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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Em entrevista à GloboNews, o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, quando perguntado sobre a situação fiscal que o governo Bolsonaro deixará para a gestão Lula, que se iniciará em 2023, o economista respondeu que o valor é muito maior do que a estimativa oficial de cerca de R$150 bilhões. Segundo Meirelles, o tamanho do rombo deixado pelo atual governo é três vezes mais este valor.
“Na minha avaliação, o tamanho do buraco deixado é mais próximo de R$400 bilhões, estimado por entidades independentes, do que dos R$ 150 bi que o governo está falando”, disse Meirelles, que defendeu uma reforma administrativa e falou em “excepcionalidade” para acomodar o orçamento, criando novas regras fiscais. “Uma reforma administrativa bem-feita, por exemplo, fechando estatais que já deixaram de existir há muito tempo. Limpar essas despesas desnecessárias para abrir espaço para investimentos”, acrescentou.
Para o banqueiro, o teto de gastos “não está desmoralizado”, em função dos gastos em medidas eleitoreiras do presidente Bolsonaro.
“O que está desmoralizado é a presente política fiscal que não seguiu o teto de gastos, por isso nós temos um risco Brasil elevado”, completou.
Orçamento prova rombo
O tamanho do rombo fiscal deixado por Bolsonaro está explícito no próprio orçamento do atual governo para 2023, enviado pelo atual governo, com cortes em áreas sociais e fundamentais para o país: R$1 bilhão a menos para a educação básica, sendo uma redução de 96% na educação infantil. Na previsão do atual governo só haveria verba para construir cinco novas creches, além de 56% a menos na educação de jovens. Embora tenha prometido manter o Auxílio Brasil no valor de R$600 (o governo queria R$200, mas o Congresso Nacional elevou o valor). Para as universidades públicas, a previsão seria de R4300 milhões a menos do que em 2022, ameaçando o funcionamento de itens básicos como manutenção de limpeza e contas de água e luz.
Num corte total de cerca de R$63 bi, Bolsonaro tirou verba da habitação, cortando 96% do dinheiro do programa Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa, Minha Vida.
“O governo Lula terá, a partir da posse em 2023, o complexo desafio de manter o equilíbrio das contas do governo após o rombo nas contas deixado por Bolsonaro e, ao mesmo tempo, manter o valor de R$600 do Bolsa Família, programas habitacionais, aumento real do salário mínimo e aposentadorias e tudo o que Bolsonaro não iria fazer, apesar de suas promessas e medidas eleitoreiras, o que está bem claro no orçamento que seu governo enviou ao Congresso Nacional. Lula terá de reconstruir o Brasil do zero”, avaliou o vice-presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Vinícius de Assumpção.