Quinta, 22 Setembro 2022 11:27
PROMESSA NÃO CUMPRIDA

Bolsonaro não corrigiu tabela de IR reduzindo salários e PLR dos trabalhadores

Atual presidente havia prometido fazer correção, mas não cumpriu, prejudicando trabalhadores
A promessa prometida mas não cumprida nas eleições de 2018 de corrigir a tabela do IR por Bolsonaro levou trabalhadores de classe média a receber valor líquido menor nos salários e na PLR A promessa prometida mas não cumprida nas eleições de 2018 de corrigir a tabela do IR por Bolsonaro levou trabalhadores de classe média a receber valor líquido menor nos salários e na PLR

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

 

Os bancários ficaram indignados com o desconto retido na fonte pelo Imposto de Renda (IR) sobre seus salários e sobre a primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) recebida neste mês de setembro.

“A fatia maior corroída pelo 'leão' é fruto da injusta política tributária brasileira e pelo fato de o governo Jair Bolsonaro (PL) não ter feito a devida correção da tabela do IR”, explica o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira. O sindicalista considera o modelo tributário brasileiro injusto, pois enquanto o trabalhador paga muito imposto, donos de bancos e empresas e grandes acionistas chegam a ganhar bilhões em lucros e dividendos e não pagam nada de imposto.

Bolsonaro não corrigiu a tabela do IR, mas optou por zerar o imposto de importação de jet sky, beneficiando uma parcela ínfima da sociedade.

Trabalhador paga mais IR

O atual presidente havia prometido fazer a correção, mas não cumpriu o compromisso que assumiu com os eleitores.  Como a tabela não foi atualizada e com a elevação da PLR e salários alguns trabalhadores subiram de faixa de tributação, o que levou muitos bancários e bancárias a descontar mais no IR.

“Desde 2015 não há correção da tabela do IR. Então, a cada ano, aumenta o número de trabalhadores que contribuem e pagam cada vez mais IR”, disse o economista Gustavo Cavarzan, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em entrevista ao site da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). .

“É um absurdo a gente lutar para arrancar dos bancos o reajuste nos salários e vermos o que conquistamos ir para os cofres do governo devido à falta de reajuste nos valores das faixas de tributação”, criticou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira.

“Em 2018, na campanha eleitoral passada, o atual candidato à reeleição à presidência da República Jair Bolsonaro havia prometido reajustar a tabela do IR. Não corrigiu. Assim como também havia prometido isentar quem ganhasse até R$ 5 mil. Também não cumpriu esta promessa”, completou.

Dilma aumentou insenção

A falta de correção da tabela do IR também corrói os valores da PLR dos trabalhadores. Mas, desde 2013, existe uma tabela com faixa de valores diferenciada para esse ganho. A taxação da PLR começa para quem recebe a partir de R$ 6.677,56. A de rendimentos mensais começa a partir de R$ 1.903,99. Antes, a tributação da PLR seguia a mesma tabela da tributação mensal dos salários. Em 2013, a então presidenta Dilma Rousseff (PT) aumentou o valor de isenção da PLR para R$ 6 mil e criou uma tabela exclusiva para PLR, com descontos muito menores para os trabalhadores.

Mais IR: confira o exemplo

Por exemplo, um trabalhador que ganhava R$ 4 mil antes do reajuste de 8% nos salários, obtido na Campanha Nacional deste ano, pagava R$ 396,18 de INSS e se enquadrava na faixa de desconto de IR de 15%. Após o reajuste de 8% o salário passou a R$ 4.320,00. O desconto do INSS passou a R$ 440,98 e o trabalhador mudou para a faixa de desconto de IR de 22,5%.

Cálculos do Dieese apontam que quem tem salário bruto de R$ 5 mil, caso a tabela tivesse sido corrigida pelo IPCA acumulado de 2015 até 2022, teria, no ano, R$ 3.175,42 a menos de tributação em seus salários. 

 

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