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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Após as eleições 2022 terem sido acompanhadas por observadores internacionais do mundo inteiro, reafirmando a credibilidade do processo eletrônico de votação brasileiro, um dia depois de divulgar o relatório das Forças Armadas sobre a inspeção das urnas eletrônicas que não indicou nenhuma fraude, o Ministério da Defesa deu um “jeitinho brasileiro’ de dizer que “a auditoria feita pelos militares não garante a confiabilidade das urnas”.
Segundo nota divulgada pela pasta do ministro, o general Paulo Sérgio Nogueira, o trabalho não excluiu a “possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas”. O relatório de 65 páginas indica “suspeitas de possíveis falhas de segurança”, no entanto não aponta qualquer indício de manipulação dos sistemas e nada comprova para colocar em cheque o resultado das eleições deste ano.
O mau humor dos generais
A auditoria dos militares, que nem é papel das Forças Armadas, foi um verdadeiro ‘mico’ porque não provou nada, mas insiste nas teorias conspiratórias bolsonaristas. O relatório da caserna diz que “inserções maliciosas podem alterar o funcionamento do sistema eleitoral”, mas ao mesmo reconhece que não há nenhuma comprovação de fraude.
A presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco criticou as ilações do relatório militar sobre as urnas e a nota do Ministério da Defesa que alimenta as fake news que colocam em dúvida o resultado das eleições.
“É visível que o mau humor do alto escalão das Forças Armadas parece estar muito mais relacionado ao fato de que os militares terão que deixar os cargos comissionados em toda a área civil do governo do que propriamente a uma avaliação séria que possa colocar em suspeição o resultado do sistema eleitoral”, ressaltou.
A dirigente sindical se queixou ainda do fato de as três forças não terem criticado os atos antidemocráticos de bolsonaristas que, inconformados com a derrota, pedem uma intervenção militar, na verdade, um golpe e uma ditadura.
“Ao contrário, as três forças estão tendo uma postura mais que negligente, que sustenta o discurso golpista e ainda criticam os agentes públicos que restabelecem a ordem que os militares tanto evocam como missão, mas não cumprem no caso dos seguidores do capitão Bolsonaro, ainda presidente do país”, acrescentou Kátia.
Não é papel das Forças Armadas
A reação mais dura contra a nota do Ministério da Defesa veio da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Em mensagem no Twitter, ela afirmou que os chefes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica não devem se envolver em política.
“Não é papel dos comandantes militares opinar sobre o processo político, muito menos sobre a atuação das instituições republicanas”, afirmou. A petista ainda declarou que a liberdade de manifestação “não se aplica a atos contra a democracia, que devem ser tratados pelo nome: golpismo”.
Até militares dos tempos da ditadura militar, com o processo de redemocratização, defendiam que os militares não se envolvessem mais em política e voltassem a exercer sua missão constitucional na caserna e nas fronteiras do Brasil, como declarou o ex-presidente general Ernesto Geisel, que defendeu esta tese em entrevista que está registrada no livro “Ernesto Geisel”, de Maria Celina D’Araújo e Celso Castro, editado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), nos anos 90.