma prova a ponto do próprio denunciante admitir que não está pedindo a anulação da eleição. Está na cara que este é mais um factoide para disseminar fake news nas redes sociais e alimentar a histeria coletiva de bolsonaristas que não aceitam a derrota, pessoas que, como o seu líder, não têm apreço pela democracia e sonham com a volta da ditadura militar”, criticou a presidenta em exercício do Sindicato dos Bancários do Rio Katia Branco.