Terça, 08 Novembro 2022 16:12

Bancos demitem em massa e contratam funcionários com média salarial reduzida

Além de lucrar mais com salários menores dos novos empregados, contratações nos bancos discriminam as mulheres

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

Os bancos privados continuam mantendo a velha estratégia de alta rotatividade na mão de obra para reduzir custos e elevar ainda mais os lucros: demitem bancários em massa e, quando contratam novos funcionários, a média salarial é muito inferior à dos trabalhadores dispensados. O salário mensal médio de um bancário admitido em setembro foi de R$ 5.521,94, ou 81,5% daquele que foi desligado, que era de R$ 6.772,94.

“Comparado a outras categorias, a média salarial dos bancários ainda é boa e isso é fruto da luta do movimento sindical e da organização dos bancários e bancárias”, disse o diretor da Secretaria de Bancos Privados do Sindicato do Rio, Geraldo Ferraz. O salário médio do trabalhador admitido no emprego formal brasileiro atingiu R$ 1.931,13, o que corresponde a apenas 35% do ganho do bancário. O valor médio dos trabalhadores no Brasil equivale a 1,6 salários mínimos e é pouco superior aos auxílios alimentação e refeição conquistados pela categoria bancária, que somam R$ 1.813,80 ao mês.

“No entanto, os bancos dispensam funcionários antigos, que ganham mais, e quando há contratação, admitem trabalhadores com uma média salarial bem inferior, isso sem falar nas terceirizações que resultam em trabalho ainda mais precário e salários bem menores”, acrescenta Geraldo.

Discriminação às mulheres

O mercado de trabalho no setor financeiro, como nas demais atividades, continua a discriminar as mulheres: Como sempre acontece, as contratações favoreceram homens, com saldo positivo de 117 postos, enquanto as mulheres perderam dois na relação entre empregados demitidos e contratados.

“O mercado de trabalho é extremamente discriminatório com mulheres e negros e esperamos que o novo governo Lula crie programas de incentivo à contratação de mais trabalhadoras e afrodescendentes e faça cumprir a Lei de Cotas”, disse a vice-presidenta do Sindicato Kátia Branco.

Mais jovens

Houve ainda uma ampliação de bancários com até 29 anos contratados no setor, com 698 vagas, enquanto aqueles com idade superior a essa perderam 565.

O setor bancário registrou, em setembro, a abertura de 115 postos de trabalho. Neste ano, foram criadas 3.413 vagas e nos últimos 12 meses, 6.041. As movimentações mostram que, desde janeiro, 51,5% desse saldo são devidos a bancos múltiplos, com carteira comercial, e 37,4%, à Caixa Econômica Federal, pelas contratações de aprovados no concurso de 2014, após a pressão e medidas judiciais do movimento sindical para garantir a contratação de novos funcionários na estatal. No entanto, o saldo positivo no mercado de trabalho dos bancos está relacionado a contratação de mais profissionais da tecnologia da informação (TI), pois ao longo dos últimos 12 meses, 10% das admissões e apenas 5% dos desligamentos ocorreram em postos na área. No mesmo intervalo, não ocorreram contratações para primeiro emprego e a reintegração de trabalhadores representou 3,1% dos admitidos em setembro.

Rio tem saldo negativo

O Sindicato tem feito a sua parte, reintegrando bancários com açõs na Justiça do Trabalho, promovendo atos públicos e paralisações e denunciando as demissões por meio das redes sociais. Mas o Rio está entre os estados com saldo negativo no emprego, o que mostra a necessidade da categoria participar ainda mais das mobilizações do movimento sindical.

“Infelizmente no Rio de Janeiro o saldo no emprego bancário foi negativo. Vamos continuar realizando protestos, paralisações e denunciar à sociedade o fechamento de agências e demissões, que prejudicam também clientes e usuários”, ressalta Geraldo.

Nesse mês, 15 estados tiveram saldo positivo, com destaque para São Paulo (368 postos), Paraná (27) e Sergipe (10). O fechamento de vagas se deu em 11 estados, de modo mais acentuado no Rio de Janeiro (153), Minas Gerais (62) e Ceará (60). De janeiro a setembro, a maior concentração do saldo favorável também ocorreu em São Paulo, com 66,3% do total. O fechamento de postos se deu em seis estados – Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – o que não se verificou nas regiões Norte e Centro-Oeste do país.

Menos bancários

No ramo financeiro, quando excluída a categoria bancária, o saldo foi positivo em todos os 12 últimos meses, com a geração de cerca de 38,3 mil postos. As atividades que mais contribuíram foram crédito cooperativo (867 vagas), holdings de instituições não financeiras (707) e corretores e agentes de seguros, de planos de previdência complementar e de saúde (398), o que reafirma a política dos bancos de reduzir drasticamente trabalhadores bancários com direitos resguardados pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e vínculo sindical, ampliando o número de empregados com trabalho mais precário e com salário médio inferior.
Os números e informações são da Pesquisa do Emprego Bancário (PEB), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – Rede Bancários, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), de setembro de 2021 a setembro de 2022.

 

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