Sexta, 11 Novembro 2022 11:07

Fãs, amigos e familiares se despedem de Gal Costa em velório em São Paulo

Rio - O corpo da cantora Gal Costa está sendo velado no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) desde pouco antes das 9h desta sexta-feira. A artista morreu, aos 77 anos, na última quarta, em sua casa, na capital paulista. A despedida de Gal será aberta ao público e deve acontecer até às 15h. A entrada para o velório acontece pelo portão da Avenida Pedro Alvares Cabral, 201, em Moema. O sepultamento será realizado no Cemitério 3ª Ordem do Carmo, no bairro da Consolação, às 16h, e será fechado para amigos e familiares.
A viúva de Gal, Wilma Petrillo, e Gabriel, de 17 anos, filho da cantora, já estão no local. Sophie Charlotte, que interpreta Gal Costa no filme "Meu Nome é Gal", c om lançamento previsto para o ano que vem, também compareceu à Alesp e estava muito emocionada.  O cantor Jorge Benjor, os apresentadores Luciano Huck e Angélica, e o diretor Boninho e sua mulher, Ana Furtado, mandaram coroas de flores. Os fãs formam uma fila na entrada da Assembleia Legislativa para se despedirem de Gal. 
A cantora seria uma das atrações do festival Primavera Sound, na capital paulista, que aconteceu no final de semana passado, mas cancelou sua participação no evento. Em setembro deste ano, a artista passou por uma cirurgia para a retirada de um nódulo na fossa nasal direita. Por recomendações médicas, ela ficaria afastada dos palcos até este mês. A cantora já tinha shows da turnê "Várias Pontas de Uma Estrela", em que revisitava grandes sucessos dos anos 80, marcadas para dezembro e janeiro.
Gal Costa deu voz a clássicos da MPB como "Baby", "Meu nome é Gal", "Chuva de Prata", "Meu bem, meu mal", "Pérola Negra" e "Barato total".
A artista deixa um filho, Gabriel Costa Penna Burgos, que ela adotou há 15 anos, quando o conheceu em um abrigo, no Rio. Na época, Gabriel tinha apenas 2 anos. Atualmente, ele tem 17. Em algumas entrevistas, a cantora já havia dito que sonhava em ser mãe e que se oferecia para "ter filho com todo mundo". O último álbum de inéditas da cantora, "A Pele do Futuro", de 2018, é inspirador em Gabriel.
Musa
Gal Costa era a musa dos anos 1970 e do movimento tropicalista. Sua ousadia e originalidade marcaram toda uma geração. Gal se destacava por seus modelitos, que transitavam por vários estilos: desde o hippie dos anos 1960, passando pelos looks justíssimos da época da Tropicália. A icônica tanga que usou no disco "Índia", de 1973, virou um símbolo de transgressão. Os cabelos volumosos e o batom vermelho se tornaram sua marca registrada.
Assumidamente bissexual, Gal Costa viveu com o empresário Marco Pereira entre 1991 e 1992. Ela também teve relacionamentos com mulheres anônimas e famosas, entre elas a cantora Marina Lima e a atriz Lúcia Veríssimo.
Trajetória
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu no dia 26 de setembro de 1945, em Salvador, na Bahia. A artista trabalhou em uma loja de discos em Salvador, onde conheceu o cantor João Gilberto. Em 1963, ela foi apresentada a Caetano Veloso por sua amiga Dedé Gadelha, que na época era casada com o cantor.
Em 1964, Gal participou da inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, ao lado de nomes como Caetano, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé, entre outros. A artista ainda utilizava o nome Maria da Graça quando lançou "Eu vim da Bahia", de Gilberto Gil, em 1965.
Gal Costa era cantora e compositora e um dos grandes nomes da Tropicália e da MPB. Ela gravou, em 1968, duas músicas do álbum "Tropicália ou Panis et Circencis", lançado por ela, Caetano, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. A cantora também participou, no mesmo ano, do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em que conquistou o terceiro lugar com a música "Divino Maravilhoso".
No ano seguinte, a cantora lançou o álbum "Gal Costa", com canções de Roberto Carlos e Erasmo. Durante o período da Ditadura Militar, a artista se firmou como uma das representantes do tropicalismo enquanto seus parceiros Gil e Caetano estavam no exilados. Ela gravou ao vivo o álbum "Fa-Tal: Gal a Todo Vapor", em 1971, que foi um marco e a consolidou como voz da contracultura brasileira no período do regime militar.
O último álbum lançado foi em 2021, "Nenhuma Dor", com regravações de canções como "Meu Bem, Meu Mal", "Juventude Transviada" e "Coração Vagabundo", ao lado de artistas como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.
Em sua carreira, Gal lançou 43 álbuns, 12 DVDs e participou de 16 especiais na televisão. A artista foi indicada cinco vezes ao Grammy Latino e venceu o Prêmio da Música Brasileira, em 2016, na categoria melhor cantora.

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