Terça, 01 Novembro 2022 15:15
VIÚVAS DA DITADURA

Bolsonaristas fecham estradas, põem fogo e saqueiam o Ceasa inconformados com a derrota

Eleitores de Bolsonaro e grupos armados, com a conivência de policiais da PRF, criam baderna nas estradas e pedem intervenção e golpe militar
Bloqueio de estradas ocorreram em pelo menos 25 estados e no DF por bolsonaristas inconformados com a vitória de Lula e que pediem uma intervenção e a ditadura militar Bloqueio de estradas ocorreram em pelo menos 25 estados e no DF por bolsonaristas inconformados com a vitória de Lula e que pediem uma intervenção e a ditadura militar Reprodução de Redes Sociais

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Estradas bloqueadas  por caminhoneiros bolsonaristas e eleitores do candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL), incêndio e saques no Ceasa, no Rio de Janeiro e reações desesperadas de pessoas que não aceitam a derrota eleitoral e pedem a intervenção, um golpe e a volta da ditadura militar. E o pior: tudo com a conivência da direção-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Estas foram as cenas patéticas e as manifestações antimdemocráticas um dia após o povo brasileiro eleger Lula no mais acirrado pleito da história. Entidades reperesentativas de policiais criticaram as manifestações. 

“Não são atos de baderna isolados, mas ações coordenadas pelo gabinete bolsonarista nas redes sociais. O bloqueio das estradas por desordeiros antidemocráticos é fruto do silêncio do presidente derrotado nas urnas, que não aceita a vitória de Lula e não tem nenhum apreço à democracia. São as viúvas da ditadura”, criticou o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, Sérgio Menezes. O dirigente sindical criticou ainda a conivência de policiais da PRF. Vídeos nas redes sociais mostram policiais protegendo e apoiando os manifestantes.

Segundo números da própria PRF até o final da noite de segunda-feira (31/10), ocorreram pelo menos 321 pontos de bloqueios ou aglomerações em vias de 25 estados e no Distrito Federal.

Críticas de eleitores

Até alguns eleitores do atual presidente que queriam voltar para a casa no final da noite da última segunda-feira, dia 31 de outubro, criticaram os atos de vandalismo. “Eu trabalhei até tarde, estou cansado e quero voltar para minha casa e minha família. Não concordo com este tipo de protestos impedindo meu direito de ir e vir. A eleição já acabou”, disse um passageiro da empresa de ônibus Única/Fácil, que viajava do Rio para Petrópolis, mas pediu para não ser identificado.  Eleitores de Lula também criticaram a confusão organizada por bolsonaristas contra a democracia. “É um absurdo o que essa gente está fazendo, pedindo um golpe e a ditadura militar e impedindo a normalidade nas rodovias. A PRF está sendo omissa e conivente com o bloqueio das estradas. São bolsonaristas que não respeitam o resultado das urnas”, reclamou.

Bolsonaro isolado

Governadores de todo o Brasil, mesmo os seus aliados na campanha eleitoral deste ano, criticaram as badernas criadas por eleitores bolsonaristas e disseram que deram ordem às polícias militares para que as vias públicas sejam desobstruídas. No Município do Rio, a Guarda Municipal, por ordem do prefeito Eduardo Paes (PSD) está sendo mais efetiva do que a PM, apesar de o governo Claudio Castro ter anunciado que o aparato policial do Estado tem a ordem para desbloquear as estradas.

O atual governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) , que também apoiou Bolsonaro no segundo turno, deu uma entrevista coletiva e criticou os bloqueios de bolsonaristas em rodovias do Estado.

“As eleições acabaram, nós vivemos num país democrático. São Paulo aceita o resultado das urnas e nenhuma manifestação vai fazer com que a democracia retroceda”, disse, fazendo um apelo para que os manifestantes deixem as estradas.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) reeleito no primeiro turno e um dos mais veementes apoiadores da campanha de Bolsonaro afirmou que "todos têm o direito de ir e vir".

"Solicitei às nossas Forças de Segurança para desobstruir qualquer via ou estrada interditada por manifestações. A eleição já acabou. Temos que assegurar o direito de todos de ir e vir, e também que mercadorias cheguem onde precisam pra não haver desabastecimento. Vamos cumprir a lei", escreveu.

Silêncio de Bolsonaro

Associações que representam policiais rodoviários federais afirmaram, nesta terça-feira (1º), que o "silêncio do presidente Jair Bolsonaro" e sua demora em reconhecer a derrota nas eleições presidenciais de 2022 "dificulta a pacificação do Brasil e contribui para estimular os bloqueios feitos por caminhoneiros em estradas do país e se colocaram contra a omissão da direção-geral da corporação em relação aos protestos criminosos. Bolsonaro convocou uma coletiva à imprensa somente na tarde desta terça-feira. 

Logística e Agronegócio criticam

Entidades representativas do setor de logística e do Agronegócio, que apoiaram a reeleição do atual governo, também criticaram a baderna. Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) disse que caminhoneiros são reféns de grupos bolsonaristas armados.

"A Confederação reforça, mais uma vez, que não existe paralisação de caminhoneiros. Quem está desrespeitando a lei e impedindo o direito de ir e vir dos cidadãos e o trabalho dos caminhoneiros são grupos armados que não aceitam o resultado democrático e soberano das urnas. Esses grupos defendem a intervenção militar e a volta da ditadura, pautas antidemocráticas que ferem à nossa Constituição, o direito de expressão e a liberdade individual", diz a entidade que representa motoristas de caminhão.

Secundo a Nota da CNTTL, “os caminhoneiros estão sendo reféns e vítimas de grupos que estão armados, fazem ameaças e os impedem até de falar com a imprensa. A confederação diz ainda que os bloqueios são "criminosos" e “colocam vidas em risco”.

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) também divulgou nota afirmando que “o fechamento de estradas causam transtornos econômicos ao país, além de afetar a locação de pessoas doentes e de produtos de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

No Rio, a Fundação Oswaldo Cruz informou que os bloqueios estão impedindo o abastecimento de medicamentos para pessoas com câncer e outras doenças graves. Um grupo de manifestantes chegou a interditar parcialmente um dos acessos à ponte Rio-Niterói, que liga a capital fluminense à municípios da região metropolitana. Na Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo houve paralisação, na altura de Barra Mansa (RJ), que travou totalmente a via, com congestionamento de pelo menos 18 quilômetros no sentido Rio e 10 quilômetros no sentido São Paulo, segundo a concessionária CCR RioSP.

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