Caminhoneiros bloqueam a Rodovia Presidente Dutra, em Barra Mansa, desde 0h30Reprodução/Redes Sociais
Rio - Caminhoneiros bloqueiam a Rodovia Presidente Dutra, na altura de Barra Mansa, no Sul Fluminense, como forma de protesto pela derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, neste domingo (30). O grupo ocupa a via desde a madrugada desta segunda-feira (31) reivindicando que as Forças Armadas promova uma intervenção militar, alegando fraude nos resultados das urnas que deram vitória ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por 50,90%. Na manhã de hoje, os manifestantes também interditaram a BR-101, em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, por volta de 0h30 um grupo de aproximadamente 30 caminhoneiros interditou totalmente a Dutra no Km 276, em Barra Mansa. Às 1h07, agentes da PRF tentavam negociar a liberação dos veículos, momento em que já haviam cerca de 50 pessoas na região. Um policial chegou a conseguir que os manifestantes deixassem que automóveis com produtos perecíveis, ambulâncias e produtos perigosos passassem, que pouco depois voltaram atrás e não autorizaram.
Ainda segundo a PRF, às 3h44, a extensão do congestionamento no sentido Rio já chegava a cinco quilômetros, mas não foi possível precisar no trecho de São Paulo. Às 5h30, os manifestantes foram informados de que haviam passageiros dos ônibus presos no engarrafamento passando mal e, às 5h36, os usuários que estavam no Km 286 removeram a defensa divisória da pista para poder retornar.
Segundo a CCR RioSP, concessionária que administra a rodovia, ainda na manhã desta segunda-feira, a circulação na pista em Barra Mansa permanece interrompida. No Km 281, o sentido Sul apresenta 7,8 quilômetros de lentidão e 15,8 no sentido Norte. No trecho de São Paulo, que ficou bloqueado entre 0h19 e 0h54, não há novos pontos de manifestação.
Em relatos nas redes sociais, passageiros de ônibus e motoristas se queixaram da manifestação. "Parado desde às 1h na Dutra, altura de Barra Mansa, porque meia dúzia de caminhoneiros não estão aceitando a derrota", reclamou uma pessoa. "Caminhoneiros, eu estou parado na via Dutra por mais de 3h só porque vocês não reconhecem a vitória legítima do Lula", declarou outra. "Caminhoneiros, por causa de vocês, não conseguirei ir ao velório de um tio e estar ao lado minha família nesse momento de luto", lamentou mais um.
"Meu filho está parado na Dutra desde 1h da manhã. Protesto de caminhoneiros, hoje o dia vai ser cheio, se prepare", comentou um internauta. "Mais de 4 horas parado na Dutra por conta da manifestação dos caminhoneiros. Bloquearam as duas pistas e disseram que só saem depois de 72h com intervenção militar", disse outro. "Estou há mais de 4 horas parada na Dutra dentro de um ônibus. Caminhoneiros ligados ao Bolsonaro fecharam a rodovia nos dois sentidos. Essa é a democracia dos bolsonaristas. Agradecimento especial aos que votaram nele!", se queixou um usuário.
Também na manhã desta segunda, os caminhoneiros ocuparam a BR-101, em Campos dos Goytacazes, na altura do Km 64. Segundo a PRF, os manifestantes atearam fogo em pneus e o Corpo de Bombeiros precisou ser acionado, às 6h13, para controlar as chamas. De acordo com a Arteris Fluminense, concessionária que administra a via, houve registro de um quilômetro de congestionamento e o fluxo foi liberado nos dois sentidos às 6h35.
Além de no Rio de Janeiro, logo após o fim da apuração dos votos, apoiadores de Bolsonaro deram início a uma série de atos contra a vitória de Lula. Caminhoneiros e produtores rurais fecharam rodovias do Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal alegando fraude nas urnas e pedindo intervenção militar. Os manifestantes afirmaram que só liberariam as estradas com a chegada das Forças Armadas.
Em vídeos e publicações nas redes sociais, é possível ver que os apoiadores atravessaram caminhões nas vias e atearam fogo em pneus. Os manifestantes também convocaram os caminhoneiros a paralisarem rodovias do Nordeste e Minas Gerais, como retaliação pelo presidente eleito ter sido o mais votado nas regiões. Eles pedem ainda que Bolsonaro se pronuncie sobre o resultado das eleições. Confira abaixo.