Segunda, 19 Setembro 2022 19:10

Por uma bancada de trabalhadores e trabalhadoras forte no Congresso Nacional

A categoria bancária acaba de passar por uma dura e vitoriosa Campanha Nacional. Conseguimos manter uma série de direitos e garantir reajuste salarial pelo INPC mais 0,5% a partir de 2023. Mais uma vez bancários e bancárias demonstraram capacidade de luta e maturidade para compreender o delicado contexto político, econômico e social que o país está vivendo. Extraímos o máximo possível em uma conjuntura adversa aos trabalhadores, que vêm enfrentando grandes perdas de direitos desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff.
Encerrada mais essa etapa da luta por direitos específicos, a categoria está em condições de perceber também os desafios mais amplos colocados pelas eleições que se aproximam. A escolha do próximo presidente e a composição do Senado e da Câmara Federal determinarão nosso futuro.
Além da representação partidária, o Congresso Nacional é formado por bancadas temáticas. Existem cerca de 12 bancadas organizadas em torno de temas de interesse nas casas legislativas.
Apesar de terem perdido poder desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) fixou a regra da fidelidade partidária, concedendo aos partidos o direito de exigir que o parlamentar acompanhe a orientação de voto dada pela legenda, essas bancadas suprapartidárias ainda exercem grande influência na agenda do Poder Legislativo.
As bancadas com maior influência estão organizadas para fazer lobby para grupos poderosos. A da segurança pública é um exemplo claro desse filme de terror realista. Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), na legislatura iniciada em 2019, os defensores do armamento da população, representantes dos interesses da indústria armamentista, passaram de 35 para 61 deputados federais.
Por outro lado, a bancada sindical sofreu uma drástica redução. Passou de 51 para 33 deputados. Em 2014, essa redução já havia sido significativa, com a perda de 32 parlamentares. O Congresso eleito em 2018 seguiu essa tendência, ficando ainda mais conservador.
Uma iniciativa da atual legislatura que ameaça constantemente a categoria bancária é o Projeto de Lei 1043/2019. A proposta de autoria do deputado David Soares (DEM/SP), que prevê a abertura de agências bancárias aos sábados e domingos, está na Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara Federal à espera de votação. Ela representa um grande retrocesso para a categoria e só não avançou ainda graças aos sucessivos adiamentos conseguidos pelo movimento sindical bancário.
A classe trabalhadora compõe a maioria do eleitorado brasileiro, mas não consegue se fazer representar no Congresso Nacional na mesma proporção. Para mudarmos esse quadro, é fundamental elegermos candidatos (as) a deputado (a) e a senador (a) comprometidos com nossas pautas.
Os bancários e bancárias do Rio de Janeiro têm diversas opções de candidatos que poderão representar os interesses da categoria e dos (as) trabalhadores (as) em geral. É possível identificar nossos representantes, conhecendo um pouco da trajetória e da filiação partidária dos postulantes aos parlamentos estadual e federal. Assim, podemos verificar aqueles que têm atuado na destruição dos nossos direitos e os que têm resistido, lutando para mantê-los e ampliá-los.
Depois de ganharmos o jogo em nossa Campanha Salarial, precisamos, agora, virar o jogo no Congresso Nacional, ampliando significativamente a bancada dos trabalhadores e trabalhadoras.

José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários Rio

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