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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Publicado: 04 Outubro, 2022 - 13h34 | Última modificação: 04 Outubro, 2022 - 13h38
Escrito por: RBA
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) elegeu nesse domingo (2) seis deputados, dois federais e quatro estaduais, e um suplente. Uma terceira vaga na Câmara Federal poderá ser obtida se a Justiça Eleitoral decidir em favor da admissibilidade da candidatura de João Daniel (PT-SE). A decisão ainda não foi proferida.
Ao todo, o movimento lançou 15 candidaturas próprias, que disputaram assentos no Congresso e em assembleias estaduais. (Leia mais sobre os eleitos no final da reportagem.)
Esta foi a primeira vez que o movimento lançou candidaturas coordenadas pela sua direção nacional. Para a coordenação do MST, não basta mudar só os poderes executivos. É preciso também promover a eleição de parlamentares comprometidos com a construção de um projeto popular para o país. E também de uma bancada diversa, que represente o povo, e que garanta uma base de governabilidade em um possível governo Lula, que chegou ao segundo turno com a maioria dos votos.
Integrante da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues conta que a decisão de lançar as candidaturas partiu da necessidade de fazer frente à grave conjuntura em que se encontra o Brasil nestes últimos anos. “Posso dizer que foi uma eleição muito dura. Depois de um golpe, uma eleição, saímos vitoriosos politicamente, mesmo que não tivemos as vitórias eleitorais que precisávamos.”
“O grande desafio agora é reeleger o presidente Lula com uma grande participação popular na votação e eleger Haddad em São Paulo, além de candidaturas que apoiamos em outros estados [que concorrem no segundo turno para governador]”, acrescenta João Paulo. Ele também integra a coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
Segundo ele, o MST segue comprometido com a luta pela reforma agrária popular, com a produção de alimentos saudáveis e com a luta pela classe trabalhadora agora ocupando também espaços institucionais importantes para o fortalecimento da luta que trava há mais de 30 anos.
Rosa Amorim (PT) – eleita deputada estadual em Pernambuco
A primeira sem-terra eleita na apuração de votos foi Rosa Amorim, eleita deputada estadual pelo PT em Pernambuco, com mais de 42 mil votos. A jovem que é militante do MST desde quando criança, quando “sem-terrinha”, foi o nome escolhido para representar o povo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Rosa nasceu no Assentamento Normandia, em Caruaru, agreste pernambucano, mas vive na capital, Recife, onde cursa Teatro pela UFPE. A jovem de 25 anos, negra e lésbica, será a primeira sem-terra a ocupar uma das 49 cadeiras da Alepe. Ela também é a candidata mais jovem do MST disputando as eleições.
Missias do MST (PT) – deputado estadual no Ceará
Assentado da reforma agrária, administrador e agricultor, com 29 anos de história no MST, Missias do MST foi eleito para a Assembleia Legislativa do Ceará com mais de 43 mil votos. Manoel Missias Bezerra, seu nome completo, tem entre suas propostas fortalecer a agricultura familiar camponesa, o cooperativismo e as agroindústrias, além do desenvolvimento de um Plano Estadual de Adaptação Climática e de Combate à Desertificação, políticas para energias renováveis e habitação popular.
Valmir Assunção (PT) – eleito deputado federal pela Bahia
Filho de agricultores familiares, Valmir Assunção nasceu no povoado de Nova Alegria, em Itamaraju, e iniciou sua militância ainda na juventude, na Igreja Católica. De família humilde, negro e sem-terra, o deputado reeleito com mais de 90 mil votos participou das primeiras lutas do MST no estado, contribuindo no trabalho de base, organização das famílias e ocupação de latifúndios.
Marina do MST (PT) – deputada estadual no Rio
Com mais de 46 mil votos, Marina do MST terá mandato formado por um arco de movimentos populares em defesa da alimentação saudável para matar a fome, dos direitos sociais para quem mais precisa, da democracia e pelas Mulheres. Paranaense de família mineira, se mudou para o Rio de Janeiro em 1996 para ajudar a fundar o MST. “Sou filha e parteira do MST e esta conquista expressa os quase 40 anos de acúmulo das lutas que nosso movimento tem. Vamos cumprir com muita responsabilidade a condução desse legado”, disse.
Marcon (PT) – deputado federal pelo Rio Grande do Sul
Reeleito com mais de 122 mil votos, Marcon do PT é agricultor assentado da reforma agrária. Iniciou sua trajetória política em 1987 como membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e na igreja católica. Foi acampado por quatro anos, integrou a direção do MST e está desde 1994 no Assentamento Capela, no município de Nova Santa Rita, onde mora até hoje, e participa da Coopan, uma das maiores produtoras de arroz orgânico da América Latina. Em 1998, foi eleito deputado estadual e cumpriu três mandatos até 2010, quando foi eleito pela primeira vez a deputado federal. Já apresentou mais de 180 projetos, além de implementar o Orçamento Participativo nas emendas parlamentares.
Adão Pretto (PT) – deputado estadual no Rio Grande do Sul
Eleito com mais de 64 mil votos, Adão é gestor público e ex-vereador de Viamão. É filho do ex-deputado estadual e federal Adão Pretto e chegou a ser candidato a vice-prefeito, representando um dos maiores movimentos populares da região, apoiado pelo MST e pelos movimentos do campo e da cidade. Adão se elege comprometido com a luta da agricultura familiar, pelo fortalecimento do SUS, pelo fim da violência contra as mulheres, ao lado da juventude, da classe estudantil, trabalhando para construir mais empregos, renda, moradia e educação.