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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2022, Jair Bolsonaro (PL) fez um curto pronunciamento sobre o resultado do pleito, dois dias após a votação do último domingo (30 de outubro). Como era de se esperar, não conseguiu sequer citar o nome do novo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva e muito menos fez o que é de praxe no convívio democrático, que é expressar felicitações ao candidato vitorioso.
Atos antidemocráticos
Ao agradecer os mais de 57 milhões de votos que obteve (49,17%), Bolsonaro sinalizou que reconhece a derrota, apesar de mostrar toda a sua contrariedade com o resultado das urnas, ao chamar os atos antidemocráticos no país de parte de seus eleitores que pediram um golpe e a ditadura, através da intervenção militar. Fez uma ressalva ao fechamento de vias públicas dizendo que estes “são métodos da esquerda”. Mas defendeu o motivo dos protestos que chamou de “movimentos populares frutos da “indignação contra o processo eleitoral”, atacando mais uma vez as instituições democráticas”.
Mentiu ao dizer que “sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição Federal”, esquecendo-se que sempre atacou as instituições democráticas, como fez no feriado do Sete de Setembro de 2021 e quando insinuou que não renovaria a concessão da Rede Globo. .
Repetiu o lema “Deus, Pátria e Família”, o mesmo usado em movimentos fascistas no mundo e também por aqueles que defenderam a ditadura e o golpe militar de 1964.
Bolsonaro mentiu
Criticou a imprensa por se “rotulado de antidemocráico”, como se não fizesse parte de sua vida pública, a defesa da ditadura e da tortura, como em seu discurso quando homenageou o ditador, coronel Ustra e celebrou a tortura sofrida na época do regime militar, pela ex-presidenta Dilma Rousseff.
“Bolsonaro ataca a esquerda, como sempre faz, mas como presidente da República e certamente com as informações dos setores de inteligência das Forças Armadas e da Polícia Federal de que os protestos aconteceriam no dia seguinte, não tomou nenhuma medida para impedir o bloqueio de estradas, incêndios e saques promovidos por seus eleitores e milícias bolsonaristas. Na verdade ele sempre incentivou e já até liderou estes atos antidemocráticos que pedem um golpe e volta da ditadura militar”, criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Katia Branco. A sindicalista lembrou ainda que a postura conivente da direção-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob o aval do atual Presidente da República, aos bloqueios das vias públicas, reafirmam que Bolsonaro está por trás destas manifestações.
Tendo demorado a fazer o pronunciamento - 48 horas depois do resultado oficial do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) - e após presidentes e lideranças do mundo inteiro já terem expressado congratulações a Lula, o novo presidente eleito com 59.563.912 votos (50,83%), o candidato derrotado reclamou do que chama de “sistema” e deixou claro que, dois dias após a derrota e antes mesmo de Lula assumir o governo (1º de Janeiro de 2023) já está em campanha para as eleições de 2026. “E uma honra um homem como eu ser líder de milhões de brasileiros e que defende a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira”, concluiu, contrariando seus discursos, desde sempre, em defesa da ditadura e de uma intervenção militar.
Na avaliação de especialistas, no pronunciamento, mesmo contrariado, Bolsonaro admite a derrota, o que teria frustrado o bolsonarismo mais radical que voltou nesta terça-feira (1/11), a replicar mensagens do gabinete de campanha, de que haveria uma “intervenção militar”.
Na verdade, Bolsonaro nunca discursou com a postura de um presidente da República e jamais falou para todo o povo brasileiro, mas, como fez neste pronunciamento, se dirigiu apenas as seus eleitores mais aficcionados.