Quarta, 14 Setembro 2022 15:37

Crianças são as maiores vítimas do aumento da fome no governo Bolsonaro

Situação da falta de comida afeta mais de 37% dos lares com crianças de até 10 anos de idade. Bolsonaro corta verba da merenda escolar e agrava situação
DÁ PARA MUDAR - O Brasil, segundo maior produtor e exportador de alimentos do mundo, tem mais de 33 milhões sem ter o que comer, mais que toda a população da Venezuela. As crianças são as mais atingidas pela desigualdade social DÁ PARA MUDAR - O Brasil, segundo maior produtor e exportador de alimentos do mundo, tem mais de 33 milhões sem ter o que comer, mais que toda a população da Venezuela. As crianças são as mais atingidas pela desigualdade social

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Em 37,8% dos lares com crianças de até 10 anos, há fome ou redução da quantidade de alimentos. Na média geral dos domicílios no país, esse percentual é de 30,7%. A informação foi publicada pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (14). As estatísticas fazem parte de pesquisa da Rede Penssan, que reúne entidades como Ação da Cidadania, Oxfam, Vox Populi e Actionaid, e se dedica ao estudo da fome no país.

Segundo relatos de pessoas entrevistadas, o dinheiro do Bolsa Família, que o presidente Bolsonaro chamou a chamar de Auxílio Brasil, só dá para uma semana, segundo uma mãe de quatro filhos. O governo queria pagar R$200, mas a oposição conseguiu elevar, no Congresso Nacional, para R$600.  

A pesquisa, feita em 12.745 domicílios, mostrou ainda que existem vários “brasis”, em função da desigualdade regional.  No Maranhão, terra controlada politicamente há décadas pela família Sarney, são 63,3% das casas com crianças nessa condição, enquanto que no Espírito Santo o índice é muito menor: 13,9%.

“Fato é que o governo Bolsonaro aumentou ainda mais a miséria levando pelo menos mais 15 milhões de pessoas sem ter a garantia ao direito de se alimentar todos os dias, somando mais de 33 milhões de brasileiros nesta situação, onde as crianças, em fase de desenvolvimento, são as que mais sofrem. Antes de votar é preciso pensar que Brasil este governo está deixando para o povo, que vive uma situação muito pior após quase quatro anos deste governo”, criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco.

Mesmo com o auxílio Brasil, a pobreza aumentou e nem todos em situação vulnerável terão acesso ao benefício. Carestia, explosão nos preços dos alimentos e endividamento das famílias pioram ainda mais a situação da população mais vulnerável. Um em cada quatro brasileiros não consegue pagar as contas e 16% vendem bens para quitar suas dívidas com despesas cotidianas para sobreviver. 

“Os juros cobrados pelos bancos no Brasil são os maiores do mundo e endividam trabalhadores e pequenas e médias empresas, inviabilizando o crescimento econômico. Ninguém aguenta mais os abusos do sistema financeiro nacional, que não pode continuar mandando no Banco Central com essa chamada ‘autonomia’ que é somente para os interesses dos banqueiros”, acrescentou Kátia.

Em todo o país, quase 20 milhões de pessoas estão em situação de pobreza, somente nas regiões metropolitanas. 

Menos dinheiro para merenda

O governo Bolsonaro traz outro fato que revela o descaso das elites brasileiras com o país. A pesquisa revelou também cortes no orçamento da União reduziram significativamente os recursos para merenda escolar, que estão congelados desde 2017, com a inflação dos alimentos ultrapassando 43% desde o início da pandemia em 2020.

“Bolsonaro, desesperado com a derrota iminente, aprovou um pacote de medidas para tentar frear a sua impopularidade, mas as pesquisas de intenção de votos mostram que não foram suficientes para impedir que o povo eleja um governo compromissado com os trabalhadores e especialmente as crianças e os mais pobres”, destacou Kátia. A sindicalista lembra que o governo Lula havia tirado o Brasil do mapa da fome e, na época alimentação escolar e agricultura familiar tiveram papel importante no êxito das gestões petistas.

O presidente Jair Bolsonaro vetou o reajuste de 34% nos recursos repassados para merenda escolar, incluído pelo Congresso no Orçamento, em meados do mês passado.

“A fome atinge mais as casas nas quais a mulher é a responsável pelo sustento da família com crianças. Não é por acaso que o voto contra este governo cresce cada vez mais, especialmente entre as mulheres e os jovens”, conclui Kátia.

A informalidade também é um fator que aumenta a fome no país|: a pesquisa mostra que não ter o que comer todos os dias ameaça 44,7% dos lares onde o responsável é um trabalhador informal ou alguém que está desempregado. Nos lares onde o trabalho é formal, esse percentual cai, mas ainda é alto: 16,7%.

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