Quarta, 24 Agosto 2022 21:10

Bancos querem reduzir direitos e só voltarão a discutir PLR em nova rodada nesta quinta-feira

Comando Nacional na mesa de negociação com a Fenaban Comando Nacional na mesa de negociação com a Fenaban

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Os representantes da Federação Nacional dos Bancos, ao retornarem à mesa de negociação nesta quarta-feira (24/8) disseram que somente voltariam a discutir PLR (participação nos lucros e resultados) nesta quinta-feira à tarde, após consulta aos bancos. A negociação havia sido interrompida mais cedo, quando o Comando Nacional dos Bancários rechaçou uma proposta rebaixada de pagamento da verba, com os representantes da Fenaban pedindo um tempo para a resposta.

Pela proposta a PLR seria mais baixa que a do ano passado, sendo dela compensados os programas próprios na parcela adicional e reduzido o percentual distribuído. “Reafirmamos nossa proposta contida na pauta de reivindicações. E esperamos que na quinta-feira os bancos apresentem uma proposição que valorize os bancários, responsáveis pelo lucro recorde que o sistema financeiro vem tendo ano a ano”, afirmou José Ferreira, presidente do Sindicato e membro do Comando Nacional.

Ferreira explicou que a Fenaban chegou a apresentar uma proposta de aumentar o teto da PLR em 6,73%, mas com um raciocínio sem qualquer embasamento técnico: teria chegado a este percentual retirando a inflação dos alimentos do cálculo do índice geral da inflação. A primeira proposta era de correção do teto em 6,22%.

Entenda melhor

Os bancos começaram a reunião propondo manter o texto da clausula sobre PLR da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) atual, com correção de apenas 6,22% sobre o valor do teto. Com a proposta apresentada pelos bancos, nos três maiores bancos privados do país (Bradesco, Itaú e Santander) o percentual de distribuição na regra básica cairia de 4,97% do lucro distribuído em 2021 para 4,89% neste ano. Na parcela adicional a redução seria de 1,69% para 1,63%.

Após recusa do Comando e pausa na reunião, os bancos voltaram e apresentaram uma correção no teto de 6,73%. Com a nova proposta apresentada pelos bancos, o percentual distribuído nos três maiores bancos privados do país cairia de 4,97% do lucro distribuído em 2021 para 4,85% neste ano na regra básica. Na parcela adicional a redução seria de 1,69% para 1,64%.

“Em 1995, os bancos já chegaram a distribuir, em média, 14% dos lucros a título de PLR. No ano passado caiu para 6,6% e agora querem reduzir ainda mais! É um absurdo!”, criticou a presidenta da Federação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, ao observar que, no ano passado, foram distribuídos, em média, 45% dos lucros em dividendos aos acionistas.

Assembleias em todos os estados

Sindicatos da categoria de todo o país vão realizar assembleias na sexta-feira (26) para que os bancários analisem a proposta da Fenaban e autorize o estado de assembleia permanente. “Com uma proposta de reajuste sem aumento real, com reajuste do vale alimentação apenas pela inflação geral, sem considerar a inflação dos alimentos, e uma PLR rebaixada, os bancos jogam a categoria para a greve”, concluiu Juvandia.

 

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