Segunda, 19 Setembro 2022 19:11
O VOTO TEM CONSEQUÊNCIAS

Eleições 2022 serão fundamentais para impedir a privatização dos bancos públicos

Venda do Banerj e Banespa mostrou que privatizar resulta em demissões e no fim do papel social das instituições. Paulo Guedes fala em privatizar Petrobras, BB e ‘o que mais tiver na fila’. Lula defende bancos públicos

A história já mostrou, no final do anos 90, que a privatização de bancos públicos, como ocorreu com as instituições estaduais, como Banerj e Banespa, é trágica para os bancários e muito ruim para a sociedade. O resultado foi a demissão em massa de trabalhadores e muitos tiveram que se virar para sobreviver, virando motorista de táxi ou arriscando micro negócios comerciais que muitas vezes não deram certo num país de economia tão instável.

Voto definirá futuro

As eleições presidenciais e para o Congresso Nacional deste ano serão decisivas em relação aos bancos públicos federais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Finep. De um lado o projeto de “privatizar tudo” do ministro da Economia do governo Bolsonaro (PL), Paulo Guedes, e do outro, a proposta de Lula de fortalecer e recuperar o papel social das instituições públicas e estatais. A Petrobras também está na mira do atual governo e a Eletrobras já foi privatizada.
"Qual o plano para os próximos dez anos? Continuar com as privatizações. Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila”, disse Guedes à imprensa, em setembro do ano passado.
O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira, que é empregado da Caixa, criticou a posição do governo Bolsonaro.
“O Brasil precisa recuperar o desenvolvimento econômico e social para gerar empregos de qualidade e renda e isso passa pelo fortalecimento dos bancos públicos”, disse, lembrando da importância da Caixa no pagamento do auxílio emergencial e programas sociais para a população mais vulnerável durante a pandemia. A Caixa também sofre os ataques através do fatiamento da estatal e o governo anunciando a venda de subsidiárias lucrativas, como a Caixa Seguridade.

Redução de salários

A diretora do Sindicato e representante da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Rita Mota, lembra dos efeitos nocivos do receituário neoliberal para a categoria, com perdas de comissionamentos e redução de salários.
“A partir do golpe de 2016, o BB fez uma reestruturação que o funcionalismo e os sindicatos só ficaram sabendo através da grande mídia. O então presidente Michel Temer havia dito que o BB tinha funcionários comissionados em excesso e mais de 800 gerentes gerais sofreram com descomissionamento e redução de salários”, destacou. Nos últimos cinco anos, o banco fechou 1.400 agências e reduziu 23 mil funcionários. Há ainda a entrega de subsidiárias importantes para outras empresas do mercado, como o caso da BB DTVM, com R$ 1,4 trilhão no mercado financeiro entregue ao banco suíço UBS, sob o manto de ‘parceria’.
“Temos que entender que, com a eleição, vamos definir também quem será o nosso patrão”, acrescentou Rita.
Além de perda de empregos, privatizar bancos públicos vai resultar em desmonte dos atuais sistemas de saúde e dos fundos de previdência dos trabalhadores destas instituições.

Nações desenvolvidas reestatizam empresas privatizadas

Enquanto no Brasil o atual governo só fala em priv atizar, como fez com a Eletrobras e tenta ainda os Correios e Paulo Guedes fala “em vender tudo”, na Europa, as nações mais desenvolvidas estão reestatizando as empresas públicas que foram vendidas. Mais de 800 empresas privatizadas nas décadas de 1980 e 1990 estão se tornando públicas novamente. Só na Alemanha, a maior economia da Europa, dos 348 serviços que voltaram das mãos privadas para a estatal nas décadas de 2000 e 2010, 284 envolviam abastecimento de eletricidade, gás ou aquecimento. 
Os números são da respeitada TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade sediado na Holanda.
Os motivos para reestatizar são diversos, mas convergem quase sempre para a má qualidade dos serviços prestados pela inciativa privada e o aumento dos preços pagos pelos consumidores. O Brasil está na contramão da história.

 

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