Quarta, 02 Novembro 2022 16:44
VIÚVAS DA DITADURA

No dia dos mortos, Bolsonaristas vão aos quartéis pedir golpe e intervenção militar

Bolsonaristas, inconformados com a derrota, foram aos quartéis pedir um golpe e intervenção militar. No QG do Rio, na Presidente Vargas, no Centro, os manifestantes reivindicaram a volta da ditadura, no Dia de Finados Bolsonaristas, inconformados com a derrota, foram aos quartéis pedir um golpe e intervenção militar. No QG do Rio, na Presidente Vargas, no Centro, os manifestantes reivindicaram a volta da ditadura, no Dia de Finados

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Bolsonaristas inconformados com a derrota nas eleições do último domingo, 30 de outubro, continuam fechando vias públicas numa manifestação antidemocrática pedindo “um golpe e a volta da ditadura através de uma intervenção militar”. Nesta quarta-feira (2/11) do feriado do Dia de Finados, os manifestantes, que não aceitam o resultado das urnas, foram para a porta dos quartéis pedir um golpe e a volta da ditadura militar.

Omissão da PRF 

Apesar da ordem do ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Alexandre de Moraes, de multar caminhoneiros e manifestantes que estão impedindo o direito de ir e vir, a direção da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e parte da corporação continuam sendo conivente e não tem agido com o mesmo rigor que teve no dia da votação do segundo turno, quando realizou operações ilegais que atrapalharam eleitores de chegar às seções para votar, especialmente no Nordeste, reduto eleitoral de Lula.

A complacência de policiais em relação ao fechamento das estradas chegou ao ponto de criar cenas inusitadas: as vias públicas chegaram a ser desbloqueadas por torcidas organizadas, como do Atlético Mineiro e a Gaviões da Fiel,do Corínthias e de trabalhadores de várias categorias. Já policiais rodoviários teriam sido filmados e vistos nas redes sociais confraternizando com os manifestantes e até “batendo continência”, o que foi repudiado por outros policiais que estão cumprindo o seu dever de liberar as vias públicas.

 O silêncio dos militares

Nesta quarta-feira, 2 de novembro Dia de Finados, os manifestantes realizaram atos em frente aos quartéis e às vilas militares do país para pedir que as Forças Armadas ”não aceitem o resultado das eleições” e “promovam um golpe militar”, como em 1964, em que o Brasil sofreu uma ditadura de 21 anos.

“Reconquistamos a democracia a custa de prisões, tortura, exílios e até de vidas assassinadas, como o bancário Aluizio Palhano, que presidiu o nosso Sindicato. Estas manifestações são antidemocráticas e creio que os militares sensatos não estão dispostos a entrar nessa aventura insana que o capitão Jair Bolsonaro sonha em realizar”, criticou o vice-presidente do Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) Vínius de Assumpção. 

“Milhares dessas pessoas que faleceram foram vítimas da covid-19 por causa da demora da chegada e aplicação dos imunizantes  devido ao negacionismo deste governo que chega ao seu fim e da campanha pessoal de Bolsonaro contra a vacina. Considero uma falta de respeito impedir as pessoas de prestarem homenagem a seus entes queridos em um ato contra a democracia  de quem não aceita o resultado das urnas. A motivação  dos atos, que pedem um golpe militar, é inaceitável e mais uma mobilização apoiada por Bolsonaro contra a democracia”, acrescentou Vinícius. 

“Fico curiosa se o MST e os movimentos sociais realizassem protestos contra o golpe e a ditadura de 1964 num 1º de março, se os militares iriam assistir os protestos com a mesma complacência. Além disso, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica estão devendo uma nota oficial reafirmando o compromisso das Forças Armadas com a democracia e o respeito à escolha do povo brasileiro, que elegeu Lula”, explica a vice-presidenta do Sindicato Kátia Branco que estranhou o silêncio do comando das Forças Armadas ante mais um ataque contra a democracia e um desrespeito ao resultado das urnas. 

O que diz a Constituição

Os bolsonaristas realizaram os atos pedindo uma intervenção militar alegando o artigo 142 da Constituição Federal. No entanto o sistema político brasileiro proíbe os militares de intervir na política e não prevê um mecanismo de intervenção militar. A Constituição de 1988, logo no Artigo 1º, parágrafo único diz que "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição", ou seja, pela Carta Magna, é o povo quem escolhe os governantes. Se os militares tomam o poder pela força, isso se classifica como um golpe de Estado, como ocorreu em 1964. 

Bloqueio antes da votação

O fechamento de estradas prejudicou pessoas que tinham viagens marcadas nas rodoviárias e aeroportos ou ficaram presas nos bloqueios.

Muita gente que iria viajar a trabalho, inclusive eleitores de Bolsonaro, reclamaram dos protestos. Apesar de a paralisação antidemocrática ter se concretizado apenas após a votação de domingo (30/10), a convocação das milícias digitais bolsonaristas foi feita semanas antes, no dia 14.

"Dia 30 vamos votar e permanecer nas ruas”, diziam as mensagens.

Apesar de ter criticado o fechamento das vias públicas, em seu pronunciamento na última terça-feira (1/11), quase 48 horas depois do resultado, Bolsonaro defendeu a pauta das manifestações que pedem um golpe e a volta da ditadura militar, o que não é novidade para quem, a vida inteira, jamais teve apreço pela democracia.

À noite, pressionado por aliados e pelo poderoso setor de logística e após reunião do STF (Supremo Tribunal Federal), Bolsonaro fez um vídeo tardiamente pedindo para que seus seguidores desobstruam as estradas e vias públicas.

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