Quinta, 17 Novembro 2022 15:36

'Bico' e informalidade fazem pesquisa mostrar desemprego menor

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

Ao considerar como empregado o trabalhador que faz ‘bico’, ou aqueles que não possuem carteira assinada, a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostrou queda no desemprego de 9,3% para 8,7% no terceiro trimestre deste ano em seis unidades da federação e manutenção do índice em 21 outras. A forma de cálculo acaba gerando uma enorme distorção, ocultando grande parte dos que estão desempregados.

Para que se tenha uma ideia, a taxa de informalidade – trabalhadores sem direitos a férias, 13º salário e demais garantias da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – corresponde a 39,4% dos que têm alguma ocupação, um total, 39,1 milhões de pessoas. E quase 3 em cada 10 desempregados permanecem em busca de uma nova colocação profissional há mais de dois anos.  

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada nesta quinta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Bico

É considerado desempregado apenas o trabalhador que não está ocupado no mercado de trabalho, tem disponibilidade para trabalhar e está, efetivamente, em busca de uma vaga. Se estiver fazendo um bico no dia da pesquisa não entra na estatística.

Em todo o país, 44,5% dos desempregados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho. Para 11,7%, a busca estava durando de um ano a menos de dois anos e para 27,2%, ou 2,6 milhões de desempregados, dois anos ou mais. Cerca de 16,6% estavam à procura de uma vaga há menos de um mês.

Informalidade

O IBGE considera informais os trabalhadores domésticos e do setor privado sem carteira assinada, os empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.

No terceiro trimestre, apenas 25,3% dos trabalhadores domésticos do país tinham carteira assinada. Entre os empregados do setor privado, essa proporção era de 73,3%, com menores percentuais no Norte (57,7%) e no Nordeste (57,3%). Santa Catarina (88,4%), Rio Grande do Sul (81,3%) e São Paulo (81,2%) foram os estados com as maiores proporções. Já as menores foram Maranhão (47,0%), Piauí (48,5%) e Pará (50,3%).

Desemprego maior entre mulheres, pretos e pardos

A taxa de desemprego no terceiro trimestre é bem maior para mulheres (11%) do que para homens (6,9%). E também para pretos (11,1%) e pardos (10%), enquanto a dos brancos fica abaixo da média nacional (6,8%). Cresce para pessoas com ensino médio incompleto (15,3%) e cai para quem tem superior completo (4,1%).

No recorte por regiões, o desemprego é maior no Nordeste (12%) e menor no Sul (5,2%). Vai a 6,5% no Centro-Oeste, 8,2% no Norte e 8,7% no Sudeste.

Entre as unidades da federação, as maiores taxas de desemprego estão a Bahia (15,1%),  Pernambuco (13,9%) e Rio de Janeiro (12,3%).

As menores taxas foram registradas em Rondônia (3,9%), Mato Grosso e Santa Catarina (ambas com 3,8%). Em São Paulo, 8,6%, estável em relação ao segundo semestre, como a maioria das UFs.

*Com informações da CUT Nacional.

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