Dia 5 de setembro é o dia da Amazônia. O mês anterior, agosto, registrou, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mais de 3,5 mil focos de queimada na floresta, o que representa o maior valor para o mês desde 2002.
Não é de hoje que a Amazônia registra níveis recorde de desmatamento e queimadas, que se sucedem absurdamente nos últimos anos. O cientista Carlos Nobre, autor do projeto Amazônia 4.0, já há muito tempo destaca que o aumento do desmatamento pode levar à savanização da Amazônia, chegando a um ponto de não recuperação da floresta.
Várias iniciativas têm se desenvolvido na região no sentido de tornar as atividades produtivas na Amazônia mais virtuosas, usando seus ativos para indústrias de alimentos, cosméticos e medicamentos, além de toda arte e artesanato e conhecimento de seus povos. E o mercado de carbono voluntário se mostra promissor também para manter a floresta em pé.
A bioeconomia é um setor que pode colocar o Brasil na vanguarda ambiental, dada toda a sua biodiversidade e o conhecimento dos povos ancestrais. Mas, para se desenvolver em sua plenitude, além de investimento, PD&I (pesquisa, inovação e desenvolvimento) e uma geração de empreendedores dispostos a apostar nessa nova economia, é preciso estancar o desmatamento da floresta.
Vem da Amazônia, por exemplo, o jaborandi, do qual é extraída a pilocarpina, utilizada na produção de medicamentos voltados ao tratamento de glaucoma e também para a falta de saliva ocasionada pelo uso de medicação controlada e por radioterapia.
Da floresta vem também a sabedoria dos povos originários, que produziu o tucupi, extraído da mandioca. E também a pimenta Baniwa, o cogumelo Yanonami Sanöma e tantos outros sabores.
Produtos da bioeconomia
O programa Amazônia em Casa, Floresta em Pé é uma das iniciativas que apoia os negócios que produzem gerando impactos positivos para a floresta e para as pessoas que lá vivem. Coordenado pelo Idesam, pela AMAZ aceleradora de impacto e pela Climate Ventures, seu propósito é abrir novos mercados para os produtos da sociobiodiversidade amazônica.
Iniciado em 2020, em plena pandemia, com o objetivo de ajudar empreendedores a escoar e comercializar sua produção, vem crescendo e ajudando a trazer soluções para um dos grandes gargalos para a comercialização de produtos amazônicos: a logística e o transporte.
O programa torna possível comprar online uma grande quantidade de produtos de marcas amazônicas que geram impactos positivos para a floresta. A lista inclui cada vez mais marcas e produtos inovadores. Tucupis, geleias, pimentas, molhos, óleos, guaranás, café, café de açaí, chocolates, cachaça de jambu, biocosméticos, biojóias, arte e artesanato são alguns deles.
O Amazônia em Casa, Floresta em Pé já conta hoje com 34 marcas, e a tendência é que esse movimento se expanda com o engajamento de consumidores preocupados em manter a floresta viva, contribuindo com o consumo desses produtos. O grupo participou este ano da NaturalTech, maior feira de produtos naturais da América Latina.
Para quem vive na capital paulista, por exemplo, é possível conhecer alguns desses produtos de perto no Instituto Chão, que terá uma gôndola especial só com eles em setembro, considerado o mês da Amazônia.
E o Mercado Livre, parceiro do Amazônia em Casa, Floresta em Pé, traz também a iniciativa Biomas a um clique, que, além de produtos sustentáveis da Amazônia, oferece também itens da Caatinga, do Cerrado e da Mata Atlântica.
Além de escolher bem os nossos governantes para garantir o futuro da floresta, o consumo dessas marcas da bioeconomia amazônica e seus produtos também contribui para seu fortalecimento, de modo a ampliar alcance, visibilidade e inspiração para que surjam cada vez mais marcas comprometidas em gerar impacto positivo para a floresta e seus povos.
*Mônica Ribeiro é jornalista, antropóloga e consultora de comunicação da AMAZ aceleradora de impacto.