Quinta, 06 Outubro 2022 19:36

Pastores evangélicos desmentem fake news de riscos à liberdade de culto

Em 14 anos do governo do PT cresceu o número de novas igrejas. Na época, Silas Malafaia abriu 43 novos templos
Pastores evangélicos, de denominações tradicionais e pentecostais oram por Lula. Em 14 anos de governo do PT cristãos nunca sofreram perseguição, apesar de fake news espalhadas pela campanha de Bolsonaro Pastores evangélicos, de denominações tradicionais e pentecostais oram por Lula. Em 14 anos de governo do PT cristãos nunca sofreram perseguição, apesar de fake news espalhadas pela campanha de Bolsonaro Ricardo Stuckert

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganha cada vez mais apoio do meio evangélico. Pastores e lideranças cristãs que não aceitam as fake news criadas pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) de que uma vitória de Lula representaria risco de fechamento de igrejas e se compadecem com os 33 milhões de brasileiros que passam fome após quase quatro anos do atual governo, estão declarando apoio ao candidato petista.

“Lula e o PT passaram 14 anos no poder e jamais ameaçaram os evangélicos. Muito pelo contrário: foi Lula quem assinou o decreto de criação da Marcha para Jesus e a lei que garante a liberdade de culto, direito protegido pela Constituição Federal. O que ameaça a democracia e a liberdade são os ataques de Bolsonaro às instituições democráticas e os arroubos em apologia a um golpe e a ditadura militar. Igreja não é partido, Deus não tem candidato e cristão não pode aceitar o constrangimento que as cúpulas estão fazendo sobre pastores e o rebanho para votar em Bolsonaro, que nunca foi cristão”, explica um pastor pentecostal que, temendo retaliação da direção de sua igreja, prefere não se identificar.

“Quem não apoia Bolsonaro está sendo retaliado pelas cúpulas e não é bem-vindo em reuniões fechadas feitas com o rebanho, especialmente com jovens para pedir voto. Além de ser antiético é ilegal o uso das igrejas para fazer campanha eleitoral velada. Vendilhões do templo usam o nome de Deus em vão porque o governo Bolsonaro não tem o que apresentar e é um desastre em todos os aspectos. A vida dos brasileiros piorou, o preço dos alimentos disparou, o povo está endividado com os bancos e o atual presidente debochou da covid-19 levando milhares de pessoas à morte”, completa o sacerdote.  

Em setembro, Lula recebeu o apoio de dezenas de pastores, inclusive de igrejas pentecostais. O paranaense Paulo Marcelo Schallenberge, pastor e missionário que realiza cultos em diversas denominações e nome comum nos púlpitos da Assembleia de Deus, disse que as cúpulas que apoiam Bolsonaro querem é “poder” e influência no governo.

O caso de corrupção envolvendo o então ministro da Educação de Bolsonaro, Milton Ribeiro, preso por acusação de propina no MEC,casou escândalo no meio evangélico: propina em ouro e dinheiro vivo escondido em pneu. Esses são alguns dos elementos de denúncias de um suposto esquema de um “gabinete paralelo” em que pastores teriam cobrado propina pela liberação de verbas. O caso já resultou na queda e na prisão do ex-ministro.

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmém Lúcia disse na quarta-feira (5) que gravações apontam possibilidade “real e concreta” de envolvimento de Bolsonaro com pastores do MEC.

Poder e influência

Romualdo Panceiro, ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e considerado por muito tempo braço direito de Edir Macedo – atual líder da igreja evangélica Nações do Reino de Deus– esteve com o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última quarta-feira (5). O  bispo declarou seu apoio à candidatura do petista e ressaltou que o apoio de líderes evangélicos à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) é algo relacionado à ganhar “influência” no govermo.

“O que o pessoal quer? Poder, influência”, denuncia, destacando que estão em jogo verbas que o governo pode dar para favorecer emissoras, projetos, escolas e negócios.  

“Quem vota no Lula não é cristão? Essa coisa aí de ‘deixei de ser cristão porque estou apoiando Lula’, sabe o que é? É fanatismo. Não dependo da opinião de quem quer que seja para viver a minha fé", declara Panceiro.

Retaliação nas igrejas

Dirigentes de igrejas estão punindo pastores e quem detém função por votar em Lula. Segundo a imprensa, a Assembleia de Deus em São Paulo, liderada pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa decidiu na terça-feira (4), em reunião interna, que irá punir membros que defenderem "pautas de esquerda". O objetivo é impedir votos em Lula. No mesmo dia, um pouco antes Bolsonaro havia feito campanha na mesma igreja.

O constrangimento contra quem declara votar em Lula e a campanha velada à Bolsonaro ocorre em diversas denominações, sempre usando o nome de Deus e espalhando fake news de que, se o atual presidente perder a eleição, "as igrejas poderão fechadas" e a liberdade de pregar a Palavra de Deus "ameaçada".  Uma suposta "liberação do aborto e das drogas e da ideologia de gênero nas escolas" também assustam o rebanho, pautas que não estão no programa de governo de Lula.

“Quem não apoia Bolsonaro está sendo retaliado pelas cúpulas. Além de ser antiético é ilegal o uso das igrejas para fazer campanha eleitoral velada. Estão usando o nome de Deus em vão porque o governo Bolsonaro não tem o que apresentar ao povo e é um desastre em todos os aspectos. A vida dos brasileiros piorou, o preço dos alimentos disparou, o povo está endividado com os bancos e o atual presidente debochou das mortes pela covid-19 e fez campanha contra a vacina em suas lives”, acusa um pastor de outra denominação pentecostal que também pediu para não ter seu nome revelado, para não sofrer punições da direção de sua igreja.   

Liberdade de culto

De fato, em 14 anos de governo do PT cristãos nunca sofreram perseguição, apesar de fake news espalhadas pela campanha de Bolsonaro promoverem este tipo de terrorismo eleitoral. Outra prova da liberdade religiosa no Brasil durante o governo petista é que o pastor Silas Malafaia, que já apoiou Lula no passado e hoje é um dos mais radicais apoiadores de Bolsonaro, abriu 43 novas igrejas suas. 

 

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