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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
A boa polícia não é a que mata, exceto em legítima defesa, mas a que prende, com uso da inteligência e tecnologia e é respeitada e bem vista nas comunidades e não ‘temida’. Esta visão fundamentada nos direitos humanos não é o caso da política de segurança do Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos, especialmente nos governos Wilson Witzel (cassado por denúncias de corrupção) e Claudio Castro (PL), reeleito nas eleições 2022. Ambos representam a continuidade da política bolsonarista de que é preciso matar para depois saber quem são as vítimas, cujo lema é “bandido bom é bandido morto”.
A maior parte das vítimas das ações policiais no país confirma que as ações policiais ocorrem nas favelas e periferias e que a grande maioria das vítimas, é da raça negra.
Política de extermínio
O Estado do Rio registra duas mortes de pessoas negras assassinadas pela polícia por dia e é o estado com o maior número total de chacinas. Dos 57 registros policiais com três vítimas ou mais, 30 deles apresentam totalidade de vítimas negras. Ao todo, foram 155 vítimas e 138 delas eram pretas ou pardas. Os municípios do Rio e de São Gonçalo são os recordistas no estado, no número de mortes de negros e negras em ações policiais no Estado, seguidos pelas cidades da Baixada Fluminense.
Um levantamento feito pela Rede de Observatórios em Segurança Pública, mostra que, nos sete dentre os estados mais violentos (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo), em um total de 3.290 mortes em operações policiais em 2021 2.154 vítimas (65%) eram pessoas negras.
“No Brasil e especialmente no Rio de Janeiro nas últimas três décadas, não existe uma política de segurança, mas de extermínio de pobres e principalmente da população negra que está na base da pirâmide social e muitas vezes à margem da sociedade”, afirma o diretor de Políticas Sociais do Sindicato, Robson Santos.
PM que mais mata e morre
Nessa guerra, a Polícia Militar do Rio de Janeiro é também a corporação que mais morre no país. Em levantamento comparativo às taxas da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, e São Paulo, dos 21 mil eventos violentos monitorados, o relatório revelou que, somados, os seis outros estados têm menos mortes policiais que o Rio sozinho.
“É uma política errada que prima pela guerra. Os governos Claudio Castro e Jair Bolsonaro (PL) não entendem que, o que pacifica a sociedade é a educação em horário integral e profissionalizante, a geração de empregos e renda e atividades culturais esportivas e de lazer nas regiões mais pobres”, afirma o Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.
Os dados são de um relatório da Rede de Observatórios da Segurança Pública.