Quinta, 17 Novembro 2022 16:10

Jacob Barata avança em monopólio de empresas de ônibus interestaduais

Falta de concorrência, crescimento de grandes grupos, golpes e piora nos serviços acontecem nas barbas da ANTT e do governo federal
Jacob Barata já tem um dentre os dois maiores grupos de empresas de ônibus interestaduais do Brasil. Os oligopólios reduzem a concorrência e prejudicam os consumidores Jacob Barata já tem um dentre os dois maiores grupos de empresas de ônibus interestaduais do Brasil. Os oligopólios reduzem a concorrência e prejudicam os consumidores Divulgação

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Conhecido como “Rei do Ônibus”, o empresário Jacob Barata Filho já foi preso em duas operações (Cadeia Velha e Operação Ponto Final), desdobramento da Operação Lava-Jato, em 2017. Acusado de dar propinas a políticos e, segundo dito por ele mesmo, corromper todos os governadores do Rio, exceto Leonel Brizola, que encampou diversas linhas de ônibus do megaempresário por maus serviços, Barata avança rápido num monopólio do setor, desta vez, em linhas interestaduais.

Segundo as acusações do Ministério Público Federal, entre julho de 2010 e outubro de 2016, foram feitos 203 aportes mensais de dinheiro, a título de propina, para Cabral e outros operadores políticos ligados a ele, no valor total de R$ 144,7 milhões. Este recurso teria vindo de diversas empresas de ônibus e também da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro.

O herdeiro de um monopólio de ônibus do Rio desde os anos 60, pertecente ao pai Jacob Barata, já comprou várias empresas e linhas em vários estados do país, tudo nas barbas da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).O grupo já está entre os dois maiores detentores de linhas interestaduais e já comprou as viações Útil, Única, Real Expresso, Sampaio, Motta, Brisa e Federal, esta última ligando Brasília a estados do Nordeste, entre outras.

Outros empreendimentos

A frota da família Barata é de pelo menos 4 200 ônibus distribuídos em cerca 20 empresas de ônibus, além de um banco, concessionárias, operadora de turismo, hoteis, dorgarias, hospitais e imóveis. Além do Rio de Janeiro, as empresas do grupo operam nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Pará, Paraíba, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, com mais de 20 mil funcionários.

O grupo atua também em Portugal, onde é proprietário das empresas de ônibus Scotturb e Vimeca/Lisboa Transportes, que foram fundidas formando a empresa Viação Alvorada, além de uma da rede de com sete hotéis, sendo três em Lisboa e quatro no Porto. 

“Os cariocas conhecem muito bem os péssimos serviços oferecidos pelo monopólio da família Barata no transporte urbano e dos processos que envolveram propina a políticos, como o governador Sérgio Cabral. A ANTT está na parede. Não pode permitir os monopólios no setor pois sem concorrência, os serviços pioram”, disse um consumidor na Rodoviária NovoRio, que preferiu não se identificar.

Segundo as acusações do Ministério Público Federal, entre julho de 2010 e outubro de 2016, foram feitos 203 aportes mensais de dinheiro, a título de propina, para Cabral e outros operadores políticos ligados a ele, no valor total de R$ 144,7 milhões. Este recurso teria vindo de diversas empresas de ônibus e também da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro.

A queda da Itapemirim

O czar ou rei dos ônibus do Rio, como ficou conhecido, estaria se beneficiando da falência da empresa Itapemirim, então a maior do país por décadas, para ganhar mais linhas Brasil à fora. A empresa dos ônibus amarelinhos que já estava em dificuldade há anos, foi à falência, em definitivo, após o empresário Sidnei Piva de Jesus, acusado de ter dado um golpe ao comprar a empresa e criar o ITA Linhas Aéreas, que não deu cano em centenas de clientes que compraram passagens e não voaram. A Itapemirim não teria recebido um centavo de um aporte de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões, em cotação atual) de um fundo árabe para fortalecer o grupo.

Piva teria usado a Itapemirim para dar golpe em centenas de investidores, ao lado das empresas Extrading Exchange & Trading Platform e Future Design Solutions Ltda (FDS), de não devolver cerca de R$ 400 mil investidos nas criptomoedas CrypTour, moeda digital lançada em julho deste ano pelo grupo de transporte. Os investidores acusam de não terem mais acesso à plataforma da Extrading, que foi retirada do ar, para pedir o resgate ou simplesmente ter acesso a informações sobre o destino do dinheiro. Piva é acusado ainda de ter aberto uma empresa no Reino Unido avaliada em R$6 bilhões.

O monopólio de empresas, supostos golpes no setor e a concorrência desleal através da uberização de opções por aplicativos, derrubam antigos e tradicionais concorrentes, como Itapemirim, Cometa e Pluma e pioram os serviços, aumentando as queixas dos passageiros. Tudo nas barbas da ANTT e do governo Bolsonaro.

 

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