Segunda, 07 Novembro 2022 19:21
CNN REVELA

Bolsonaro consultou Exército sobre possibilidade de não reconhecer vitória de Lula

Militares do Alto Comando teriam descartado intervenção ou golpe e a proposta do atual presidente de ‘judicializar’ o resultado das urnas
NOS SUBTERFÚGIOS DO PODER - Durante o silêncio que durou quase 48 horas após o resultado das eleições que deram a vitória a Lula, Bolsonaro teria consultado as Forças Armadas sobre a possibilidade de judicializar o pleito NOS SUBTERFÚGIOS DO PODER - Durante o silêncio que durou quase 48 horas após o resultado das eleições que deram a vitória a Lula, Bolsonaro teria consultado as Forças Armadas sobre a possibilidade de judicializar o pleito

Segundo matéria da CNN Brasil, emissora que ganhou a concessão no governo Bolsonaro, no período de quase 48 horas em que manteve silêncio em relação à vitória de Lula nas eleições presidenciais, o atual presidente teria consultado os militares do Exército Brasileiro sobre na possibilidade de “judicializar” o resultado das urnas com a justificativa de que o candidato eleito “poderia ser considerado inelegível por conta das condenações da Operação Lava-Jato, cujos processos do ex-juiz Sérgio Moro foram considerados imparciais e por motivação política. Moro acabou sendo ministro da Justiça do atual governo e, após ser demitido, acusou Bolsonaro de corrupto e não deixar as investigações “contra os filhos e ele próprio” prosseguirem. Mesmo após as graves acusações, Moro virou assessor de campanha de Bolsonaro no segundo turno. O próprio presidente disse que acabou com a Lava-Jato porque não havia mais corrupção no Brasil, o que não é verdade. Há várias acusações de superfaturamentos, esquemas de propina no MEC e na compra das vacinas da covid-19 e o decreto de 100 anos de sigilo a atos e informações pessoais de integrantes do governo deixa no ar suspeitas de que há muito a esconder.
Militares ouvidos pela emissora disseram que a sugestão golpista de Bolsonaro chegou “a receber o aval de uma das Forças e negada por outra” e o Exército teria sido o fiel da balança para impedir a tentativa de melar o voto dado pelo povo. O Comitê da Transparência, da qual faz parte o Exército, não encontrou nenhuma irregularidade nos testes feitos em 641 urnas, sendo 56 com uso de biometria.
Os generais de quatro estrelas consideram o resultado do pleito como página virada e já se preparam para a transição de governo, aguardando o nome do novo ministro da Defesa. Procurado pela CNN, os comandantes das Forças Armadas não quiseram se pronunciar e mantém silêncio até o fechamento desta edição.

Democracia

Apesar de pedir desbloqueio de estradas, Bolsonaro disse que apoia o que chama de “manifestações democráticas”. Eleitores do candidato derrotado continuam bloqueando vias públicas e pedindo o golpe e a ditadura militar em atos em frente aos quarteis.
“Os protestos deixam de ser democráticos quando pedem um golpe com intervenção militar, o que impediria a vontade popular expressa nas urnas que deu a vitória a Lula”, criticou a vice-presidente do Sindicato Kátia Branco.
A vitória de Lula foi reconhecida e até celebrada no mundo inteiro. O vice, general Hamuilton Mourão criticou os atos antidemocráticos que pedem um golpe, reconheceu a derrota e disse que “não há clima internacional” para uma intervenção militar.

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