EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Morreu nesta terça-feira, 22 de novembro, o cantor e compositor Erasmo Carlos, aos 81 anos. O artista já estava com a saúde debilitada, internado há mais de uma semana no hospital Barra Dor, no Rio de Janeiro.
O Tremendão, como era conhecido desde a Jovem Guarda, era considerado uma pessoa gentil e generosa, o que o levou a ganhar outro apelido: Gigante Gentil, em função de seus 1,93 de altura e sua generosidade.
Deixa esposa, Fernanda Passos, com quem se casou em 2019, e dois filhos, Gil e Leonardo, que ele teve com a primeira mulher, Sandra Sayonara Saião Lobato Esteves, a Narinha, que morreu em 1995.
Ícone do Rock e da MPB
Erasmo era muito mais do que apenas o parceiro de Roberto Carlos. Sua obra, seja no rock, seja nas canções românticas merecem ser revisadas pois seja a dupla ou criação solo, ele tem preciosidades. Aprendeu a tocar violão com Tim Maia e junto com Roberto e Arlênio Lívio, criou, no início da carreira, o grupo de rock Sputniks, com a chamada turma da tijuca.
Seu primeiro grande sucesso foi em 1964, com a canção “Festa de Arromba” composta junto com Roberto Carlos. Um ano depois a dupla estreava na TV Record o programa dominical, que deu nome ao movimento musical, que acabou influenciando a Tropicália, dos baianos Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.
Em 1971, lançou o disco “Carlos, Erasmo”, tido anos depois como um clássico da MPB, que incluía a canção de Caetano Veloso “De noite na cama” e uma alusão a maconha, “Maria Joana”, em parceria com o Roberto. Gravou sucessos como “Vem quente que eu estou fervendo” (de Carlos Imperial e Eduardo Araújo), “A carta” (Raul Sampaio e Benil Santos) e “Gatinha manhosa” (mais uma sua e de Roberto).
No cinema
Protagonizou alguns filmes, como em “Roberto Carlos em ritmo de aventura” e “Roberto Carlos a 300km por hora. Em “Os machões” (1971), também de Reginaldo Farias, recebeu o Troféu Coruja de Ouro de melhor ator coadjuvante.
Canções eternas
Marcou a música brasileira com sucessos como “Vem quente que eu estou fervendo” (de Carlos Imperial e Eduardo Araújo), “A carta” (Raul Sampaio e Benil Santos) e “Gatinha manhosa” (mais uma sua e de Roberto), “Filho único”, “Minha superstar”, “Pega na mentira” e “Mesmo que seja eu”, além das do disco de Roberto, como “Detalhes”, “Cavalgada” e “Além do Horizonte”.
A dupla, muito criticada por não ter engajamento político durante a ditadura militar, compôs uma das mais bonitas canções sobre o exílio, a genial “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos”, composta quando Roberto visitou Caetano, que estava exilado em Londres.
Após ter parado de lançar discos, nos anos 90, Erasmo enfrentou o alcoolismo, especialmente após a morte da ex-mulher, Narinha.
Em seus últimos discos e canções, retomou ao rock, com arranjos rejuvenescidos, como na canção “Jogo Sujo”, do disco “Rock n’ Roll”.
Após a perda de Gal Costa, o Brasil não será o mesmo com a partida do Tremendão, o Gigante Gentil. Um pioneiro do rock no Brasil e um compositor popular singular.
Há cinco dias ganhou o prêmio Grammy Latino, pelo álbum "O Futuro Pertence À... Jovem Guarda", que reafirma a eternidade das canções criadas pelo artista, na maioria das vezes, ao lado de Roberto Carlos.