Terça, 11 Outubro 2022 16:22
SE ENGANA QUEM QUER

Bolsonaro pressiona Petrobras a segurar preços da gasolina até a eleição

Especialistas garantem que o governo tenta segurar preço dos combustíveis até a eleição do dia 30, mas reajustes ocorrerão logo após o pleito Especialistas garantem que o governo tenta segurar preço dos combustíveis até a eleição do dia 30, mas reajustes ocorrerão logo após o pleito Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Orçamento secreto para parlamentares; Ajuda de R$6 mil para taxistas e caminhoneiros; antecipação do Auxílio Brasil e 13º. O presidente Jair Bolsonaro (PL), desesperado com a vantagem que o ex-presidente Lula (PT) tem no segundo turno, o que tem sido confirmado pelas pesquisas de opinião (entre 6% e 10%), não mede esforços para tentar a sua reeleição. Mesmo que isto custe o desequilíbrio das contas da União, o que levou o próprio governo a cortar verbas da educação, saúde, programas sociais e do Casa Verde e Amarela no orçamento para 2023. Agora, o presidente Bolsonaro pressiona a Petrobras a segurar um aumento dos combustíveis nas próximas semanas, até o fim do segundo turno das eleições presidenciais, apesar da situação internacional indicar uma ampliação da defasagem entre o preço do petróleo e os valores praticados no Brasil. A informação é de fontes da própria Petrobras.

Política é a mesma

Bolsonaro fez seguidas interferêncis na direção da estatal, trocando presidentes e conselheiros, mas a empresa manteve a política de paridade internacional para beneficiar os grandes acionistas, inclusive os estrangeiros, o que levou o povo brasileiro a amargar grande elevação nos preços dos combustíveis durante os quase quatro anos da atual gestão.

Economistas alertam que o esforço para baixar o preço dos combustíveis foi uma medida artificial para reduzir a alta da inflação. Mas a conta dos aumentos o contribuinte vai pagar na semana seguinte à eleição no segundo turno, que acontece no dia 30 de outubro.

Bolsonaro bem que queria anunciar novos cortes nos preços dos combustíveis e gás de cozinha, mas, em função do cenário internacional, a direção da Petrobras alertou ao Palácio do Planalto que a empresa não poderia realizar novos cortes em momento de tanta volatilidade dos mercados e que havia inclusive risco de ter de anunciar reajustes.

Gasolina barata?

Outra inverdade que Bolsonaro tem espalhado é de que a gasolina no Brasil é a mais barata no mundo. Ao fazer a comparação com os preços no Reino Unido, por exemplo, quando o presidente brasileiro esteve no funeral da Rainha Elizabeth II, Bolsonaro não fez o cálculo dos preços em relação ao salário mínimo dos países do Primeiro Mundo. A gasolina na Inglaterra custa 9% do salário mínimo de lá, que varia entre R$8 e R$9 mil. No Brasil o litro custa 22% do salário mínimo brasileiro, que é de apenas R$1.212.

Privatização é pior

E para quem ainda acredita na ladainha neoliberal do ministro da Economia Paulo Guedes de que privatizar a Petrobras vai baratear os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, uma péssima notícia. Se na estatal o aumento ainda não veio, na refinaria privatizada, em Mataripe, na Bahia, os preços do diesel e da gasolina já subiram, aumentando a pressão ainda mais sobre a Petrobras para os reajustes. O aumento foi de 9,7% no diesel e 11% na gasolina, seguindo o mercado global, o que mostra que a única saída é pôr fim à paridade, política criada no governo Temer e que Bolsonaro não muda para não desagradar grandes acionistas, entre eles, bancos brasileiros e especuladores internacionais. Só se engana quem quer.

 

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